A Quinta da Regaleira e o Palácio da Vila vestem-se de luz

Durante quatro dias, o Aura apresenta atmosferas luminosas que mostram a vila de Sintra de uma forma diferente através de 14 instalações. Um festival que acontece pela terceira vez, sempre na semana de lua cheia de agosto
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Em frente ao Palácio da Vila, em Sintra, um rapaz abre e fecha os braços, move-se mais ou menos devagar e vê os seus movimentos refletidos na fachada do monumento nacional que, de vez em quando, parece rugir. Atrás dele, de olhos postos em monitores, o austríaco Klaus Obermaier vai afinando a instalação de luz e som que trouxe ao Aura. Chama-se Dancing House e parece fazer saltar azulejos inexistentes da parede, numa surpreendente dança. Esta é uma das 14 instalações de um festival de atmosferas de luz que, até domingo, provoca os sentidos.

Klaus e a sua equipa não tiram os olhos do ecrã. Quando a fachada se cala, conseguimos ouvir um grilo. A noite há muito já ali se instalou mas não chega para o austríaco que pergunta a Samuel Roda Fernandes, diretor do Aura, quando é que se põem os filtros nos candeeiros de iluminação pública, de cor amarelada, a poucos metros. Samuel faz um telefonema: "mais meia hora." Para o artista, é luz a mais. "A luz é uma coisa cultural, o Ralf quer menos luz mas se calhar ali ao lado [junto ao Hotel Central] não vão gostar muito...", diz o responsável.

Samuel Roda Fernandes já nos falara de como nos esquecemos da noite. Do que é a noite, escura, e como as cidades alteraram a ideia que temos deste momento do dia. Em busca dele, apresenta-se o Aura. Patrícia Freire, que se juntaria a este percurso mais à frente, partilha com Samuel a direção e conta que este evento noturno é sempre marcado para a semana da lua cheia de agosto - "portanto, para o ano já sabem quando vai ser". O Aura nasceu em 2015 no Ano Internacional da Luz e cumpre a sua terceira edição.

O percurso de esculturas de luz começa no MU.SA (Museu das Artes de Sintra) e termina na Quinta da Regaleira. Toda a iluminação pública será reduzida (com uns filtros que dão um tom arroxeado) para permitir às peças apresentarem-se em plenitude. As 14 propostas que se apresentam são de 20 artistas de cinco países.

Na Av. Heliodoro Salgado está um túnel feito de 1500 caixas de fruta. O projeto é do Rethorica Studio, e chama-se Metamorfose II. Contam-nos que pensaram em criar um portal de entrada no Aura, uma vez que estão mesmo no início do percurso. Como se preparassem o visitante para o novo mundo que vão descobrir. Mais à frente, no Jardim da Correnteza, está 532 nn - um enorme túnel suspenso de luz verde e água, que reage à presença dos visitantes no miradouro, explica André Almeida, da Articacc.

Na Quinta da Regaleira, duas estátuas no Patamar dos Deuses ganham uma impressionante vida feita de luz, recebendo os visitantes no início do percurso que segue depois pela Gruta do Labirinto. Reflection tem a assinatura do coletivo Oskar & Gaspar e partiu do património natural e construído. "O espaço obriga uma contenção natural", assume Guillaume Alatak, gestor do projeto. No meio da natureza estarão robôs de luz, e as colunas de onde sai a música de Holly. As árvores agitam-se com pirilampos de laser. Uma fauna para conhecer até domingo, das 21.00 às 24.00. A entrada é gratuita.

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