Entre os grandes papéis do repertório clássico prefere o Marcello, de La Bohème, e o Rodrigo, de Don Carlos. Quem o diz ao DN é o vencedor da 1.ª edição do concurso de canto lírico Cascais Ópera, que teve a sua final este domingo, no Teatro Nacional de São Carlos.Nascido na Coreia do Sul em 1994, o barítono Hae Kang começa por nos dizer que é “uma grande honra receber o grande prémio de uma competição desta escala, em Portugal”..“Foi uma experiência muito feliz cantar com uma orquestra num lugar tão emblemático como o Teatro de São Carlos, sobretudo para alguém como eu, que há não muito tempo tinha medo de subir ao palco e de cantar em público.” Para o jovem vencedor, este feito tem pois um duplo valor: o de premiar o seu valor artístico, mas “também os esforços que tenho feito para me sentir à vontade em palco. É um grande estímulo.”De si, Hae Kang diz-nos ainda que sempre gostou de cantar, em vários géneros musicais, mas “o facto de o pai ser um entusiasta de ópera, e ouvir muito em casa, influenciou bastante”. “Ele próprio encorajou-me muito quando percebeu que eu queria seguir por aí.”Da final de domingo, resultaram ainda outros vencedores. Em 2.º lugar ficou o holandês Jan Wouters e em 3.º a ucraniana Anna Erokhina. O Prémio Tereza Berganza para a Melhor Voz Feminina foi atribuído à soprano portuguesa Sílvia Sequeira, enquanto o Prémio Maurício Bensaúde para a Melhor Voz Masculina coube a Byeomong Min Gil, baixo-barítono sul-coreano. A arménia Iana Aivazian foi ainda a vencedora na categoria de Melhor Cantor com Menos de 25 Anos..Na foto Silvia Sequeira vencedora do prémios de voz feminina na final do Cascais Ópera. Paulo Alexandrino/Global Imagens.Recorde-se que este concurso reuniu 47 candidatos, oriundos de 18 países diferentes. Coube a um júri composto por cantores líricos e diretores de algumas das grandes casas de ópera europeias - Óperas Estaduais de Viena e Munique, Teatro Nacional de São Carlos e a Ópera Nacional da Sérvia - escolher os oito concorrentes que atuaram na final, onde foram acompanhados pela Orquestra Sinfónica Portuguesa, sob a direção do maestro Tom Woods.Outro momento alto desta 1.ª edição do Cascais Ópera teve lugar na passada 5ª feira, no Casino do Estoril, com a gala Uma Carmen para Berganza. A ópera de Georges Bizet e a figura da mezzo-soprano espanhola Teresa de Berganza foram evocadas num recital interpretado por Cátia Morezo (Carmen), Luís Gomes (Don José), Sergei Leiferkus (Escamillo) e Carla Caramujo (Micaela), acompanhados pela Orquestra Sinfónica de Cascais, dirigida pelo maestro Nikolay Lalov, e pelo Coro Participativo Cascais Ópera a cargo do maestro Francisco Pinheiro..Byeongmin Gil vencedor do prémio de voz masculina na Final do Cascais Opera no Teatro Nacional de São Carlos.Paulo Alexandrino/Global Imagens.O porquê da escolha de Carmen para fazer esta homenagem foi explicada ao DN, em outubro último, pelo diretor artístico do Cascais Ópera, o pianista Adriano Jordão: “A Teresa de Berganza foi A Grande Carmen e chegou a escrever uma carta, a que tive acesso, em que explicava o que pensava sobre a personagem, irritando-se muito com o facto de ela ser tratada quase como uma prostituta. Ela achava que a Carmen é uma mulher libertada. A minha ideia é pegar nesse conceito e desvulgarizar a Carmen.”Os espectadores que estiveram no São Carlos este domingo, assistindo à final do Cascais Ópera, puderam ver uma seleção de figurinos de cena usados por Teresa de Berganza ao longo da sua carreira. Alguns deles já tinham sido expostos no ano passado, no Teatro Real de Madrid, e têm as assinaturas de grandes nomes da moda internacional como Balenciaga, Pierre Cardin, Elio Berhanyer, Inés Higuera e Loris Azzaro.