João Céu e Silva recebe prémio literário
África, 1969. Um militar português pisa uma mina e, gravemente lesionado, entra em coma profundo. Acorda em 2001, num quarto de hospital. O que vê ele? O que aconteceu às pessoas que ele conhecia? O mundo mudou assim tanto? Este é o ponto de partida de A Sereia Muçulmana, o romance inédito com que o jornalista do DN João Céu s Silva venceu o prémio literário Alves Redol.
Atribuído pelo município de Vila Franca de Xira, o prémio de romance tem o valor de 7500 euros. Na categoria de conto, com um valor de 2500 euros, foi distinguido José Domingos dos Santos, com o conto Largo de Mutamba. Foram ainda atribuídas três menções honrosas.
O júri, constituído pelo escritor Miguel Real, Manuel Amador Frias Martins, vice-presidente da Associação de Críticos Literários, e Vítor Agostinho de Figueiredo, em representação da Divisão de Bibliotecas da Câmara de Vila Franca Xira, sublinhou o facto de A Sereia Muçulmana constituir "uma viagem ao interior de uma consciência patologicamente mutilada por efeito de um choque de guerra" e realçou o facto de o romance ser "dotado de um estilo curto, com preocupações estéticas acentuadas, mas sem experimentalismos literários".
João Céu e Silva, 54 anos, é grande repórter do DN, onde é jornalista há 24 anos. Autor de vários títulos, entre as quais obras de investigação literária, como a série "Uma Longa Viagem Com" José Saramago, António Lobo Antunes, Manuel Alegre, Álvaro Cunhal e Miguel Torga, e de investigação histórica: 1961 - O Ano Que Mudou Portugal e 1975 - O Ano do Furacão Revolucionário, Céu e Silva publicou apenas um romance, 28 Dias em Agosto, em 2002.
O jornalista admite que gosta de experimentar a ficção, como uma forma de "sair do stress da verdade" do seu trabalho diário. Mas, na maior parte das vezes, não fica satisfeito com o resultado e acaba por guardar essas experiências na gaveta. "Vejo demasiado lixo literário publicado", explica.