António Choupina: “As mulheres de Aalto constroem em pé de igualdade com ele. É um merecido reconhecimento”
António Choupina é diretor do departamento de Arquitetura da Fundação de Serralves, e o curador da exposição Aalto, que foi inaugurada na passada sexta-feira, dia 18, e que ocupará a Ala Álvaro Siza do Museu de Serralves até dia 4 de janeiro de 2026, ano que marca os 50 anos da morte do arquiteto finlandês, que é um dos grandes nomes da história da arquitetura mundial.
Como é que surgiu a ideia de fazer esta exposição sobre Aalto em Serralves?
É quase uma sequência, tendo em conta que a primeira revista de arquitetura que o Álvaro Siza - que dá nome à nova Ala de Serralves -, compra, é justamente uma revista sobre Alvar Aalto. Portanto, há esta quase coincidência do destino, do jovem Álvaro Siza, que constrói Serralves, começar com uma grande influência do Alvar Aalto. A revista está, aliás, na exposição. Há duas peças do Álvaro Siza que ele emprestou especificamente para a exposição, que é essa revista, simbólica, coitadinha, já está a desfazer-se de tão...
Que ele guardou estes anos todos...
Guardou religiosamente. E depois, anos mais tarde, em 1988, o Álvaro Siza virá a ganhar a medalha homónima, a medalha Alvar Aalto, que será o primeiro grande prémio que ele irá receber a nível internacional, e que está também na exposição.
A exposição é em colaboração com o Museu Alvar Aalto. Qual foi a reação à sua abordagem?
Tanto da parte tanto da fundação como do museu, que são frentes unificadas, ficaram todos muito satisfeitos, porque coincide exatamente com o momento de busca de divulgação internacional do Alvar Aalto, não que o nome não seja conhecido, que o é, talvez não entre os comuns visitantes da exposição, que conhecerão muitos dos desenhos que lá estão, desde uma cadeira ou um jarro, mas se calhar não associam ao nome. Mas, para eles, tendo em conta a candidatura à UNESCO, era importante que houvesse uma maior divulgação. De todos os medalhados vivos do Alvar Aalto, o Álvaro Siza é aquele que mais representa os valores deixados pelos Aalto. Mencionaram isso, aliás, no discurso de inauguração, as muitas relações do Siza e do Alvar Aalto com a natureza, com a inserção dos sítios...
Na exposição dá-se muita ênfase à colaboração de Aalto com as suas mulheres, Aino e Elissa. Em que medida é que elas contribuíram para o trabalho de Aalto?
Não se dá muito ênfase, dá-se o merecido ênfase, porque, há esta ideia da história da Arquitetura, do génio masculino, solitário, que faz tudo, mas, na realidade, há sempre uma equipa por trás, e, neste caso, mais do que uma equipa, há a primeira esposa, Aino, que, no fundo, é ela que gere o escritório, enquanto o Alvar Aalto está, por exemplo, a dar aulas no MIT, ou em Harvard, no estrangeiro. É ela que avança com a Artek, que é a empresa que eles vão criar de mobiliário e design. Todo o ambiente em termos da especialidade arquitetónica dos Aalto é definido por ela, desde os copos, pratos, padrões de parede, cortinas, mobiliário, portanto, quase tudo isso é criado pela Aino, nesse determinado período. Em 1949 ela irá falecer, com cancro, o Alvar Aalto estava fora, no estrangeiro, volta mesmo no fim, quando ela já estava muito debilitada, e fica muito afetado por essa circunstância. De certa forma, é algo que eu acho que também ele e o Siza têm em comum, que a esposa também o deixou, infelizmente, muito cedo, por motivos de saúde.
E depois aparece a Elissa...
A Elissa era arquiteta por mérito próprio. Ela começou a trabalhar no escritório pouco depois da Aino falecer. Irão casar-se cerca de seis anos depois. E, a partir daí, ela estará envolvida em todos os grandes projetos de Alvar Aalto, desde a Maison Carré, em Paris, que ela quase desenvolve na íntegra, todos os detalhes, e, inclusivamente, após a morte do Alvar Aalto, será ela a continuar todos os projetos do escritório, até ela própria morrer, em 1994, com a construção da igreja em Riola, na Itália, que será o último projeto póstumo dos Aalto. Portanto, há uma presença, não é uma presença de ‘ajudou um bocadinho’, não, elas participam do desenho, constroem em pé de igualdade com ele, e, portanto, é um merecido reconhecimento da sua posição na história, que foi sempre um pouco apagada.
Na exposição mostram-se 31 projetos. Qual foi o critério de escolha?
A exposição não acontece casuisticamente, foi escolhida para esta altura porque são os 50 anos da morte do Alvar Aalto, por isso é que a exposição só fecha em janeiro, mas são os 31 anos da morte da Elissa, que é quem completa os últimos projetos, e daí 31 ser o número de grandes projetos selecionados. Foram selecionados por mim, há muitos mais do que 31, há mais de 400 projetos de Alvar Aalto construídos e 200 por construir, portanto, havia muito por onde selecionar. Aliás, foi penosa a seleção. Dentro do número médio de desenhos, que pode ser variável em função do projeto, definimos termos desenhos que sejam tanto atrativos do ponto de vista técnico para pessoas que os entendem, arquitetos e pessoas com formação, como também desenhos que sejam igualmente atrativos para quem não consegue ler uma planta, e que de alguma forma manifestem o que era o espírito zeitgeist daquele momento, e o que é que eles estavam a tentar transmitir, porque eles vão ser subversivos em alguns aspetos. Por um lado, absorvem a ideia do modernismo, mas por outro já estão a contradizer o modernismo ou a mesclar com uma série de outras referências, e isso vai afetar muito a arquitetura mundial naquele momento. É curioso vê-los, por um lado, a mover a agulha do espetro da arquitetura numa direção que não era a direção do modernismo centro-europeu, mas, por outro, também a serem conservadores, porque vão ser os Aalto a definir o grosso da fé luterana, não só na Finlândia como no estrangeiro. Eles vão construir a maioria das igrejas luteranas na Finlândia e até fora. Alvar Aalto era ligeiramente agnóstico, mas acreditava que independentemente disso era uma oportunidade de se construir algo e contribuir para a alteração da própria religião. Há aspetos que Aalto vai introduzir nas igrejas luteranas que vão alterar a forma como os rituais luteranos aconteciam e a sua interpretação.
Há algum desses projetos que se destaque?
Nós dividimos os 31 projetos por 15 salas. São cerca de dois projetos por sala e que vão seguindo o percurso desde os anos 20. Dividi cada sala, exatamente por causa desta questão da fé luterana, em temas de livros bíblicos, Génesis, Êxodo, que se vão associando à própria evolução da obra dos Aalto. Génesis com a Biblioteca Viipuri, ou o partir do classicismo nórdico para um modernismo internacional; o Êxodo com o Sanatório do Paimio, que vai ser divulgado por todo o mundo e lançar os Aalto no universo arquitetónico internacional no pós-gripe espanhola, em que são eles que vão começar a pensar em todos estes detalhes do que é a salubridade do espaço, como é que o espaço branco reflete melhor a luz e como é que a luz é importante para a saúde, como é que a ventilação cruzada é importante para que respirarmos melhor.
Esse edifício, o Sanatório de Paimio, é um dos candidatos a património mundial da UNESCO.
É um dos candidatos a património mundial e, para mim, o mais importante, no sentido em que é o maior, é um edifício gigantesco e que precisa de imensa proteção, porque o hospital que funcionou lá até recentemente deixou de funcionar. Neste momento, a fundação Paimio tem tentado ocupar o espaço, tem visitas guiadas etc., mas ainda estão num processo de entender como é que podem ocupar a totalidade daquele edifício tão grande. Há outros edifícios que estão nomeados, como a Casa dos Aalto, o Ateliê, etc. Os projetos principais da candidatura, que são 13, estão todos na exposição, à exceção de um, que é o edifício nacional das pensões, por um motivo particular: era o projeto menos reconhecido pela crítica e menos aceite pelos próprios finlandeses, que achavam que aquilo era um hotel de luxo e que o edifício nacional das pensões não podia ser um hotel de luxo para funcionários.
