Viva Leonard Bernstein!
De que falamos quando falamos de Leonard Bernstein? Neste dia em que celebramos o seu centenário - nasceu a 15 de agosto de 1918, em Lawrence, Massachusetts -, valerá a pena recordar, antes do mais, a sua dimensão de pedagogo. Ele é, afinal, a figura carismática dos "Concertos para Jovens", realizados no Lincoln Center, em Nova Iorque, emitidos pela CBS no período 1958-1972 (e matéria de aprendizagem e fascínio para muitos adolescentes de todo o mundo, incluindo Portugal, através da RTP). Eis um exemplo: primeira parte do programa emitido a 6 de Novembro de 1964, dedicado às sonatas.
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A condição de maestro (sem esquecer os seus dotes de pianista) será, sem dúvida, um elemento essencial para enquadrar a pluralidade do seu próprio trabalho enquanto compositor. Falecido em 1990, contava 72 anos, Bernstein deixou, de facto, uma obra imensa em que coexistem as matrizes mais "tradicionais" como a sinfonia, a ópera ou o bailado, a par de admiráveis "desvios" pelo teatro da Broadway ou as bandas sonoras cinematográficas (site oficial).
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No domínio operático, Candide, inspirado na personagem de Voltaire, será, por certo, uma das suas composições mais famosas (a sátira filosófica de Voltaire, celebrando o prazer utópico do conhecimento face às atribulações do mundo real, foi publicada em 1759). Depois da estreia, em 1956, o libretto foi várias vezes revisto, tal como a música, tendo Bernstein estabelecido a "versão final" em 1989. Num registo desse ano, eis a abertura, com o autor a dirigir a London Sympnhony Orchestra.
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A sua relação com o cinema nem sempre será tão lembrada, quanto mais não seja pelo reduzido número de filmes em que esteve envolvido. Não mais de três, na verdade. No primeiro, Um Dia em Nova Iorque (1949), de Stanley Donen e Gene Kelly, foram usados apenas alguns dos seus temas, originalmente compostos para o musical On the Town, estreado na Broadway em 1944. Os dois outros são clássicos absolutos: Há Lodo no Cais (1954), de Elia Kazan, e West Side Story (1961), de Robert Wise e Jerome Robbins. Eis uma cena emblemática de Há Lodo no Cais, com a música de Bernstein a envolver Marlon Brando e Eva Marie Saint.
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West Side Story persiste como uma referência incontornável na história do género musical, sendo mesmo por vezes encarado como uma espécie de "ponto final" na idade de ouro do género. De um ponto de vista simbólico, a sua actualidade é tanto maior quanto nele se celebra uma América capaz de integrar os contrastes e contradições de uma população de muitas origens geográficas e culturais - por alguma razão, Steven Spielberg está a trabalhar num "remake" de West Side Story (ainda sem data de lançamento). Celebrando Bernstein e as muitas maravilhas da sua herança artística, vale a pena revermos a cena da canção "America", além do mais um pequeno prodígio coreográfico.
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