#39 “Vamos cantar de pé” (Fernando Grade / Pedro Osório), Paco Bandeira, 1972
Vítor Higgs / DN

#39 “Vamos cantar de pé” (Fernando Grade / Pedro Osório), Paco Bandeira, 1972

Quem canta de pé é porque não está de joelhos
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Depois de cinco trabalhos discográficos com canções inteiramente da sua autoria, Paco Bandeira lançou este EP editado pela Decca, contando com a poesia de Fernando Grade nas quatro canções. Depois de vencer em 1971 o Festival da Canção da Guarda, com “Sigo cantando”, no ano seguinte o cantor alentejano dá o salto na sua carreira. Pela mão de Hermínia Silva, passou a cantar no Solar da fadista, onde ele tinha começado a trabalhar quando veio para a capital. Participou no “IX Grande Prémio TV da Canção”, alcançando o segundo lugar, com “Vamos cantar de pé”. A Imprensa deu conta do agrado em relação à canção, até com ironia, como por exemplo pela mão de Orlando Dias Agudo: “E o Paco? Ele tem o grande público do seu lado. Que gosta de o ouvir, porque ainda não esqueceu o ‘Badajoz à vista’. Achado em Luanda para ir a este Festival, ali mesmo jurou que ganharia. E juramento de Bandeira, deixa muito que pensar…” (“Diário de Lisboa”, 21 de fevereiro de 1972). A letra subentende a impotência do regime para resolver o problema colonial e para dar liberdade à população portuguesa, num apelo revolucionário para que se cante (e de pé). Porém, o autor da letra não quis suprimir um dos versos, tal como foi sugerido antes da realização do festival: “Gaivotas mortas no convés” refere-se aos caixões de pinho com os soldados mortos na Guerra Colonial. E Paulo de Carvalho, que rejeitara ser o intérprete da canção no concurso televisivo em reação ao resultado do ano anterior, gravaria o tema numa versão em inglês, nesse mesmo ano.

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