#10 “Livre” (Carlos de Oliveira / Manuel Freire), Manuel Freire, 1968
O poeta Carlos de Oliveira lançou, em 1960, “Cantata”, que marcou uma divisória na poesia. O seu poema “Livre” diz-nos que, através do pensamento, se adquire a capacidade de intervir na sociedade e na Natureza, seguindo por caminhos ditados pela vontade de decidir contra os machados dos poderes totalitários. Conta-se que estava Manuel Freire em Ovar a cantar com uns amigos e um primo apareceu na companhia de Miguel Oliveira, que já tinha escrito canções, inclusivamente para Amália. Este perguntou se Manuel Freire gostaria de gravar um disco. Ficou de falar com o maestro Jorge Costa Pinto, dono da etiqueta Tagus. O EP avançou intitulado “Manuel Freire canta Manuel Freire”, tendo a participação de Fernando Alvim na guitarra. No lado A, tem duas canções com poemas musicados pelo próprio: “Dedicatória”, de Francisco Miguel Bernardes; e “Livre”, de Carlos de Oliveira; e no lado B, surgem “Eles”, de sua autoria, e Pedro o Soldado, com poema de Manuel Alegre. Em relação a “Livre”, o cantor não sabia que o mesmo já tinha sido musicado por Fernando Lopes-Graça para o coro da Academia dos Amadores de Música. A censura não foi tão atenta a este tema quanto o foi em relação ao EP seguinte do mesmo ano, com os temas “Lutaremos meu amor”, “Trova do emigrante”, “Trova”, “O sangue não dá flor”. Em 1969, Manuel Freire participou duas vezes no programa “Zip-Zip”, interpretando, na última emissão, “Pedra filosofal”, com poema de António Gedeão, obtendo êxito imediato e criando um ícone da “nova canção portuguesa”.