Academia de Belas Artes quer ajuda do Presidente

Marcelo Rebelo de Sousa visita hoje a Academia de Belas Artes. A principal reivindicação é espaço. Saiba porquê com a reportagem do DN.
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"Quem quiser estudar arte portuguesa e europeia tem aqui o que é necessário", indica Natália Correia Guedes enquanto guia o DN pelos espaços que a Academia Nacional de Belas Artes ocupa no Convento de São Francisco, no Chiado, em Lisboa. O aqui, é a Biblioteca Moderna, com livros do século XX. E o local em concreto, que hoje pelas 16.00 será visitado pelo Presidente da República, é o chamado "redondo", pela sua configuração arquitetónica, "as antigas instalações sanitárias dos frades", informa a presidente da Academia. E apesar de "aqui" haver tudo o que é necessário para estudar arte, a biblioteca não é consultada por ninguém há anos porque não está inventariada, nem catalogada. E tão pouco a Academia tem pessoal para tornar possível a consulta dos livros.

Esta é uma das preocupações de Natália Correia Guedes: disponibilizar este acervo a estudantes e investigadores. Até porque a biblioteca da Faculdade de Belas Artes, instalada paredes meias com a Academia e o Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado, no Convento de São Francisco, "não tem uma biblioteca tão boa quanto a nossa", aponta.

Mas a maior preocupação da Academia passa pela falta de espaço para mostrar a coleção de pintura, escultura e desenho, com obras desde o século XIX até aos nossos dias. Parte significativa está exposta desde janeiro na Galeria de Pintura do Rei D. Luís, no Palácio da Ajuda e, por iniciativa do ex-ministro da Cultura, João Soares, aí permanecerá até final de junho, apesar de inicialmente ter estado prevista só até 31 de março. Nessa altura, se entretanto não for encontrada uma solução, as obras terão de voltar a ser acondicionadas numa pequena sala, partilhando o espaço com milhares de livros que completam a Biblioteca Moderna da Academia.

Daí a urgência de Natália Correia Guedes em chamar a atenção para a situação. No momento em que a Academia esperava, há cerca de 30 anos, pela saída do Governo Civil do Convento de São Francisco, tendo como perspetiva ficar com mais espaço... não foi contemplada nem com um metro quadrado. "Houve uma fricção entre o meu antecessor [António Valdemar] e o secretário de Estado da Cultura [Jorge Barreto Xavier]: resultado, a Academia foi dispensada das negociações", conta. Mas durante a curta passagem de João Soares pelo Governo de António Costa, "já tinha havido negociações e estavam bem encaminhadas, mas ainda não havia qualquer resolução", adianta. Natália Correia Guedes até já se encontrou com o diretor nacional da PSP. "O grande argumento da Polícia, que neste momento ainda tem o espaço vazio, é preservar os calabouços porque têm a memória dos presos políticos. Nada contra. Até me ofereci ao diretor nacional da PSP para fazer o projeto da integração da área no nosso espaço", revela.

Com a exposição patente na Ajuda e a inventariação da Biblioteca Histórica, que durante este ano deverá estar terminada, graças ao trabalho de cinco bolseiros da Fundação Calouste Gulbenkian, e a abertura parcial deste acervo histórico a mestrandos e doutorandos, a direção a que preside, e que tomou posse em novembro de 2014, já mostrou que está pronta para dar uma nova vida à Academia.

E agora, com um novo Presidente da República, que por inerência é Presidente de Honra da Academia, um novo titular da pasta da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes e com as instalações herdadas pela Polícia de Segurança Pública do Governo Civil ainda vazias, Natália Correia Guedes considera que é a altura exata para esta chamada de atenção para a situação da Academia.

Que sobrevive com uma verba anual de 90 mil euros do Orçamento de Estado. "Valor para 2016", precisa a presidente, "cerca de cinco mil euros mais do que nos anos anteriores e, por isso, neste momento temos o dinheiro suficiente para fazer as obras necessárias no espaço ocupado pela Biblioteca Moderna". "Uma verba é bastante inferior à atribuída às Academias de Ciências (400 mil euros) e de História (200 mil euros)", compara.

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