Portugal vai levar à Bienal de Veneza de Arquitetura, que decorre de 10 de maio a 23 de novembro na cidade italiana, o projeto Paraíso, hoje., dedicado à relação da arquitetura com o território. O projeto, com curadoria de Paula Melâneo, Pedro Bandeira e Luca Martinucci, irá representar Portugal na 19.ª Exposição Internacional de Arquitetura, com o tema Intelligens. Natural. Artificial, com curadoria de Carlo Ratti. Paraíso, hoje. foi a proposta escolhida entre 31 candidaturas e pretende pensar a arquitetura e a sua relação com o território e o ambiente. A inauguração da Bienal de Veneza está marcada para o dia 8 de maio e o projeto português foi apresentado esta terça-feira no Palácio Nacional da Ajuda, com a presença da Ministra da Cultura, Dalila Rodrigues.“O tema celebra a arquitetura e a relação da arquitetura com o território, a paisagem. Penso que Portugal não pode estar melhor representado quando o tema geral admite a tecnologia, a inteligência, o artificial. A equipa de curadores responde de uma forma muitíssimo interessante à chamada geral, mostrando a paisagem portuguesa, a sua diversidade, mas também o papel da arquitetura na construção de uma paisagem cultural”, afirma a ministra aos jornalistas, acrescentando ainda que orçamento do projeto foi cerca de 425 mil euros e conta com vários parceiros, incluindo o Turismo Portugal. O projeto português integra dois eixos de reflexão: uma instalação e um atlas de imagens. A instalação, que já se encontra na cidade italiana, é um ambiente físico e digital interativo que inclui vídeos de paisagens portuguesas de Nuno Cera e uma paisagem sonora composta por Jorge Queijo. “Tem esta ideia de teatro, entramos no paraíso e depois à volta temos um backstage, ou seja, podemos observar o outro lado. Há sempre um outro lado em tudo”, disse Paula Melâneo ao DN . O atlas irá mostrar mais de 700 imagens que pretendem dar a conhecer diferentes intervenções de arquitetura com as temáticas da experiência, regeneração, ócio, redes, retorno, cultivo, simulacro e ficção. Paula Melâneo explica que foi feita uma pesquisa inicial com arquitetos e fotógrafos, sendo depois aberta uma open call , em janeiro, que recebeu centenas de propostas e das quais foram escolhidas 36 imagens. “Nós contactámos os fotógrafos, que sabemos que já teriam feito trabalhos nesta direção, e dentro dos arquivos do trabalho deles, selecionamos aquele que podia ser mais próximo do que era a nossa pesquisa”, acrescenta Luca Martinucci. O projeto irá estar no pavilhão Fondaco Marcello, sendo o terceiro ano da representação neste espaço. “Foi importante para nós, porque os anos anteriores tinham sido palácios, eram espaços cheios de informação, não se podia fazer muitas coisas. Aqui tínhamos um armazém vazio e até bastante bonito, com umas traves de madeira, isso também nos permitiu ocupar o espaço de uma maneira mais arquitetónica, de construir ali qualquer coisa”, sublinha Paula Melâneo à margem da conferência. Apesar da complexidade do projeto, Luca Martinucci explica ao DN que o projeto foi pensado com soluções pragmáticas para os problemas que pudessem surgir. “A atitude arquitetónica do projeto esteve presente do princípio ao fim. Está pensado e desenhado para todos os problemas com soluções pragmáticas para conseguir concretizar um projeto que é bastante utópico”. Para além da instalação em Veneza, o projeto Paraíso, hoje. inclui o lançamento de um livro-catálogo com as imagens que estão presentes no atlas e dois debates, um em Veneza e outro em Lisboa. Em 2026 o projeto vai circular pelo país, começando por uma demonstração na Garagem Sul do Centro Cultural de Belém e na Casa da Arquitetura, em Matosinhos.