Arte rupestre encontrada no Guadiana deve ser inédita
Um arqueólogo da direção regional da Cultura do Alentejo visitou os novos núcleos de arte rupestre nas margens do Guadiana, perto da Ermida de Nossa Senhora da Ajuda, no concelho de Elvas, onde o antigo militar espanhol Joaquim Larios Cuello achou cinco gravuras.
A visita, na qual foi acompanhado pelo achador das gravuras que ficaram visíveis após a descida das águas provocada pela seca, e ainda pelo responsável pela divulgação do achado, o historiador Luís Lobato Faria, serviu para "confirmar in loco o interesse da descoberta", refere nota da direção regional.
De acordo com o comunicado, "as rochas com gravuras encontradas enquadram-se no tipo de manifestação artística já antes identificada a jusante, estudada e publicada em monografia temática".
Recorde-se que as primeiras gravuras de arte rupestre no Guadiana foram descobertas na década de 70 do século XX, na zona do Pulo do Lobo, no concelho de Mértola, distrito de Beja, tendo, depois, em 2001 e 2002, sido registados mais achados aquando da construção da Barragem do Alqueva.
Nessa altura, foram identificadas gravuras representando animais e figuras geométricas, ao longo de uma faixa que se estende por mais de dez quilómetros no concelho de Alandroal, distrito de Évora.
"Descobrimos centenas de figuras, ao longo de muitos quilómetros, na zona de influência da Barragem do Alqueva. A estação principal, aquela que tinha mais gravuras, chama-se Mulenhola", recordou na segunda-feira à Lusa o responsável pelo projeto de investigação de arte rupestre do Alqueva, António Martinho Batista, que foi até há pouco tempo diretor do Parque Arqueológico do Vale do Côa.
Ainda segundo a direção regional de Cultura do Alentejo, este especialista, que tem dedicado a sua vida de investigador ao estudo da Arte Pré e Proto-Histórica, "referiu que pensa serem inéditas estas descobertas e que, nos trabalhos anteriores chegou a estar perto da Ponte da Ajuda, mas que não terá tido oportunidade de ver e documentar as gravuras agora encontradas".
"O especialista salientou ainda o interesse da temática, com 'paralelos noutras rochas que foram na altura estudadas' e que se inserem 'no que definimos como período II da arte rupestre do Guadiana. Deve ser Calcolítica' ou seja, da Idade do Cobre", refere a mesma nota oficial.
Após esta primeira visita ao terreno, a Direção Regional de Cultura do Alentejo "está a preparar, em colaboração com a Câmara Municipal de Elvas, com o referido especialista [António Martinho Batista] e com os achadores, uma campanha de estudo e documentação gráfica e fotográfica destes novos achados", informa o organismo alentejano.