Serralves mundial: De Kapoor a Mapplethorpe

Serralves aposta em programação "de nível mundial" para este ano com a presidente Ana Pinho a assumir o objetivo de levar ao Porto os melhores artistas da atualidade ou que fizeram parte da história do século XX. A fundação bateu recordes de público no ano passado, com mais de 800 mil visitantes
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Das retrospetivas da obra Marisa Merz e Álvaro Lapa à continuação da Coleção Sonnabend, das esculturas no parque de Anish Kapoor ao regresso às exposições fotográficas de Robert Mapplethorpe. De várias propostas expositivas em diversas áreas artísticas, dentro e fora de portas, aos grandes eventos que arrastam multidões como Serralves em Festa ou a Festa de Outono e às iniciativas do serviço educativo: 2018 será um grande ano em Serralves.

É a programação mais ambiciosa dos últimos anos", garante Ana Pinho, presidente do Conselho de Administração da Fundação Serralves, que ontem, no Porto, fez o balanço de um 2017 de recordes de público (ver números) e apresentou o multifacetado programa para 2018, um ano de transição, quanto mais não seja pela mudança na direção do museu. Uma lista de propostas que começou ontem mesmo com a inauguração da exposição da italiana Marisa Merz (ver texto em baixo) no museu de arte contemporânea.

A versatilidade é um traço vincado no programa para este ano, que arranca com O Céu é um Grande Espaço, de Merz, e prossegue com "No Tempo Todo", a inaugurar a 8 de fevereiro, naquela que é a maior retrospetiva do artista português Álvaro Lapa (1939-2006), com mais de 200 obras.

Segue-se em maio a segunda parte da Coleção Sonnabend depois do sucesso em 2016 da exposição Meio Século de Arte Europeia e Americana antes de um dos pontos altos da programação deste ano: uma grande exposição de Anish Kapoor comissariada por Suzanne Cotter, ex-diretora do museu. O escultor de origem indiana, sediado em Londres, é responsável por obras emblemáticas de grande escala, como o Cloud Gate (também conhecido por The Bean) ícone da baixa de Chicago, e vai em junho mostrar uma seleção dos seus trabalhos e projetos mais recentes, alguns deles inéditos, numa exposição que estará patente ao ar livre no parque de Serralves.

Setembro traz também novidades noutras vertentes artísticas: como a primeira exposição em Portugal do norte-americano Robert Mapplethorpe, um dos mais influentes fotógrafos do século XX, ou a exposição Companhia sobre o universo estético do cineasta português Pedro Costa.

Acentuada será também a aposta em descentralizar, mostrando a coleção de Serralves por todo o país, bem como de internacionalização com aprofundamento da ligação a grandes museus mundiais.

Mais de um 1,3 milhões de visitantes em 2017

"O objetivo é transpor fronteiras e criar uma programação de nível mundial. Para isso, traremos aqui alguns dos maiores artistas da atualidade ou que fizeram parte da história do século XX", refere Ana Pinho, que fez um balanço muito positivo de 2017: "Tivemos uma programação intensa e multidisciplinar, não só no museu, mas também fora de portas, graças a uma estratégia de descentralização que nos levou a fazer 25 exposições pelo país para levar a arte contemporânea e a nossa coleção ao contacto direto com as pessoas. Além disso, crescemos muito em número de visitantes Serralves em Festa teve um grande crescimento , e também em novos fundadores."

O ano que passou foi de recordes de público para Serralves: 834 328 estabelecem um novo máximo de público num só ano, sendo cada vez mais acentuado o número de visitantes estrangeiros que já supera um quarto do total.

Entre os objetivos para este ano, além do incremento de visitantes, estão a angariação de mais mecenas, o aumento de receitas próprias e a reposição integral da comparticipação do Estado. Apesar de a tutela ter começado a repor o subsídio devido a Serralves em 2016 e assim ter continuado em 2017, a reposição ainda não está no valor estatutário.

Outros dados relevantes têm que ver com a vertente infraestrutural: além da adaptação da Casa para receber em permanência a coleção Miró, está em construção da Casa do Cinema Manoel de Oliveira, outro polo cultural importante, cuja conclusão está prevista para o final do ano e a abertura deverá ser no início de 2019.

Por revelar está ainda o nome do novo diretor do museu. Em setembro do ano passado, Serralves anunciou a saída no final de 2017 da australiana Suzanne Cotter, que foi anunciada no mês seguinte como diretora do Museu de Arte Moderna do Luxemburgo. Foi então aberto um concurso internacional para encontrar um substituto. Solicitada a fazer um ponto de situação sobre o assunto, a presidente da Fundação Serralves referiu que o nome do novo diretor do museu será conhecido "muito em breve, talvez ainda antes do final deste mês de janeiro".

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