#30 “Amanhã vou dormir o dia inteiro” (Tózé Brito), Tózé Brito, 1972
Vítor Higgs / DN

#30 “Amanhã vou dormir o dia inteiro” (Tózé Brito), Tózé Brito, 1972

Um adormecimento desperto
Publicado a
Atualizado a

Nascido no Porto, Tózé Brito formou os Pop Five Music Incorporated, ainda adolescente, mas pouco tempo depois migrou para Lisboa e passou a integrar o Quarteto 1111. Em 1972, estreou-se no “IX Grande Prémio TV da Canção”, com “Se quiseres ouvir cantar”, e isso permitiu-lhe gravar um disco para promover essa participação, intitulado “Liberdade”. A gravação foi realizada nos Estúdios Valentim de Carvalho, em Paço de Arcos, e a edição pertence à Decca, na qual se incluem quatro canções originais, com Tózé Brito na voz e no baixo acústico, António Moniz Pereira nas guitarras acústicas e o acordeonista Michel nas percussões. Porém, o disco seria proibido pela Emissora Nacional, muito por “culpa” de uma outra canção, “Amanhã vou dormir o dia inteiro”, considerada um hino à preguiça e ao fatalismo: “Ontem consegui dormir / E só hoje ao acordar / Me lembrei de que partiste / Mas nem procurei saber / Por que caminho seguiste”. Obviamente, estas e as restantes palavras da canção nada tinham a ver com as objeções dos censores: “Tudo pertence ao tempo e o tempo passa”. Esse foi, aliás, um ano marcante para o cantor. Prevendo a sua incorporação no serviço militar da Guerra Colonial, até pelo facto de pertencer ao Quarteto 1111 com muitas canções proibidas, partiu para Inglaterra em setembro, onde casou, regressando para fazer a recruta militar e continuar a tocar, mas, ainda assim, soube da sua efetiva mobilização para o Ultramar. Regressa a Londres, clandestinamente, e volta a Portugal depois do 25 de Abril.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt