Festival de Almada vai ter 24 produções num contexto de cortes e de "quase emergência"

Vinte e quatro produções constam da programação do 35.º Festival de Almada, elaborada num "contexto de quase emergência", devido aos cortes de subsídios estatais de que foram alvo.
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"Esta programação acaba por ser irremediavelmente afetada por esse corte", disse o diretor, Rodrigo Francisco, na apresentação da programação, hoje, sublinhando ter sido elaborada num "contexto de quase emergência" e viabilizada apenas "devido ao apoio da Câmara Municipal de Almada e aos parceiros de há anos do festival".

Só isso permite fazer esta "omoleta sem ovos", numa altura em que estamos mesmo "quase sem a casca deles", enfatizou o responsável, na apresentação da edição deste ano do festival, realizada na Casa da Cerca - Centro de Arte Contemporânea, em Almada.

Vinte e quatro produções, nove das quais portuguesas e 15 estrangeiras, 11 concertos de entrada livre e quatro espetáculos de rua preenchem a edição deste ano do Festival de Almada, a decorrer de 4 a 18 de julho, em vários espaços desta cidade da margem sul do Tejo, e em algumas salas de teatro de Lisboa.

É a programação "possível", nas palavras do diretor do Festival e da Companhia de Teatro de Almada (CTA), anfitrião do certame, num ano em que o apoio atribuído pela Direção-Geral das Artes (DGArtes) à CTA, que inclui a verba para a produção do Festival, sofreu "um corte de 25% do total", frisou.

Um corte que a direção do teatro considera "tanto mais incompreensível e absurdo", pois surgiu a poucos meses do festival, comprometendo e impossibilitando o convite a uma figura maior do panorama teatral, nacional ou internacional, indicou Rodrigo Francisco, numa alusão às datas em que foram conhecidos os resultados provisórios (final de março) e os definitivos (maio), dos concursos do programa sustentado de apoio às artes da DGArtes.

A 35.ª edição do Festival de Almada está orçada em 576 mil euros, dos quais apenas 91 mil euros (16%) provêm da DGArtes, frisou Rodrigo Francisco, acrescentando que o restante financiamento se deve à Câmara Municipal de Almada, aos parceiros e mecenas do Festival e a receitas próprias.

Rodrigo Francisco sublinhou, porém, que, apesar da redução de 25% do financiamento da DGArtes, relativamente ao quadriénio anterior - o que faz com que a subvenção ao Festival seja já inferior à que existia em 1997 -, esta edição do certame propõe "uma assinalável diversidade de linguagens artísticas", contando com criadores de países tão distintos como Alemanha, México ou Burkina Faso.

Dos 576 mil euros orçamentados para a 35.ª edição, Rodrigo Francisco conta com a comparticipação que está contratualizada com a autarquia local, no valor de 225 mil euros.

Apesar de saber que a Câmara de Almada pretende reforçar a verba para o festival, o diretor do certame não se quer pronunciar, uma vez que este reforço ainda está dependente de aprovação.

Questionado sobre a proveniência dos restantes 260 mil euros que faltam para completar o orçamento (91.000 euros da DGArtes e 225 mil da autarquia), Rodrigo Francisco diz estar a contar com receitas próprias do certame e dos parceiros e mecenas do Festival.

A programação do festival

A 35.ª edição do festival conta com nove produções portuguesas (três criações) e 15 estrangeiras.

Bigre, o melodrama burlesco da companhia francesa Le Fils du Grand Réseau - que abriu a 34.ª edição do festival - volta a abrir a edição deste ano, já que foi o espetáculo de honra escolhido pelo público, no ano passado.

A coreógrafa Olga Roriz será a responsável pelo programa de formação O sentido dos mestres, a decorrer nos dias 9, 11 e 12 de julho, como é hábito na Casa da Cerca.

A poetisa, dramaturga e tradutora Ivette Centeno é a homenageada nesta edição do Festival, e o pintor Paulo Brighenti é o autor do cartaz. Paulo Brighenti, que cresceu e estudou em Almada, é também o autor da exposição Velho Sol, integrada nesta edição do Festival, patente a partir de hoje na Casa da Cerca.

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