Aalto tem mobiliário icónico, como a cadeira Paimio, feita para o sanatório. A exposição faz essa ligação entre arquitetura e design?
Sim, era inevitável. Aliás, eu juntei o projeto da Casa dos Aalto com a Artek na mesma sala. Até porque eles apercebem-se, pelo menos no início, que a arquitetura não é suficiente para os sustentar. Então, apesar de estarem a fazer grandes projetos, são projetos que demoram muitos anos, e eles vão sobreviver em determinados momentos mais difíceis pela venda internacional do seu mobiliário e não propriamente pela arquitetura. E temos na exposição vários exemplos. Eles vão definir aquela perna curvilínea, a ideia de dobrar a madeira, que, no fundo, são várias camadas que vão sendo coladas. Ou até, depois, a perna em forma de leque. Há o elemento orgânico, a concha, que está muito patente na ideologia dos Aalto. Há várias peças desse género, e que até representam a inventividade do carpinteiro que com eles trabalhava. Aliás, os Aalto faziam sempre questão de elogiar tanto o trabalho dos carpinteiros, como das pessoas da área da luminária, porque eles desenharam mais de 50 tipos de candeeiros, alguns que também estão na exposição.
Há uma preocupação com todos os detalhes, que também existe na obra de Siza Vieira. De que forma o arquiteto português foi influenciado por Aalto?
Eu não sei se é influência ou se é interesse. A influência é sempre subjetiva, porque muitas vezes é subconsciente, a pessoa não se apercebe que está a fazer alguma coisa. Mas, desde logo, em primeiro lugar e de forma mais evidente, é esta relação que a nova Ala tem com a clareira onde foi construída em Serralves, porque o edifício move-se para se ir afastando das árvores, que aliás foi o próprio Siza que plantou. Ele costumava brincar que não desenhou o edifício, que foram as árvores que o desenharam, porque ele moveu o edifício para que as árvores ficassem onde estavam. E, de facto, esta é uma preocupação muito ‘aaltiana’, esta da relação com a natureza, de não transformar o local, ou de o transformar de uma forma que seja integrada com a natureza. Essa preocupação de que os edifícios são desenhados a uma escala humana e que a escala humana é tão importante como a escala de um pinheiro, e que, portanto, estão todos em ligação.
Por exemplo, o Siza, nos primeiros projetos, se virmos a Casa de Chá da Boa Nova, que se assemelha muito ao projeto da Maison Carré, que está na exposição, esta ideia de um teto curvilíneo que comprime o nosso olhar em direção à natureza, à floresta, no caso dos Aalto, ao oceano Atlântico, no caso daqui de Matosinhos. Há esta relação do teto de madeira, e, acima de tudo, uma compressão da escala, que era a escala do próprio Siza, na altura, que é bastante baixa, a entrada na Casa de Chá da Boa Nova, ou na Piscina das Marés, para depois haver uma expansão visual desde o interior, em relação à paisagem. E isso é muito patente na obra do Alvar Aolto, assim como esta ideia da luz, enquanto material construtor da arquitetura.
Quem visitar a Universidade da Otanieme, ou a Universidade Aalto hoje, na periferia de Helsínquia, verá uma multidão de lanterninhas diferentes de como a luz pode entrar no edifício. De facto, é um desenho incrível. É algo que o Siza, de certa forma, também continuamente investiga na sua obra.
Esta ideia de como é que a luz pode entrar no edifício indiretamente - e não diretamente -, e ir criando diferentes atmosferas a partir desse trabalho. E também esta ideia de trabalhar continuamente com artesãos, que é uma coisa que cada vez mais se perde com a industrialização da área da construção em todo o mundo. Em Portugal, felizmente, ainda vamos tendo bastantes artesãos, mas não tantos como tínhamos antigamente.
E, portanto, há esta dedicação que o Siza tem, e que o Alvar Aalto, a Aino e a Elissa tinham, de colaborar com as pessoas que construíam as coisas. Fosse o pedreiro, fosse o carpinteiro, fosse a pessoa que faz as luminárias, daí termos tido uma exposição de design do Siza, mesmo antes desta, na Ala Álvaro Siza, propositalmente para fazer, de certa forma, a transição para esta exposição.
Está sempre em contacto com o Siza Vieira. Como é que descreve a vossa colaboração?
É uma amizade já de muitos anos, porque o Álvaro Siza tinha o seu ateliê na Rua da Alegria, ao lado da minha escola, e então, muitas vezes cruzávamo-nos no café justamente em frente. Reencontrámo-nos na Faculdade de Arquitetura quando ele foi meu professor no primeiro ano. E depois fomos mantendo uma amizade ao longo dos anos em que vamos trabalhando em vários projetos juntos. Ainda agora estamos a fazer um projeto para Bérgamo e temos feito outros projetos juntos, em conjunto. Portanto, tenho muita estima, muita amizade por ele, para lá do génio da Arquitetura, é uma figura muito humana, muito carinhosa com todos. Tenta, de certa forma, transmitir aquilo que o próprio Távora lhe deu, uma série de oportunidades aos 20 anos, da Casa de Chá da Boa Nova, da Piscina das Marés, da Quinta da Conceição, são uma série de oportunidades que um jovem como ele, se calhar, hoje não teria, e ele tenta também transmitir isso às pessoas que vão colaborando com ele, e também estar lá e apoiar e participar. Portanto, tem essa característica muito empática que aprecio muito.
Quais são os principais desafios de gerir um espaço expositivo de arquitetura num Museu de Arte Contemporânea? É interessante esta articulação?
Parece-me que para a Fundação de Serralves, a Arquitetura é uma das missões que estão definidas à partida. E onde eu acho que Serralves tem um papel crucial é exatamente pelo confluir de públicos, ou seja, não é um espaço exclusivamente dedicado à Arquitetura, é um espaço para os arquitetos também, mas é um espaço para todos. Portanto, faz parte da nossa missão abrir as exposições ao público em geral de uma forma que seja entendível, ou seja, que seja tecnicamente interessante para quem é profissional, mas que tenha uma dimensão didática para quem vem de fora, e que seja algo que empiricamente possam entender e ser atraídos por isso. Eu ri-me muito com a primeira exposição, a inaugural, porque andei a obrigar o pobre do serviço educativo a ensinar as crianças a ler plantas.
Isto porquê? Porque para mim ler uma planta é como saber o abecedário ou saber a multiplicação, saber a tabuada, porque somos obrigados a nível de lei, em todos os hotéis, etc., a ter uma planta de emergência que ninguém sabe ler para fugir para lado nenhum. Portanto, se faz parte da lei, se temos que ter as plantas, alguém tem que as saber ler, não digo saber ler profundamente, mas termos uma noção básica.
Tem essa preocupação pedagógica nas exposições...
Até dos quadros estarem mais baixos de propósito, por causa das crianças, porque se não está ao nível do olhar deles é uma coisa que não é para eles. Então, tentar integrar não só as crianças, mas até as pessoas com problemas motores que estão em cadeiras de rodas, etc. Há esta dimensão de que a arquitetura é para todos, não só enquanto edifícios que habitamos, mas também nas exposições que fazemos sobre eles, que não são exposições de documentos, são documentos, mas não é uma exposição documental do ponto de vista em que estamos ali a explicar o processo, mas sim uma exposição sobre uma ideia, uma ideia que é concretizada com uma forma, e que tem uma função interior que diz algo a todos. Porque são espaços públicos que nos servem a todos, portanto, há esta dimensão social, integrada da Arquitetura, que me parece importante transmitir, e que é para todos, não é apenas para os arquitetos, é para um público global e, acima de tudo, para um público que já vem ao Museu de Arte Contemporânea e que estará sensibilizado para a arte em geral. Consegue identificar na boa arquitetura também a sua componente artística, que é uma das grandes dificuldades.
Alguma coisa nova em vista em relação ao arquivo de Siza Vieira?
O arquivo Álvaro Siza é arquivo principal do departamento de Arquitetura da Fundação de Serralves. Estamos a acrescentar outros arquivos, com o tempo teremos também muitos outros, inclusivamente, recentemente, o do João Gomes da Silva, que é arquiteto-paisagista, que trabalhou com o Siza na Malagueira e em Serralves. O Fernando Guerra, que é um arquivo de fotografia, mas é uma fotografia de arquitetura, também muita dela dedicada aos anos de trabalho com o Álvaro Siza e, portanto, tudo isto vai alimentando o arquivo Siza.
