Bolsonaro volta a pedir retirada de campanha. Agora do Banco do Brasil

É a quarta ação de comunicação, envolvendo instituições públicas, que foram retiradas pelo Governo por discordar do conteúdo
Publicado a
Atualizado a

Uma campanha publicitária do Banco do Brasil dirigida ao público jovem, divulgando a abertura de conta através do telemóvel, foi retirada do ar a pedido do presidente Jair Bolsonaro. A situação levou à saída do diretor de comunicação e marketing do banco. É a quarta ação de comunicação de uma instituição pública retirada do ar a pedido do Governo de Bolsonaro por discordar do seu conteúdo.

Com criatividade da WMcCann, a campanha Selfie tinha vários protagonistas, numa representação da diversidade sexual, racial e etária do país, tendo começado a ser veiculada no início de abril. Tinha ainda uma componente digital com influenciadores brasileiros como Hugo Gloss e Cellbit, e previa ainda um sketch do programa Porta dos Fundos, Manda foto, Bebê, noticiou o site brasileiro Meio & Mensagem.

https://www.youtube.com/watch?time_continue=7&v=TpvVkJnj1f8

O conteúdo desagradou o presidente brasileiro que pediu a sua retirada. “O presidente e eu concordamos que o filme deveria ser recolhido. Saída do diretor em decisão de consenso, inclusive com aceitação do próprio”, disse Rubem Novaes, presidente do Banco do Brasil, numa nota de imprensa citada pelo Folha de São Paulo. O Banco do Brasil é detido a mais de 50% pelo Estado brasileiro.

Segundo a rádio CBN, o Palácio do Planalto também pediu mudanças em outra campanha do Banco do Brasil, ainda em produção, para o Dia da Mãe. Entre os protagonistas estaria Ellen Ramos, do canal Hel Mother, mas a youtuber teria sido vetada por se ter manifestado contra Bolsonaro durante as eleições no ano passado.

É a quarta vez que o Governo de Bolsonaro pediu a retirada de campanhas por discordar do seu conteúdo, noticiou o Folha de São Paulo. A primeira foi no início do ano, quando o Ministério da Saúde pediu a suspensão da divulgação de uma informação para a população de mulheres transgénero, no ar havia seis meses, porque o material publicitário tinha "incorreções técnicas".

Especialistas de saúde terão considerada a alteração da comunicação como um retrocesso na política de prevenção do governo. Pouco depois do caso, a então diretora do Departamento de Infeções Sexualmente Transmissíveis, HIV/Aids e Hepatites Virais foi exonerada do cargo.

No Carnaval o Governo vetou várias peças de comunicação que mostravam casais do mesmo sexo na campanha de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e, em março, Bolsonaro anunciou que ia mandar recolher informação dirigida a adolescentes, com várias informações sobre saúde e calendário de vacinas.

Lançado no governo anterior, o material continha informações sobre sexualidade, mas, para o presidente, o material para crianças de 8 ou 9 anos “não ficava bem”.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt