Zigurfest: Um passeio guiado ao som da "melhor nova música portuguesa"

Tem hoje início mas uma edição do festival, que volta a transformar o centro histórico de Lamego um imenso palco, onde até sábado vão passar mais de duas dezenas de concertos de nomes como Vaiapraia e as Rainhas do Baile, Lavoisier, Sei Miguel, Allen Halloween ou Scúru Fitchádu, entre outros
Publicado a
Atualizado a

Foi há cerca de oito anos e como muitas vezes acontece em histórias como esta, tudo nasceu da vontade de um grupo de amigos da terra, que neste caso é Lamego. António Cardoso, o atual "responsável pela comunicação" do Zigurfest, que desde então colocou a cidade do distrito de Viseu no mapa nacional dos festivais, como uma ativa montra da nova música portuguesa mais alternativa, fazia parte desse núcleo inicial, como recorda agora ao DN. Alguns eram músicos e atual diretor executivo do festival, Afonso Lima, tinha acabado de criar a editora e promotora ZigurArtists, que acabaria por estar na génese do festival. "Foi um desafio que a direção do Teatro Ribeiro Conceição nos apresentou e nós aceitámos", recorda António, hoje com 26 anos e na altura pouco mais que um adolescente, tal como os restantes companheiros - Hoje, o grupo é mais alargado e já inclui pessoas que não são de Lamego. A primeira edição aconteceu em 2011 e contou com a presença de nomes como Peixe:Avião e Dear Telephone.

Nos dois primeiros anos, o festival teve como cenário o Teatro Ribeiro Conceição e só em 2013, como recorda António, começou a tomar forma o atual modelo, de se expandir por diversos locais da cidade. "Começámos por fazer alguns concertos na Rua da Olaria, que foi em tempos uma importante artéria comercial mas nos últimos anos se tornou no centro da noite de Lamego e, a partir daí, fomos alargando e espalhando o festival pela cidade", explica. Este ano, os espetáculos do Zigurfest realizam-se em 8 locais diferentes: Alameda, Castelo, Rua da Olaria, Teatro Ribeiro Conceição, Sala Grão Vasco do Museu de Lamego, Núcleo Arqueológico da Casa dos Figos, Capela da Nossa Senhora da Esperança e Largo da Cisterna. "O grande objetivo do festival é dar a descobrir a cidade e, ao mesmo tempo, dar a conhecer nomes emergentes da música portuguesa, pondo-os a atuar nesses locais", explica. É essa "programação de antecipação" que, na opinião da organização, acaba dar uma "papel diferenciador" ao Zigurfest. "São vários os exemplos de artistas que passaram por cá e, anos depois, se tornaram nomes consagrados e presença habitual nos maiores festivais, como o Alive, o Primavera ou o Paredes de Coura".

Este ano, destaca, por exemplo, Allen Halloween como "um dos nomes mais fortes de uma programação híbrida entre emergentes e um ou dois nomes mais consagrados", entre os quais inclui também o trombetista Sei Miguel ou a dupla Lavoisier. Quanto aos emergentes, aconselha os concertos de gente como Mathilde, Gume, Savage OHMS e Dullmeea, marcado já para hoje à noite, na sala Grão Vasco do Museu de Lamego, no qual a contemporaneidade da música vai contrastar com o classicismo do espaço. Além dos espetáculos musicas, haverá também, como já é tradição, diversas atividades paralelas, como residências artísticas, workshops, duas instalações sonoras na Igreja do Desterro e no Museu Diocesano e outras duas instalações visuais no Museu de Lamego.

"Essa também é a finalidade do festival, contribuir para redescobrir os espaços a partir de um programa desafiante". E como é que a cidade reage a esse desafio? António hesita, sabe que "Lamego é uma cidade do interior, algo envelhecida e um pouco conservadora". Portanto, acrescenta, "só há pouco tempo se começou a ter noção do real impacto do festival". Os primeiros a reconhecê-lo foram os comerciantes, em espacial a partir do momento em que o festival se começou a espalhar pela cidade. No ano passado, terão passado pelo festival cerca de 3500 pessoas, segundo uma "contabilização não muito rigorosa, feita por equipas no terreno". O número exato é sempre difícil de obter, porque a maior parte dos palcos são na rua e abertos ao público. Este ano e ao contrário do que aconteceu até aqui, em que os concertos principais, no teatro, eram cobrados, todos os espetáculos são de entrada livre. "Temos um modelo muito diferente do que é costume nos festivais de música, mais direcionado para o comércio local e não tanto para o lucro de um patrocinador". Outra novidade da presente edição é a existência, pela primeira vez, de um recinto para campismo, junto ao Complexo Desportivo de Lamego, numa zona verde com muita sombra, instalações sanitárias permanentes e água quente para os banhos. O espaço, inicialmente pensado para 50 tendas, teve de ser ampliado para o dobro e também ele já se encontra lotado.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt