Com crise de 2008 "passamos de 600 mil trabalhadores no setor para 200 mil", diz CEO da Casais

Construção, tal como muitos outros setores, enfrenta falta de mão-de-obra, sublinha António Carlos Rodrigues. O grupo Casais prevê, para este ano, uma faturação de 540 milhões de euros, "bastante em linha" com os cerca de 520 milhões de euros obtidos em 2020.
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"O ano de 2021 foi muito parecido com 2020", disse o gestor, reconhecendo que, no ano passado, a construtora sofreu "alguns impactos" devido à pandemia, sendo que a maior parte destes efeitos foi na atividade internacional.

"Houve uma redução da mobilidade das pessoas. Foi mais difícil fechar contratos e tomar decisões de novas adjudicações", salientou António Carlos Rodrigues, realçando, no entanto, que em Portugal o negócio "até acabou por ser positivo".

"Fruto do que vinha a ser o trabalho de 2019, e porque já havia uma carteira contratada, 2020 em Portugal até acabou por representar uma duplicação da atividade", adiantou, realçando que o facto de muitos trabalhadores que normalmente estavam fora do país terem regressado a Portugal levou a que houvesse "uma capacidade de produção instalada acima do normal".

De acordo com o presidente da Casais, a faturação de 2020, de perto de 520 milhões de euros, ficou abaixo da obtida em 2019 em perto de 4%, um valor que, tendo em conta a pandemia, o gestor considerou "positivo".

O grupo conta neste momento com uma carteira de obras da ordem dos 650 milhões de euros, revelou ainda.

O presidente da Casais reconheceu que um dos principais problemas do setor neste momento é a falta de mão-de-obra, mas sublinhou que esta questão não afeta só a área da construção.

"Tenho falado com empresários e todos se queixam do mesmo, da falta de capacidade em encontrar pessoas qualificadas", referiu, explicando que no caso da construção, o facto de haver mobilidade de trabalhadores entre países pode acentuar o problema. "É frequente num dia o trabalhador estar em Portugal e amanhã na Bélgica, Alemanha, Espanha", indicou.

"Depois da crise de 2008 houve uma diminuição com a redução do investimento público e privado e passamos de 600 mil trabalhadores no setor para 200 mil", recordou, alertando que estes valores nunca foram recuperados.

O grupo, que emprega cerca de 4.600 pessoas, resolveu organizar um evento para atrair talento para todas as áreas, que o presidente considera que não é uma iniciativa "de recrutamento".

"Com a mudança que vai ocorrer na nossa indústria, torna-se muito difícil descrever um perfil de competências como antigamente se fazia. É tão difícil descrever para recrutar que o que temos de fazer é partilhar um pouco o que fazemos com profissionais de vários setores", realçou.

O presidente da Casais garantiu ainda que continua a haver necessidade "de muitas infraestruturas, e de uma forma sustentável".

"É importante que se façam as infraestruturas que são precisas para o futuro, aproveitando esta onda de investimento e impulsionando a formação", referiu, garantindo que "o nível de competitividade global vai aumentar".

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