Yoga à prova de idade
Diante do círculo de alunos sentados no chão ao som de taças tibetanas, onze almas tranquilas desejosas de aprender, Clotilde Ferreira está no sétimo céu. Que melhor forma de começar o dia do que trabalhando a coluna cervical, as pernas, os chakras, a inspirar e subir os braços, captando energia com as mãos? Ou passar da postura de mesa yoga, de gatas, à montanha de pé, respirando e alongando como se fossem tocar no teto?
O que quer que seja preciso fazer na aula - borboletas, pinças, cobras, arcos, tartarugas, meias-luas, saudação ao sol -, Clô pode tudo, ainda capaz de se dobrar e torcer como uma erva aos 92 anos, enquanto os mais novos reclamam do esforço. É ela a mais antiga professora de yoga no ativo em Portugal, uma espécie de oitava maravilha, pequena e enxuta. Os alunos garantem que os faz descobrir músculos que desconheciam possuir, ao passo que a cabeça se liberta de preocupações.
«Digo muitas vezes que temos de pensar no nosso corpo como uma árvore, à qual devemos dar amor, mas sobretudo compreender», explica a eterna aprendiz, para quem parar é morrer. «É suposto irmos sendo capazes de transpor o que fazemos no tapete do yoga para a nossa vida. A idade não trava ninguém que não queira ser travado. Há dois mil e quinhentos anos, Buda ensinou que somos o que pensamos e eu penso que a vida é uma procura constante, e o yoga uma coisa muito séria. Tenho tempo de ficar sossegada quando estiver na caixinha.» Por agora, prefere continuar a viver. Sempre que vai para o Ginásio Clube Português dar aulas, de segunda a sábado, passa no jardim das Amoreiras, em Lisboa, e fala com as Ginkgo bilobas, as suas preferidas. Gosta de abraçá-las, pedir-lhes que a inspirem com a sua infinita sabedoria.
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