7 dias, 7 propostas pelo antiquário José Sanina
1. Arte
Lisbon Art and Antiques Fair
Cordoaria Nacional
Lisboa
19 de Setembro, domingo
Aproveitar a oportunidade de visitar a mais prestigiada Feira de Arte e Antiguidades do nosso país - a LAAF (Lisbon Art and Antiques Fair) que termina neste domingo 19 de setembro, na Cordoaria Nacional, com entrada pelo Torreão Poente.
Passado este tempo de pandemia, nada como poder desfrutar, com todas as condições de segurança, de um espaço em que convivem a arte antiga e moderna, a arte contemporânea e o design. Este ano foram 24 expositores nacionais e internacionais e que mostram, mais uma vez a relevância desta iniciativa para a cultura e para a dinâmica da cidade de Lisboa. Ao longo da visita podemos encontrar, deslumbrarmo-nos e adquirir peças de arte contemporânea, desde imobiliário a pintura e a escultura e peças de antiquariato quase museológicas que poderiam estar em qualquer museu nacional ou internacional, que vão também desde a prataria a escultura, a cerâmica, as porcelanas, as tapeçarias e os têxteis.
2. Filmes
Segredos de Alcova; Uma Mulher Perdida
Casa da Achada -Centro Mário Dionísio
Lisboa
21h30
20 de setembro, segunda-feira
Nem todos os grandes filmes passam nas grandes salas de cinema, por isso aconselho uma visita à Casa da Achada - Centro Mário Dionísio, na Mouraria, para duas sessões de cinema clássico: Segredos de Alcova, de 1964, da autoria de Jean Renoir e Diário de Uma Mulher Perdida de 1929, com a assinatura de Georg Wilhelm Pabst, exibidos às 21h30.
Em Segredos de Alcova (1964), Celestine (Paulette Goddard) é uma empregada na casa dos Lanlaires que quer conquistar o vizinho, Mauger (Burgess Meredith), mas acabou por se apaixonar pelo filho dos Lanlaires. Já em Diário de Uma Mulher Perdida, Thymian (Louise Brooks) pretende descobrir os motivos da morte da sua empregada, Elisabeth (Sybille Schmitz), e acaba por se envolver com Meinert (Fritz Rasp), um rapaz oportunista que a engravida. Thymian recusa-se a casar-se com Meinart e a família manda-a para um reformatório. Grandes clássicos cinematográficos dos anos 1920 e 1960 para ver e rever.
3. Comer
Atira-te ao Rio
Restaurante
Almada
21 de setembro, terça-feira
Atravessar a ponte 25 de Abril, seguir até Almada velha, descer o elevador da Boca do Vento a observar Lisboa. A vista é deslumbrante e a minha paixão pela cidade de Lisboa é eterna. Depois gosto de almoçar no restaurante Atira-te ao Rio, junto à linha de água do rio Tejo. É um daqueles sítios aonde apetece sempre voltar. Sentado na esplanada - e antes de escolher o cocktail e o petisco para acompanhar -, respiro fundo e deixo-me deslumbrar, uma vez mais, pela cidade, pelo Tejo, e aprecio a luz que ilumina este enquadramento. Estou certo que quem seguir este conselho, irá ter oportunidade de apreciar uma das mais belas vistas que há.
4.Visita
Museu de São Roque
Lisboa
22 de setembro, quarta-feira
Visitar o Museu de São Roque e a capela adjacente. O curioso, lembrei-me agora, é que esta igreja começou a ser construída em 1506, junto a um cemitério onde eram enterrados os que morriam de peste, já fora das muralhas da cidade, e foi dedicada a São Roque, que viveu durante um dos surtos de peste bubónica do século XIV e curou muitos pestíferos, sendo o protetor da peste. Nestes tempos em que vivemos, não é má ideia fazer uma visita ao Museu de São Roque. Aqui repousam também as relíquias do seu padroeiro, que D. Manuel I mandou vir de Veneza, para proteger a cidade e os seus habitantes.
