Música portuguesa acerta o relógio para Os Quatro e Meia

Há quatro anos, seis universitários criaram um grupo em Coimbra. Hoje, os doutores e engenheiros lançam álbum de estreia
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"Conto a conta-gotas o tempo que passa/Vejo o sol lá fora a fazer-me pirraça/Já são quatro e meia, está quase na hora/de fechar a loja para dar o fora". Assim começa a letra de Sentir o sol, o primeiro single do disco de estreia d"Os Quatro e Meia, que nos faz sonhar com o dolce far niente das esplanadas e do verão em geral e na qual fazem uma auto-referência. Quatro anos após terem começado está na hora deste sexteto de Coimbra se apresentar ao mundo com o disco de estreia, Pontos nos Is.

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A história de Os Quatro e Meia é a de seis estudantes universitários e está ligada às tunas de Coimbra. "Foi através desses grupos que nos conhecemos. Mas não foi essa a razão para fazermos uma banda. Fora desse meio criámos um grupo que não tem nada com essas raízes", explica Mário Ferreira, o acordeonista, vocalista e engenheiro informático. Outro vocalista (e guitarrista), Ricardo Liz Almeida, releva uma qualidade das tunas: "Não aprendi a tocar na tuna, aliás nenhum de nós, mas alguma da música tradicional portuguesa que não conhecia foi lá que ma mostraram."

A estreia da formação decorreu numa gala de angariação de fundos no Teatro Académico Gil Vicente, ainda o percussionista (e hoje médico) Pedro Figueiredo não se tinha juntado aos restantes elementos. "No final desse concerto, que correu bem, as pessoas incentivaram-nos para continuarmos. Quando estávamos para entrar em palco perguntam pelo nosso nome e, na verdade, ainda não tínhamos falado sobre esse assunto. E nós éramos de facto os quatro e o meia, porque o Rui (Marques, contrabaixista e engenheiro civil) é conhecido por Meia Leca". Nasceu de uma assentada o grupo e o nome. Sobre este último Tiago Nogueira, vocalista, guitarrista e médico reconhece que é "um bocado bullying com o Rui", para completar: "O Rui sabe que é um termo carinhoso pelo qual o tratamos e lida bem com isso. Gosta genuinamente do nome do grupo."

Sobre o título do disco que foi posto à venda na sexta-feira, responde Mário Ferreira: "Quisemos assinalar um grupo de músicas que fizeram parte destes quatro anos da banda. Ao ouvi-las podemos entender que não são muito semelhantes entre si, que revelam influências diferentes e sonoridades muito distintas, mas que são basicamente aquilo que nós somos. Cada música acaba por ser um ponto que estamos a colocar no i da nossa identidade enquanto banda."

Do sexteto, apenas o violonista João Cristóvão Rodrigues vive da música, enquanto professor. E, se Coimbra é "o quartel-general", como refere Tiago Nogueira, hoje só dois membros da banda vivem na cidade dos estudantes. Daí que a gravação do disco tenha sido "muito, muito morosa". Mário Ferreira explica: "Não somos a banda tipo. Temos de marcar ensaios com duas semanas de antecedência, a nossa agência pede as nossas indisponibilidades e temos de arranjar trocas e folgas para irmos aos concertos". Ricardo Liz Almeida acrescenta que o papel dos colegas de profissão é "fundamental" para poderem coincidir agendas. "Se há alguma capacidade em que podemos dizer que somos bons é como aproveitamos o tempo livre", conclui Mário Ferreira. Nesse tempo inclui-se atuações em festivais de verão como o Marés Vivas ou o Sol da Caparica.

Os Quatro e Meia

Concerto de apresentação do disco

2 de julho, às 19.30

Fnac Colombo (Lisboa)

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