Vladimir Ivanovich. Foi este o nome de código usado pelo homem que fez a ligação entre os autodenominados líderes da chamada República Popular de Donetsk e o Kremlin. O site de investigação Bellingcat identifica Vladimir Ivanovich como Andrey Ivanovich Burlaka, coronel da FSB (a agência de serviços de informação que sucedeu ao KGB) e chefe de Operações do Serviço de Fronteiras da agência..Burlaka desempenha um cargo de topo na hierarquia do Kremlin. É também vice do diretor do Serviço de Fronteiras do FSB, que por sua vez é vice do diretor da FSB, Alexander Bortnikov..Este alto funcionário russo, que permaneceu não identificado na investigação criminal, desempenhou um papel crucial na supervisão das operações militares no leste da Ucrânia e no controlo do fluxo de armas através da fronteira..No dia 17 de julho de 2014, o voo MH17 da Malaysian Airlines, que seguia de Amesterdão para Kuala Lumpur com 298 passageiros a bordo foi abatido na zona de conflito na Ucrânia. Não houve sobreviventes..O Boeing 777 caiu numa zona controlada pelos ucranianos pró-russos no auge do conflito entre as forças militares do governo e os separatistas. Num primeiro momento houve troca de acusações e até circulou que teria sido um avião de caça ucraniano a abater a aeronave de passageiros..Mais tarde, com os serviços secretos norte-americanos a apontar a Rússia como o autor provável do ataque, Moscovo negou qualquer envolvimento e garantiu que o míssil foi disparado do território detido pelas forças ucranianas. Uma versão que mantém..Na sequência do ocorrido decorreram duas investigações lideradas pelos holandeses; uma de natureza técnica e outra criminal. Desde cedo se estabeleceu que a queda do avião se deveu a um ataque com um míssil terra-ar..Em 19 de junho do ano passado a equipa internacional responsável pela investigação do ataque ao voo MH17 da Malaysian Airlines, no leste da Ucrânia, em julho de 2014, acusou quatro indivíduos: os russos Igor Girkin (à época autointitulado ministro da Defesa da República Popular de Donetsk), Sergey Dubinsky (dirigia os serviços de informações dos separatistas) e Oleg Pulatov (ex-tenente coronel) e ainda o ucraniano Leonid Kharchenko, de estarem envolvidos na queda do avião..As primeiras provas do caso MH17 foram descobertas pelo site fundado pelo jornalista britânico Eliot Higgins, Bellingcat. Este órgão de investigação coletiva online encontrou logo no dia do ataque vídeos e fotos online que vieram a revelar-se preciosos, sendo o mais importante a deteção de um sistema de mísseis russos Buk na parte de trás de um camião de caixa aberta..Recorrendo às ferramentas de código aberto e à geolocalização, os colaboradores do Bellingcat rastrearam o sistema de mísseis até à sua origem suspeita, uma base militar russa em Kursk, fronteiro ao leste da Ucrânia.."E em Kursk, há uma brigada com mísseis chamada 53.ª Brigada de Defesa Aérea, e conseguimos concluir com certeza que o lançador de mísseis veio dessa brigada em particular", disse Higgins ao programa 60 Minutes da CBS..A equipa internacional de investigação, que juntou profissionais holandeses, malaios, australianos e ucranianos, acabaria por validar as conclusões do Bellingcat como parte da sua investigação mais vasta, que incluiu provas materiais como estilhaços do míssil Buk encontrados nos corpos da tripulação do MH17, telefonemas intercetados e depoimentos de testemunhas oculares e de peritos forenses..Agora, Bellingcat, com a ajuda do russo The Insider, voltou a dar cartas. Da investigação levada a cabo pela equipa internacional para o julgamento foram publicadas transcrições de telefonemas e Vladimir Ivanovich era personagem central para a entrega de material militar aos designados líderes separatistas..Foi num trabalho de meses a percorrer bases de dados, chats e números de telemóvel que identificaram, primeiro um Vladimir Ivanovich Burlak, e depois o verdadeiro nome, Andrey Ivanovich Burlaka..O passo seguinte foi comparar a voz de uma chamada intercetada com a de um programa televisivo em que Burlaka prestou declarações. A forma como chegaram a esse programa demonstra que o acaso faz parte de uma investigação bem-sucedida. Encontraram a imagem da entrevista numa fotografia de um televisor à venda num site. A partir daí identificaram o canal televisivo (TV Zvezda) e um programa dedicado ao serviço de fronteiras..Especialistas da Universidade de Denver, no Colorado, compararam as gravações áudio e concluíram que há uma razoável correspondência de identidade..Depois, já com o nome do agente russo, o coletivo de investigação encontrou as listas de passageiros de voos naquele período de tempo. E em 2014 e 2015 Burlaka voou frequentemente de Moscovo para Rostov, para a Crimeia e para Krasnodar, os três centros das operações militares contra a Ucrânia..As suas viagens coincidem também com a cronologia das presenças conhecidas na Ucrânia ou perto da fronteira ucraniana que podem ser deduzidas a partir das escutas. Por exemplo, Andrey Burlaka chegou de Moscovo a Rostov na manhã de 15 de julho de 2014 e partiu no final da tarde de dia 18, um dia após o atentado do MH17..Segundo o que Bellingcat apurou, Andrey Burlaka nasceu em 1965, numa localidade chamada Sovetskaya Gavan (Paraíso Soviético), no extremo oriental do país e a norte do Japão. Em 1986, formou-se no Instituto de Serviço de Fronteiras em Moscovo, tendo depois sido enviado para as fronteiras da União Soviética com o Afeganistão e o Irão..Na Rússia pós-soviética, Burlaka recicla-se e forma-se na recém-criada agência Serviço Federal de Segurança (FSB), em 1995, e foi então enviado para as unidades regionais no extremo oriente, onde a partir de 2007 exerceu cargos de chefia.
Vladimir Ivanovich. Foi este o nome de código usado pelo homem que fez a ligação entre os autodenominados líderes da chamada República Popular de Donetsk e o Kremlin. O site de investigação Bellingcat identifica Vladimir Ivanovich como Andrey Ivanovich Burlaka, coronel da FSB (a agência de serviços de informação que sucedeu ao KGB) e chefe de Operações do Serviço de Fronteiras da agência..Burlaka desempenha um cargo de topo na hierarquia do Kremlin. É também vice do diretor do Serviço de Fronteiras do FSB, que por sua vez é vice do diretor da FSB, Alexander Bortnikov..Este alto funcionário russo, que permaneceu não identificado na investigação criminal, desempenhou um papel crucial na supervisão das operações militares no leste da Ucrânia e no controlo do fluxo de armas através da fronteira..No dia 17 de julho de 2014, o voo MH17 da Malaysian Airlines, que seguia de Amesterdão para Kuala Lumpur com 298 passageiros a bordo foi abatido na zona de conflito na Ucrânia. Não houve sobreviventes..O Boeing 777 caiu numa zona controlada pelos ucranianos pró-russos no auge do conflito entre as forças militares do governo e os separatistas. Num primeiro momento houve troca de acusações e até circulou que teria sido um avião de caça ucraniano a abater a aeronave de passageiros..Mais tarde, com os serviços secretos norte-americanos a apontar a Rússia como o autor provável do ataque, Moscovo negou qualquer envolvimento e garantiu que o míssil foi disparado do território detido pelas forças ucranianas. Uma versão que mantém..Na sequência do ocorrido decorreram duas investigações lideradas pelos holandeses; uma de natureza técnica e outra criminal. Desde cedo se estabeleceu que a queda do avião se deveu a um ataque com um míssil terra-ar..Em 19 de junho do ano passado a equipa internacional responsável pela investigação do ataque ao voo MH17 da Malaysian Airlines, no leste da Ucrânia, em