#16 “Amor novo” (Maria Flávia / Luiz Rego), Luiz Rego, 1970
Oriundo de uma família de antifascistas, Luiz Rego partiu para Paris com a intenção de se aperfeiçoar na guitarra e de não regressar. O poema de “Amor novo” é de Maria Flávia que, depois de cursar em Belas-Artes, também partiu para Paris, com o objetivo de permanecer durante o ano da bolsa de estudos, mas não voltou logo, porque se desmotivou com o estado do País. “Amor novo” tem uma sonoridade surpreendente, talvez inspirando o nosso reduzido panorama pop-rock português da época. “Quadras soltas” surge no lado B, a soar a bossa nova, com versos de Fernando Pessoa. A editora francesa deste Single foi a Disques Vogue e em Portugal foi a Orfeu, de Arnaldo Trindade, mantendo a etiqueta francesa. O disco foi divulgado na rádio, designadamente no programa “Página Um”, da Rádio Renascença. Dos cantores da “nova canção portuguesa”, Luiz Rego foi o primeiro a partir para França, onde trabalhou no restaurante em que conheceu os músicos que formariam com ele Les Problèmes, considerado o primeiro grupo de rhythm and blues de França, fazendo, inclusivamente, a primeira parte de concertos dos Rolling Stones. Em 1966, o grupo apresentou-se no Carnaval Luso-Brasileiro, organizado, por Vasco Morgado, no Cine-Teatro Monumental. Na fronteira de Portugal, a PIDE prendeu o músico português, ficando durante um mês e meio em Caxias e não podendo atuar em Lisboa. Em solidariedade, Gérard Rinaldi e Gérard Filipelli compuseram “Ballade à Luís Rego, prisonnier politique”, sendo talvez o único exilado português a quem foi dedicado um tema musical.