O arquivo Siza estará sempre presente de muitas formas. Inaugurámos recentemente uma exposição na Póvoa do Varzim, que se chama Siza além da Póvoa, portanto, o arquivo Siza vai estando sempre em várias itinerâncias e exposições, mesmo quando não está em exposição dentro de Serralves. E isso vai sendo sempre acompanhado de publicações, umas maiores, outras mais pequenas, porque parte do objetivo da doação gratuita deste arquivo era esse, era que houvesse, de facto, uma divulgação da obra e que não fosse um daqueles arquivos mortos que às vezes se doam a instituições e que depois nunca mais ninguém lhes mexe.
Como é que nasceu o interesse do António pela curadoria da arquitetura?
Estudei na escola Soares dos Reis, em Artes Visuais. Antes de entrar para Arquitetura sempre fiz exposições, porque o Álvaro Siza me ia pedir. Eu nunca pensei em fazer exposições a tempo inteiro, como é lógico, nem agora o faço, continuo a dividir a 50-50 o tempo entre o museu e o escritório, mas o meu objetivo nunca foi fazer exposições a tempo inteiro, mas, lá está, como diz o Siza, uma pessoa tem talento para o que tem, independentemente do que pensou que ia fazer ou deixar de fazer. E pelos vistos ele notava que havia este talento e convidava-me muitas vezes para desenhar as suas exposições, assim como a outros colaboradores. E, portanto, fui acabando por fazer muitas exposições do Álvaro Siza ao longo dos anos, a nível internacional. E quando chegou a altura de se pensar num departamento de Arquitetura, quando perguntaram ao Álvaro Siza, e a outras pessoas, no mundo da Arquitetura, pelos vistos, disseram muitas vezes o meu nome, não paguei a ninguém [risos], mas pelos vistos várias pessoas me propuseram como potencial figura para este cargo [diretor do departamento de Arquitetura da Fundação Serralves]. Agradeço a confiança, naturalmente, e terei muito prazer em concretizar.
Continua então a conciliar essa responsabilidade na Fundação Serralves com a sua prática.
Claro, acho que é um alimento importantíssimo, porque é diferente de ser diretor de outro tipo de museu. Porque é a prática que nos vai ligando àquilo que vamos colocar dentro do edifício, especialmente um edifício contemporâneo, em que não vamos estar só a fazer exposições mais históricas, como é o caso do Alvar Aalto, mas exposições de coisas contemporâneas, que estão a ser feitas agora. Por exemplo, teremos muito em breve, no próximo ano, o Francisco Herê, que estará representado e que é uma prática que está a construir neste momento com materiais diferentes, com abordagens diferentes da arquitetura. E, portanto, estar dentro da prática é um alimento que vai nutrindo mutuamente as exposições e a arquitetura, porque há um contexto de pessoas, de networking, de amigos que, no fundo, vão também construindo este ambiente que se quer dinâmico, em que todos se sentem parte deste projeto e não apenas alguns.
O que é que vem a seguir à exposição Aalto, na Ala Siza Vieira?
Vamos inaugurar em novembro uma exposição dedicada ao trabalho de Aires Mateus, de Lisboa.
Está-se a inovar na arquitetura em Portugal?
Sim, o Manuel Mateus tem feito um trabalho muito inovador em vários aspetos, basta vermos os vários projetos que tem em Portugal e fora, a quantidade de museus que têm construído na Suíça, em particular. Temos arquitetos como o Carlos Castanheira, que tem acompanhado a obra do Siza na China, tem também uma obra a nível individual fantástica. A Inês Lobo, que tem também construído imenso, tanto em Portugal como fora, e que não só constroem, mas têm tido esta missão, também didática, de dar aulas, de aparecer em conferências, de tentar transmitir conhecimento de uma forma que me parece importante, porque um arquiteto, claro que tem esta função principal de construir, mas mais do que construir, está a criar uma visão do mundo.