#36 “País de cravos, país de cardos” (António Borga / António Cartaxo), Elisa, 1972
Vítor Higgs / DN

#36 “País de cravos, país de cardos” (António Borga / António Cartaxo), Elisa, 1972

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"País de cravos, país de cardos” é um disco gravado em Londres, onde António Borga e António Cartaxo se encontravam a trabalhar no serviço português da British Broadcasting Corporation (BBC). Ambos criaram um Single – “País de cravos, país de cardos” / “Bicho de conta” – que foi gravado na Morgan Studios, mas ainda sem voz. Elisa seria a eleita para interpretar e gravar nos estúdios da Valentim de Carvalho, acompanhada por José Carlos Cantante. Os arranjos e a direção musical são de Del Newman, maestro, arranjador e produtor musical britânico, que acabara de trabalhar com Cat Stevens. A edição é da Sassetti, com a etiqueta da Guilda da Música. A capa é de Guilherme Lopes Alves. Na contracapa, um texto de Carlos Paredes elogia a voz e as escolhas musicais de Elisa, assim como o “progressivo espírito de salutar vigilância, de denúncia e de crítica” da tradição e da “canção moderna responsável”. Elisa começou a sua carreira artística em Angola, antes de dar continuidade aos estudos universitários em Lisboa, o que lhe permitiu integrar-se no Coro da Universidade de Lisboa e gravar um primeiro trabalho (EP). Porém, é no Single seguinte que a cantora dá voz a um par de canções interventivas. Em particular, “País de cravos, país de cardos” recorre ao imaginário botânico para referir a contradição entre as oportunidades e as contrariedades do momento sociopolítico do País: “Deixa-me cantar / Um país de barcos / Um país de bravos / Deixa-me cantar / Aromas de cravos. / (…) / Deixa-me acabar / Que a noite vai longa / No país dos bravos / Deixa-me acabar / Que os cravos são cardos”.

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