#33 “Estrela da manhã” (António Gedeão / José Niza), Carlos Mendes, Duarte Mendes, Samuel e Tonicha, 1972
Vítor Higgs / DN

#33 “Estrela da manhã” (António Gedeão / José Niza), Carlos Mendes, Duarte Mendes, Samuel e Tonicha, 1972

Toda a música é infinita, e tudo grita: “tem que ser…”
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“Fala do Homem Nascido” é uma opereta gravada para disco, com poemas de António Gedeão. Cantam Carlos Mendes, Duarte Mendes, Samuel e Tonicha. Os arranjos e a direção de orquestra ficaram a cargo de José Calvário e a produção foi de José Niza, numa gravação realizada nos estúdios Celada, em Madrid, e na Polysom, em novembro de 1972. A fotografia da capa é de Álvaro João e o grafismo de Beatriz Morais Alçada. “Estrela da manhã” é a única canção interpretada pelos quatro cantores. O poema de António Gedeão foi manuscrito a 26 de junho de 1955, com autógrafo a tinta azul, com emendas e acrescentos também a lápis. No fim do texto, apresenta um desenho de uma estrela. Este poema seria publicado em “Movimento Perpétuo” (1956), uma coletânea escrita, em silêncio, durante anos e editada quando António Gedeão (pseudónimo de Rómulo de Carvalho) estava à beira dos 50 anos de idade. Habituado que estava a trabalhar com lentes e a refletir sobre tudo o que os raios de luz evocam, no poema ele simboliza, ao mesmo tempo, uma visão do mundo, o despertar da consciência e do desejo e a inquietação existencial. Neste como noutros textos desta obra inicial do poeta, revela-se uma grande musicalidade e o profundo humanismo que se exala de cada verso. Na canção, apenas é aproveitada a primeira estrofe do poema, numa espécie de apresentação de todo o disco: “Numa qualquer manhã, um qualquer ser, / Vindo de qualquer pai, / Acorda e vai. / Vai. / Como se cumprisse um dever”. Sem que haja uma separação musical, deste primeiro tema passa-se para o segundo, que dá nome ao álbum.

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