5 filmes para (re)descobrir Gene Hackman
O menos que se pode dizer da carreira de Gene Hackman (1930-2025) é que nunca se fixou em nenhum género, estilo ou temática. Do western ao policial, passando pelo melodrama ou pela comédia, ele foi um genuíno intérprete “à moda antiga”, enriquecendo, mesmo em filmes menores, as histórias em que participou.
Ganhou dois Óscares, com Os Incorruptíveis contra a Droga (William Friedkin, 1971) e Imperdoável (Clint Eastwood, 1992), respetivamente como ator principal e secundário. Seja como for, vale a pena procurá-lo em títulos menos óbvios, alguns deles grandes clássicos (como é o caso de Bonnie e Clyde), que ficaram marcados pelo seu multifacetado talento.
BONNIE E CLYDE (1967), de Arthur Penn
Prime Video
Com a eclosão de uma nova geração de cineastas, sendo Arthur Penn um dos seus símbolos mais importantes, a década de 1960 em Hollywood acolheu muitas transformações, do sistema de produção às formas narrativas. A história da lendária dupla de ladrões de bancos — Bonnie Parker (Faye Dunaway) e Clyde Barrow (Warren Beatty) —, em plena Grande Depressão, é contada como uma fábula negra sobre as convulsões sociais e o fim do romantismo. Gene Hackman interpreta Buck Barrow, irmão mais velho de Clyde.
A AVENTURA DO POSEIDON (1972), de Ronald Neame
Prime Video
Antes da vaga de aventuras de super-heróis, a década de 1970 explorou a moda dos “disaster movies”, entre nós apelidados “filmes-catástrofe”. Ainda ligados a técnicas e nomes da produção clássica de Hollywood, combinavam a encenação espectacular de grandes acidentes — neste caso, um paquete de luxo atingido por um tsunami — com um elenco de veteranos como Ernest Borgnine, Shelley Winters ou Roddy McDowall, a par de intérpretes revelados nos anos 50/60 como Gene Hackman e Carol Lynley. Sem esquecer que a música, exuberante, de fôlego sinfónico, tinha assinatura de John Williams.
SUPERMAN (1978), de Richard Donner
Max
Habitualmente, conta-se a história moderna dos super-heróis no cinema a partir de Batman (1989), de Tim Burton. Em boa verdade, mais de uma década antes, é este filme de Richard Donner que cria um espaço de produção para um novo tipo de aventuras galácticas (diferente da saga da “Guerra das Estrelas”, iniciada em 1977). Em grande parte rodado nos estúdios ingleses de Pinewood, o filme reúne um elenco de notáveis, com destaque para Marlon Brando (o pai de Superman) e, claro, o brilhante Christopher Reeve no papel central; Gene Hackman assume a personagem de Lex Luthor, o mais implacável inimigo de Superman.
A FIRMA (1993), de Sydney Pollack
Apple TV+
Ao longo da década de 1990, os estúdios americanos produziram nada mais nada menos que sete adaptações de romances de John Grisham, sendo esta, muito provavelmente, a mais sofisticada. Tom Cruise interpreta um jovem recentemente formado em Direito pela Universidade de Harvard; ao entrar para uma prestigiada firma de advogados, vai descobrir que o seu modo de funcionamento está longe de satisfazer o próprio sistema legal. Gene Hackman interpreta o mentor de Cruise no interior da firma, numa composição genial em que cada gesto de simpatia pode esconder a mais sinistra estratégia. No elenco encontramos ainda, entre outros, Hal Holbrook, Holly Hunter e Ed Harris; a banda sonora de Dave Grusin foi nomeada para o Óscar de melhor música.
O JÚRI (2003), de Gary Fleder
TVCine
Mais uma adaptação de um romance de John Grishman, a merecer francamente mais atenção do que aquela que obteve na altura da sua estreia. Gene Hackman interpreta um juiz que, através de mecanismos de manipulação e chantagem, tenta condicionar as decisões do júri de um julgamento a que vai presidir — a sua frase emblemática serviu para o cartaz do filme: “Os julgamentos são demasiado importantes para serem decididos pelos júris.” Dustin Hoffman integra o elenco, ele que, quase 50 anos antes, tinha sido companheiro de estudo de Hackman na Pasadena Playhouse — foi o único filme em que trabalharam juntos.