Uma consequência imediata da saída de cena da chanceler Angela Merkel é a de que Emmanuel Macron passa a ser o homem forte da Europa. Ao presidente francês essa perspetiva será fraco consolo se, todavia, for incapaz de conseguir levar por diante a sua agenda, pelo que o Eliseu é um dos principais interessados no sucesso e rapidez das negociações entre os partidos alemães para se formar um governo..Para o presidente francês muito se joga nos próximos meses: a partir de 1 de janeiro a França sucede à Eslovénia na presidência do Conselho da UE e em abril os franceses têm a primeira volta das eleições presidenciais (às quais Macron ainda não anunciou ser candidato, embora ninguém acredite noutro cenário). Um dos dossiês que Paris quer dar um impulso decisivo é o da "autonomia estratégica" da União Europeia face aos Estados Unidos, tendo em conta a forma como se desenrolou a saída do Afeganistão e sobretudo o pacto de Austrália, Estados Unidos e Reino Unido para o Indo-Pacífico..A ideia já tinha sido apresentada antes destas crises: em maio, 14 países, com França e Alemanha à cabeça, propuseram a formação de uma unidade militar de intervenção rápida, ideia que em setembro recebeu apoios da presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, e do chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell..Além da defesa, são esperadas iniciativas ao nível da recuperação económica, da migração - com a reforma do direito de asilo -, no ambiente, e a materialização da muito propalada taxa aos gigantes da internet. Mas em todos os temas Macron precisa do apoio do vizinho alemão. Porém, "França poderá ter de esperar", prevê Alexandre Robinet-Borgomano, do Institut Montaigne, em declarações à AFP..A repetição do sucedido nas eleições anteriores, em 2017, é o pior possível para o chefe de Estado francês. Foram seis meses de negociações, que redundaram em falhanço entre liberais e Verdes, tendo de se reeditar a grande coligação (conservadores e sociais-democratas). Desta vez, os dirigentes das formações então desentendidas são os primeiros a tentar chegar a uma base de entendimento. E o principal candidato a chanceler, Olaf Scholz, expressou confiança de que, o mais tardar no Natal, há um novo executivo e respetivo chefe. "E espero bem antes", disse o dirigente do SPD..Paciência germânica no tiro de partida para as negociações de coligação .As fontes do governo francês consultadas pela AFP asseguram que não há qualquer preferência pelo futuro chanceler, seja Scholz, seja o democrata-cristão Armin Laschet. "São ambos compatíveis com Macron", disse uma fonte. O mesmo não se pode dizer dos partidos mais pequenos que, em princípio, estarão na coligação alemã. Os liberais são fervorosos defensores da disciplina fiscal e das regras do pacto fiscal europeu que proíbe o endividamento excessivo e os défices, o que poderá ser um escolho para um provável segundo plano económico de recuperação. O líder dos liberais, Christian Lindner, ambiciona a pasta das Finanças. Já os Verdes poderão entrar em conflito com os planos de Macron em aceder a financiamento europeu para modernizar o parque de centrais nucleares, uma vez que os ambientalistas alemães querem o fim deste tipo de energia..cesar.avo@dn.pt
Uma consequência imediata da saída de cena da chanceler Angela Merkel é a de que Emmanuel Macron passa a ser o homem forte da Europa. Ao presidente francês essa perspetiva será fraco consolo se, todavia, for incapaz de conseguir levar por diante a sua agenda, pelo que o Eliseu é um dos principais interessados no sucesso e rapidez das negociações entre os partidos alemães para se formar um governo..Para o presidente francês muito se joga nos próximos meses: a partir de 1 de janeiro a França sucede à Eslovénia na presidência do Conselho da UE e em abril os franceses têm a primeira volta das eleições presidenciais (às quais Macron ainda não anunciou ser candidato, embora ninguém acredite noutro cenário). Um dos dossiês que Paris quer dar um impulso decisivo é o da "autonomia estratégica" da União Europeia face aos Estados Unidos, tendo em conta a forma como se desenrolou a saída do Afeganistão e sobretudo o pacto de Austrália, Estados Unidos e Reino Unido para o Indo-Pacífico..A ideia já tinha sido apresentada antes destas crises: em maio, 14 países, com França e Alemanha à cabeça, propuseram a formação de uma unidade militar de intervenção rápida, ideia que em setembro recebeu apoios da presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, e do chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell..Além da defesa, são esperadas iniciativas ao nível da recuperação económica, da migração - com a reforma do direito de asilo -, no ambiente, e a materialização da muito propalada taxa aos gigantes da internet. Mas em todos os temas Macron precisa do apoio do vizinho alemão. Porém, "França poderá ter de esperar", prevê Alexandre Robinet-Borgomano, do Institut Montaigne, em declarações à AFP..A repetição do sucedido nas eleições anteriores, em 2017, é o pior possível para o chefe de Estado francês. Foram seis meses de negociações, que redundaram em falhanço entre liberais e Verdes, tendo de se reeditar a grande coligação (conservadores e sociais-democratas). Desta vez, os dirigentes das formações então desentendidas são os primeiros a tentar chegar a uma base de entendimento. E o principal candidato a chanceler, Olaf Scholz, expressou confiança de que, o mais tardar no Natal, há um novo executivo e respetivo chefe. "E espero bem antes", disse o dirigente do SPD..Paciência germânica no tiro de partida para as negociações de coligação .As fontes do governo francês consultadas pela AFP asseguram que não há qualquer preferência pelo futuro chanceler, seja Scholz, seja o democrata-cristão Armin Laschet. "São ambos compatíveis com Macron", disse uma fonte. O mesmo não se pode dizer dos partidos mais pequenos que, em princípio, estarão na coligação alemã. Os liberais são fervorosos defensores da disciplina fiscal e das regras do pacto fiscal europeu que proíbe o endividamento excessivo e os défices, o que poderá ser um escolho para um provável segundo plano económico de recuperação. O líder dos liberais, Christian Lindner, ambiciona a pasta das Finanças. Já os Verdes poderão entrar em conflito com os planos de Macron em aceder a financiamento europeu para modernizar o parque de centrais nucleares, uma vez que os ambientalistas alemães querem o fim deste tipo de energia..cesar.avo@dn.pt