Exclusivo A escuridão luminosa de Moullinex
Chama-se Requiem for Empathy e é já considerado um dos discos do ano, o novo álbum de Moullinex, que é apresentado pela primeira vez ao vivo hoje e amanhã na Culturgest, em Lisboa, e na quarta na Casa da Música, no Porto.
Conhecido pela sua capacidade de colocar multidões a dançar, não deixa de ser uma surpresa o notável exercício de melancolia musical que o novo álbum do músico e produtor Moullinex, Requiem for Empathy, se revela a uma primeira audição. Moullinex é o alter-ego musical de Luís Clara Gomes, um antigo investigador científico na área da neurologia e astronomia, que se apaixonou pela música eletrónica um pouco por acaso, depois de ouvir a linha de baixo de um tema dos franceses Modjo, na pista de dança da Day After, famosa discoteca de Viseu, sua cidade natal. Um momento que é hoje um mero apontamento enciclopédico pois já há muito que o nome de Moullinex ficou indissociável de uma nova cultura disco e de clubbing em Portugal, surgida algures na primeira década deste século e em muito impulsionada pela Discotexas, a editora que ele próprio criou em 2007, com Xinobi. Foi no entanto em nome próprio, com os álbuns Flora (2012), Elsewhere (2015) e, especialmente, o aclamado Hypersex (2017), que Moullinex se tornou num dos artistas referência da nova música portuguesa. Estatuto ainda mais reforçado com Requiem for Empathy, um disco de contrastes entre luzes e sombras, pela frieza dos sintetizadores e pelo calor das vozes de gente como GPU Panic, Ekstra Bonus, Sara Tavares, Selma Uamusse e Afonso Cabral.
Este é álbum diferente na obra de Moullinex, que primeiro apetece ouvir e só depois dançar, concorda?
Sem dúvida. Aliás, o caminho escolhido desde o início foi deliberadamente diferente, em direção a um consumo mais introspetivo destes temas e não tanto na comunhão celebrativa conjunta que desde sempre fez parte da minha música.