O sacrifício de Parker num fogo sem chamas

A viagem inédita de Parker à atmosfera do Sol. O seu nome deve-se ao físico que previu os ventos solares
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Chama-se Parker a nave que vai ser carbonizada pelo Sol na primeira grande investigação humana para estudar a nossa estrela, mas antes do seu fim acontecer entrará na sua atmosfera e recolherá informações inéditas. Para obter estas informações, a NASA vai despender 1200 milhões de euros.

O objetivo da agência espacial norte-americana, é estudar o interior da coroa solar, uma situação só possível porque, ao contrário do que é normal, no Sol a temperatura é mais baixa à superfície do que à distância. Mesmo assim a temperatura é de 6000 graus, nada comparável ao milhão de graus exterior.

Por isso, a nave Parker conta com um escudo protetor feito em carbono que alcançará a mesma temperatura a que o ferro derrete, 1400 graus, mesmo assim capaz de proteger os quatro instrumentos que vão analisar os eletrões, os protões, os núcleos atómicos e os átomos de hélio, que caracterizam a atmosfera solar, bem como tentar encontrar uma explicação para os ventos solares que criam tempestades solares que atingem a Terra e provocam grandes alterações nos campos magnéticos.

A viagem até ao Sol da primeira nave decorrerá entre o próximo dia 11 e até 1 de novembro, momento em que atingirá uma distância de seis milhões de quilómetros da estrela, uma ínfima parte dos 150 milhões de quilómetros que separam o Sol do nosso planeta. Ao chegar a este ponto, a Parker iniciará a primeira de sete primeiras órbitas em torno do Sol, para a qual se beneficiará da atração de Vénus durante essas primeiras órbitas de forma a diminuir a sua velocidade, que a gravidade do Sol aumentará em cerca de duzentos quilómetros por segundo durante a aproximação.

A partir da sua estabilização, a Parker iniciará vinte e cinco órbitas em redor do Sol até ao ano 2025, isto se os seus motores e os painéis solares mantiverem a nave numa posição correta, com o escudo térmico virado para a fonte de calor, até que o fim do combustível fará com que a Parker se aproxime demasiado da estrela e se derreta por inteiro.

A nave chama-se Parker em homenagem ao físico americano, Eugene Parker, que em 1958 previu a existência dos ventos solares, uma teoria que foi muito criticada na altura e que só em 1962 foi confirmada pela sonda Mariner II, numa viagem de exploração espacial a Vénus.

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