julho de 2014, acusou quatro indivíduos: os russos Igor Girkin (à época autointitulado ministro da Defesa da República Popular de Donetsk), Sergey Dubinsky (dirigia os serviços de informações dos separatistas) e Oleg Pulatov (ex-tenente coronel) e ainda o ucraniano Leonid Kharchenko, de estarem envolvidos na queda do avião..As primeiras provas do caso MH17 foram descobertas pelo site fundado pelo jornalista britânico Eliot Higgins, Bellingcat. Este órgão de investigação coletiva online encontrou logo no dia do ataque vídeos e fotos online que vieram a revelar-se preciosos, sendo o mais importante a deteção de um sistema de mísseis russos Buk na parte de trás de um camião de caixa aberta..Recorrendo às ferramentas de código aberto e à geolocalização, os colaboradores do Bellingcat rastrearam o sistema de mísseis até à sua origem suspeita, uma base militar russa em Kursk, fronteiro ao leste da Ucrânia.."E em Kursk, há uma brigada com mísseis chamada 53.ª Brigada de Defesa Aérea, e conseguimos concluir com certeza que o lançador de mísseis veio dessa brigada em particular", disse Higgins ao programa 60 Minutes da CBS..A equipa internacional de investigação, que juntou profissionais holandeses, malaios, australianos e ucranianos, acabaria por validar as conclusões do Bellingcat como parte da sua investigação mais vasta, que incluiu provas materiais como estilhaços do míssil Buk encontrados nos corpos da tripulação do MH17, telefonemas intercetados e depoimentos de testemunhas oculares e de peritos forenses..Agora, Bellingcat, com a ajuda do russo The Insider, voltou a dar cartas. Da investigação levada a cabo pela equipa internacional para o julgamento foram publicadas transcrições de telefonemas e Vladimir Ivanovich era personagem central para a entrega de material militar aos designados líderes separatistas..Foi num trabalho de meses a percorrer bases de dados, chats e números de telemóvel que identificaram, primeiro um Vladimir Ivanovich Burlak, e depois o verdadeiro nome, Andrey Ivanovich Burlaka..O passo seguinte foi comparar a voz de uma chamada intercetada com a de um programa televisivo em que Burlaka prestou declarações. A forma como chegaram a esse programa demonstra que o acaso faz parte de uma investigação bem-sucedida. Encontraram a imagem da entrevista numa fotografia de um televisor à venda num site. A partir daí identificaram o canal televisivo (TV Zvezda) e um programa dedicado ao serviço de fronteiras..Especialistas da Universidade de Denver, no Colorado, compararam as gravações áudio e concluíram que há uma razoável correspondência de identidade..Depois, já com o nome do agente russo, o coletivo de investigação encontrou as listas de passageiros de voos naquele período de tempo. E em 2014 e 2015 Burlaka voou frequentemente de Moscovo para Rostov, para a Crimeia e para Krasnodar, os três centros das operações militares contra a Ucrânia..As suas viagens coincidem também com a cronologia das presenças conhecidas na Ucrânia ou perto da fronteira ucraniana que podem ser deduzidas a partir das escutas. Por exemplo, Andrey Burlaka chegou de Moscovo a Rostov na manhã de 15 de julho de 2014 e partiu no final da tarde de dia 18, um dia após o atentado do MH17..Segundo o que Bellingcat apurou, Andrey Burlaka nasceu em 1965, numa localidade chamada Sovetskaya Gavan (Paraíso Soviético), no extremo oriental do país e a norte do Japão. Em 1986, formou-se no Instituto de Serviço de Fronteiras em Moscovo, tendo depois sido enviado para as fronteiras da União Soviética com o Afeganistão e o Irão..Na Rússia pós-soviética, Burlaka recicla-se e forma-se na recém-criada agência Serviço Federal de Segurança (FSB), em 1995, e foi então enviado para as unidades regionais no extremo oriente, onde a partir de 2007 exerceu cargos de chefia.