"Astérix na Lusitânia". Como a editora portuguesa convenceu autores a escrever sobre as origens de Portugal

"Astérix na Lusitânia". Como a editora portuguesa convenceu autores a escrever sobre as origens de Portugal

Ao DN, editor português Vítor Silva Mota revela bastidores da escolha do país para o 41.º álbum da série.
Publicado a
Atualizado a

Será no próximo dia 23 de outubro que a dupla de gauleses mais famosa do mundo das bandas desenhadas chegará a Portugal. Na manhã desta segunda-feira (17), a imprensa francesa anunciou que o 41.º álbum de Astérix e Obélix, que será lançado em 19 línguas diferentes e tem uma tiragem prevista de 5 milhões de exemplares, tem como pano de fundo a Lusitânia, atual território português.

O álbum trará inúmeras referências à história e cultura lusas, exemplo que pode ser visto na própria capa já divulgada do álbum, que conta com a dupla - ou trio, se contarmos com o cão Ideiafix - sobre uma calçada portuguesa.

A chegada dos gauleses ao país foi resultado de um longo esforço da editora ASA, responsável pela publicação da série em Portugal. “Já há vários anos que chamávamos a atenção para um destino que era Portugal e que ainda não tinha sido contemplado nestas viagens do Astérix”, conta Vítor Silva Mota ao DN, editor da ASA e que nos últimos tempos conseguiu "convencer" os editores franceses a uma versão em território luso.

"Foi um trabalho de convencimento que na realidade acabou por não ser muito difícil, pois Portugal já era um dos destinos da carteira dos editores. Mas claro que, tendo outras opções, foi preciso alguma insistência e paciência: felizmente resultou nesta confirmação", conta o editor.

Silva Mota recorda que as edições de Astérix e Obélix são lançadas a cada dois anos sendo que o cenário entre cada edição alterna entre a Aldeia Gaulesa e um lugar no estrangeiro. "Há sempre uma viagem, é uma alternância histórica na série", relembra o editor da ASA.

Seguindo a tradição dos lançamentos dos álbuns, as principais informações acerca do livro são mantidas em sigilo até a distribuição da obra. Embora os detalhes não sejam apresentados, o editor garante que os leitores portugueses se vão sentir representados na nova aventura. “Naturalmente, o livro está impregnado da cultura, da história portuguesa, da sociedade portuguesa, da culinária portuguesa. É uma narrativa fiel, como são sempre os livros do Astérix”, afirma.

De acordo com Silva Mota, a ASA esteve envolvida no processo de pesquisa da obra, fornecendo informações e sugestões para os autores de forma a que esta construção dos aspetos da Lusitânia fosse fidedigna. “Ao longo destes últimos anos, tivemos a oportunidade de trocar ideias e vários factos sobre a nossa cultura e a nossa história para permitir que os autores depois pudessem construir esta aventura.”

Além disso, os criadores do novo livro - originalmente assinado por René Goscinny e Albert Uderzo e que atualmente tem as mãos e mentes de Fabcaro, nome artístico de Fabrice Caro (argumento), e Didider Conrad (ilustrações) - realizaram uma viagem a Portugal para se familiarizarem com os elementos culturais do país. “Eles estiveram cá, fizeram uma grande reportagem fotográfica, pesquisa de campo e recolheram informações no terreno para que o álbum tivesse esta autenticidade”, afirma Silva Mota.

O editor ainda afirma que FabCaro e Conrad, aliás, estarão em Portugal para um evento especial de lançamento do novo álbum. “Os autores estarão cá, para grande satisfação nossa e dos milhares de fãs e leitores do Astérix”, confirmou Silva Mota, afirmando que a data exata do evento ainda está por definir. “Não posso confirmar se isso será imediatamente antes do dia 23 ou imediatamente após o dia 23, mas estarão aqui com certeza”, garante.

Fenómeno do mundo da literatura e das bandas desenhadas, Astérix e Obélix surgiram para o mundo em 1959, quando Goscinny e Uderzo, ao lado de mais três amigos apresentaram pela primeira vez a dupla através da revista para jovens, Pilote.

Com êxito imediato, a história e os personagens caíram no gosto do público, um sucesso que se traduziu na venda das bandas desenhadas publicadas desde então: ao longo das últimas décadas foram cerca de 400 milhões de cópias comercializadas das mais diferentes edições da obra. A partir de outubro, é chegada a hora de Portugal ter a sua participação na histórica aventura de Astérix e Obélix.

nuno.tibirica@dn.pt

"Astérix na Lusitânia". Como a editora portuguesa convenceu autores a escrever sobre as origens de Portugal
As aventuras de Astérix e Obélix chegam à Lusitânia e têm calçada portuguesa na capa

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt