Mais de 20 milhões de venezuelanos decidem em referendo, hoje, 3 de dezembro, se o país deve anexar Essequibo, região que representa quase 75% da área da vizinha Guiana. A decisão de consultar o povo foi tomada há cerca de um mês pelo presidente venezuelano Nicolás Maduro, um defensor da anexação. Em caso de vitória do "sim" às cinco perguntas efetuadas à população, o governo de Caracas resolverá, depois, quais os passos seguintes.."Essequibo é nosso", já disse Maduro, que quer que o tema seja central nas eleições marcadas para outubro de 2024, e lê-se em cartazes espalhados pelo país a propósito de uma região com 159,500 km2 (Portugal tem 92,212), onde em 2015 a petrolífera americana Exxon-Mobil encontrou vastas reservas de petróleo..O território foi atribuído ao Reino Unido em 1899 como herança dos Países Baixos, de acordo com o Laudo de Paris, resolução considerada fraudulenta pela Venezuela. Em 1966, no chamado Acordo de Genebra, a diplomacia de Caracas conseguiu que Londres reconhecesse o direito a discutir a posse da região. O caso nunca foi esquecido pela Venezuela mas voltou em força nos últimos anos, após a descoberta de campos vasos de hidrocarbonetos no litoral de Essequibo pela Exxon-Mobil..Do lado da Guiana, o presidente Irfaan Ali já considerou o referendo "ilegal, provocativo e juridicamente nulo". Georgetown, a capital de um país com menos de um milhão de habitantes, pediu, entretanto, apoio ao Departamento de Estado dos EUA, o que motivou repúdio venezuelano, uma vez que, além de cerca de 3400 agentes da polícia, não tem forças armadas..Além dos EUA e do Reino Unido, outro país atento ao processo é o Brasil, que já reforçou a fronteira tripla entre os países. O governo de Lula da Silva, que mantém boas relações com o de Maduro, enviou diplomatas a Caracas para tentar evitar que a questão derive em conflito armado, o que, para já, é visto como provável, por alguns académicos, e inevitável, por outros.