Casey Bloys, o rosto da programação Max e o responsável por vermos cada episódio em estreia semanal...
Casey Bloys, o rosto da programação Max e o responsável por vermos cada episódio em estreia semanal...Dimitrios Kambouris / Getty Images via AFP

Casey Bloys, o chefe disto tudo

Numa altura em que 'House of The Dragon' Temporada 2 está prestes a estrear-se na MAX, o patrão dos conteúdos HBO, Casey Bloys, falou em exclusivo com o DN. O todo-o-poderoso das séries revela o entusiasmo nesta fase nova da plataforma e afirma que a experiência dos Jogos Olímpicos via 'streaming' será revolucionária.
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É o homem dos recordes de audiência da HBO, agora Max. Casey Bloys, chairman e CEO deste gigante do streaming é o homem responsável por todo o conteúdo que dali sai, o que é o mesmo que dizer de sucessos como The Last of Us, Euphoria e White Lotus. Agora espera todas as semanas, a partir de dia 17, fazer parar o mundo com a segunda temporada de House of the Dragon. Um dos moguls mais poderosos da indústria revelou-se de uma acessibilidade desarmante nesta conversa com o DN.

Que tipo de impacto socio-cultural esta nova temporada de House of The Dragon pode ter?
Ficámos muito, muito contentes com a primeira temporada. E olhe que era difícil suceder ao fenómeno de cultura pop que era Game of Thrones... Não tínhamos certezas como poderia resultar mas ficámos radiantes. Estou também encantado com a segunda temporada e já percebemos o que resulta e aquilo que não resulta. Era mais difícil arrancar com a primeira temporada.

E continua a ser um animal diferente de Game of Thrones, não acha?
Sim, mesmo quando inevitavelmente todos façam a comparação. Mas House of The Dragon já tem a sua personalidade própria.

Cada vez há menos gente a ver televisão linear, porque razão há esse desejo do consumidor em pagar os serviços streaming?
Creio que a Netflix ajudou quando chegou, sobretudo devido ao seu sistema de navegação. Pelo menos nos EUA, se comparássemos pela forma como as operadoras de cabo punham os seus serviços, nomeadamente video-on-demand, não era mesmo prático. Quando a Netflix chegou tudo ficou mais fácil e intuitivo. Não havia dificuldades em cancelar ou em registar e ninguém tinha de levar com anúncios. Enfim, a experiência para quem consumia era melhor. Neste momento, há muita agitação na indústria do streaming, mas no início a Netflix soube organizar muito bem o seu conteúdo e foi isso que causou esta grande disrupção.

Tem muito poder sobre os seus ombros. Alguma vez acusou esse fardo da responsabilidade?
Tento ter tempo para tomar decisões – o pior que um líder pode fazer é tomar decisões precipitadas. Sou daqueles que gostam de pensar muito nas coisas e também aprecio falar com a minha equipa, mesmo quando a dada altura temos mesmo que tomar uma posição. Depois de decidir, temos de ser firmes, não podemos vacilar. A dada altura, o nosso consolo é julgar que demos o melhor, não obstante algumas vezes estarmos enganados.

Mas as séries em que tem apostado têm sido de sucesso. Acredito que essas apostas ganhas devam provocar um grande entusiasmo...
Trabalho com criadores, atores e cineastas durante anos e, depois, quando vemos o sucesso, torna-se gratificante. Por exemplo, com este House of The Dragon 2 passámos dois anos de volta de todos os detalhes e creio que as pessoas vão adorar.

Sei que os números de audiências são importantes mas na Max a questão dos prémios é importante? Pergunto isso pois nos Emmys e Golden Globes costumam ter muita bonança...
Uma coisa é certa: nenhuma série nossa é criada apenas para vencer prémios, mas o reconhecimento é bom. Queremos ser reconhecidos pela nossa alta qualidade. Para mim, teve muito significado o facto de House of The Dragon ter vencido melhor drama nos Golden Globes.

Depois de House of The Dragon T2, Penguin, com Colin Farrell é a série que a Max joga muitas das suas fichas.

Tem alguma ideia sobre o potencial do mercado português?
Não o suficiente para poder ter alguma opinião consubstanciada. Mas é claro que quando apostamos em séries como House of The Dragon ou Penguin sabemos que têm uma pegada global. Porém, sei da importância das séries locais. Sobretudo na comédia julgo que esses produtos de cada território são importantes. Nem sempre o humor é tão universal.

Têm evitado a aposta em filmes de ficção diretos para a plataforma. Obras como Kimi ou Let Them Talk, de Soderbergh, não tiveram o buzz pretendido, é isso?
Falo com os meus colegas da Warner e explico-lhes que filmes como Dune, Wonka ou Godzilla vs Kong funcionam tão bem que não são necessários os outros filmes originais. Esses exemplos que referiu não fizeram qualquer sentido para nós. Os filmes da Warner estão a resultar tão bem!

E confirma-se que vão apostar em mais produção de concursos ou apresentações de galas?
Sim! A Max já tem muito conteúdo de life style e reality tv. E agora na Europa vamos ter as olimpíadas. Mas há um espaço para especiais também.

Com os Jogos Olímpicos até estão a criar uma app que possibilita que o pública veja em direto o que quer de todas as modalidades.
É revolucionário. Será incrível. Espero que estejamos a fazer História!

E sente que as séries HBO Max têm uma vibração diferente das da concorrência? Não é que seja uma fórmula mas há qualquer coisa que quase tem assinatura.
Quando me perguntam qual é o nosso maior competidor costumo responder que é a nossa pressão interna para fazermos melhor ou ao mesmo nível do que temos feito. E essa exigência tem sido vantajosa. Mas nem sempre conseguimos com todas as séries chegar à excelência...

O Baby Reindeer, da Netflix, podia estar na Max?
Claro! Acho uma série sensacional! Mas também já tivemos sucessos com autores-atores, como a Lena Dunham com Girls... Sabe porque é que Baby Reindeer é tão bom? Vem mesmo da experiência de vida do seu autor!

Em Paris

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