Protestos, revoluções, ocupações, tomadas de posse de Governos: é atrás destes momentos políticos históricos, em especial na América Latina, que o cineasta Carlos Pronzato gosta de estar com a câmara na mão. O argentino-brasileiro de 65 anos decidiu ir mais longe em 2024. Atravessou o Atlântico e chegou a Lisboa no início de abril, com objetivo de filmar as celebrações dos 50 anos do 25 de Abril e conversar com personagens históricos da data..“Eu trabalho esses episódios marcantes da história contemporânea, me interessa muito, e para entendê-los eu tenho que ir em um lugar e trabalhar isso, senão eu não posso estudar a distância”, explica o cineasta ao DN. Desta temporada em Portugal, entrevistou 25 pessoas, entre académicos, capitães de Abril, atores sociais da época e da atualidade, além de filmar o desfile do 25 de Abril na Avenida da Liberdade, onde estiveram mais de 200 mil pessoas, o maior desfile da data de que se tem notícia nos últimos 50 anos..O resultado deste trabalho realizado durante os meses de abril a julho será apresentado hoje pela primeira vez, em sessão gratuita na Fábrica Braço de Prata, em Lisboa. Intitulado Memórias do 25 de Abril, o documentário tem duração de 90 minutos..Segundo Pronzato, aparecem na produção como entrevistados figuras como os capitães Vasco Lourenço, da associação 25 de Abril, e Duran Clemente, ambas pessoas importantes para a data. O cineasta também teve o cuidado de procurar mulheres que fizeram parte da Revolução para estarem no documentário. Uma delas é a jornalista, escritora e tradutora Ana Barradas, uma das principais defensoras dos direitos das mulheres ainda na época do Estado Novo..Importância de Portugal.E porquê a escolha de fazer um documentário sobre a data? O cineasta diz ao DN que considera que os 50 anos da Revolução dos Cravos, além da própria revolução, são momentos marcantes da história internacional. “É fundamental, para quem trabalha esse tipo de temas, sobre revoluções populares, é emocionante”, explica..O profissional considera a história curiosa pela maneira como aconteceu. “Quem assumiu foi uma Junta de Salvação Nacional, uma união, não uma só pessoa”, complementa. Pronzato faz uma referência importante ao capitão Salgueiro Maia, lamentando que já tenha falecido..Pronzato também pontua que foi influenciado pela importância da data no seu círculo de amigos no Brasil, onde vive desde o final do anos 1990. “Muitos amigos e amigas brasileiros vieram para cá celebrar o dia, participar do desfile, é um dia de grande importância também no Brasil”, ressalta. O cineasta ainda comenta que ficou surpreendido com a quantidade de eventos relacionados com o 25 de Abril, tanto oficiais como não oficiais. Com Memórias do 25 de Abril, o brasileiro-argentino espera contribuir para o debate sobre a história, uma vez que em todas as sessões haverá um momento de reflexão entre os presentes. Veja as datas já programadas na caixa acima. Em outubro, o plano é levar o documentário para as universidades..amanda.lima@dn.pt