Depois, descer ao Carmo, sentar numa das esplanadas viradas para o Castelo de São Jorge, e tendo presente a visita ao local onde pregou o Padre António Vieira, que é para mim, um dos maiores vultos da cultura Portuguesa, reler um dos seus sermões que se mostram, até aos dias de hoje, tão atual. Escolho o Sermão de Santo António aos peixes ou então, a título muito pessoal, um dos Sermões de quarta-feira de cinzas.
5. Ler
Blink - Decidir num piscar de olhos
Malcom Gladwell, publicado pela D. Quixote
23 de setembro, quinta-feira
Passear pelos jardins e pelo Museu Gulbenkian. Aconselho vivamente a procura de uma clareira que não fosse o cimento do pavimento e não soubéssemos nós ter sido projetado pelo maior vulto da Arquitetura Paisagista Portuguesa, o arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles, acharíamos ser a própria natureza a presentear-nos com tal tranquilidade. Um paraíso em Lisboa onde podemos estar com tempo. Ao sol, à sombra, na relva, aproveite e revisite ou leia pela primeira vez um livro de Malcolm Gladwell, Blink, Decidir num piscar de olhos.
Este livro leva-nos a compreender de que forma a nossa mente, sem que nos apercebamos, nos leva a reagir e a tomar decisões que quase nos parecem intuitivas.
Como antiquário, acho a introdução, logo por si, (A estátua que não parecia bem), o constatar do que muitas vezes se nos depara no quotidiano.
6. Fado
Carlos do Carmo
Festival Santa Casa Alfama
Terminal de Cruzeiros de Lisboa
24 de setembro, sexta-feira
No âmbito do Festival Santa Casa Alfama, o Museu do Fado apresenta uma exposição em homenagem a um dos maiores intérpretes e fadistas portugueses, Carlos do Carmo. Carlos do Carmo, que partiu no primeiro dia do ano, protagonizou alguns momentos do maior significado para a história do fado e, ao longo de mais de cinquenta anos de carreira, esteve associado a vários processos de dinâmica e renovação permanente do fado em Portugal. A exposição destaca os momentos mais marcantes da sua vida: a família e o seu lado mais privado, o início da carreira na casa de fados O Faia, e as histórias das suas primeiras gravações, até à conquista dos grandes palcos do mundo.
A exposição estará no Terminal de Cruzeiros de Lisboa, aberta ao público desde as 18h até à meia-noite.
7.Exposição
Coleção Utópica
Museu do Caramulo vem ao MNAA
Lisboa
25 de setembro
sábado
Visitar o Museu Nacional de Arte Antiga (MNNA) para ver a Exposição temporária A Coleção Utópica. Com esta exposição e a possibilidade que nos permite esta iniciativa tão bem intitulada O Museu do Caramulo vem ao MNAA, podemos apreciar uma seleção de obras do Museu do Caramulo - Fundação Abel e João de Lacerda - que viajaram até Lisboa e se instalaram na Sala dos Passos Perdidos deste museu, até ao dia 26 de setembro. Esta seleção de peças pertencentes ao Museu do Caramulo, que se encontra encerrado para obras, permite-nos apreciar o primeiro quadro de Picasso exposto em Portugal, trabalhos de Amadeo de Souza-Cardoso, Eduardo Viana, Vieira da Silva, a par de nomes mais antigos como Frei Carlos, Grão Vasco e Quentin Metsys. Para divulgar a pluralidade do acervo da instituição fundada por Abel de Lacerda, a mostra A Coleção Utópica apresenta ainda objetos de artes decorativas, porcelana chinesa, arte Namban e um Bugatti, referente à coleção automóvel, única em Portugal.
Para além das fabulosas peças expostas, aqui está o exemplo de uma ideia de alguém genial, Abel de Lacerda, que, com a sua tenacidade, conseguiu "erguer" um museu, aparentemente, sem meios. Abel Lacerda faria este ano 100 anos.
Escolhas e sugestões por José Sanina, Presidente da Associação Portuguesa de Antiquários