A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, advertiu hoje que a situação na Venezuela coloca em risco a estabilidade da América Latina e de todo mundo, na abertura da primeira reunião do Grupo de Contacto Internacional, em Montevidéu (Uruguai).."A tarefa que temos diante de nós é urgente e essa urgência surge do agravamento da situação que corre o risco de desestabilizar a região e não apenas a região", declarou a Alta Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, a italiana Federica Mogherini, no início do encontro do grupo que tem como meta definir um plano, em 90 dias, para um futuro processo político pacífico na Venezuela..Na intervenção, a representante europeia destacou que esta reunião procura "contribuir para uma solução política e pacífica" da crise venezuelana.."Este não é apenas o melhor resultado desejável, mas o único resultado possível se quisermos evitar mais sofrimento", sublinhou..Mogherini referiu que este grupo de contacto foi estabelecido (a 31 de janeiro) porque é "necessário e urgente para reagir e tentar abrir novos espaços políticos".."Informei as Nações Unidas, os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, a Santa Sé e vários países da região e outros atores internacionais sobre o estabelecimento do grupo de contacto e tenho a intenção de manter esses contactos", prosseguiu..Grupo de Contacto Internacional.Nesta primeira reunião ministerial do designado Grupo de Contacto Internacional (GCI), a UE está representada por Mogherini e por oito Estados-membros do bloco comunitário (Portugal, Espanha, Itália, França, Alemanha, Reino Unido, Holanda e Suécia)..Portugal está representado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva..Participam, do lado da América Latina, Bolívia, Costa Rica, Equador, Uruguai e México..A tensão política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o presidente da Assembleia Nacional (parlamento), Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente interino da Venezuela e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro..Após a sua autoproclamação, Guaidó, de 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres..Nicolás Maduro, de 56 anos, chefe de Estado desde 2013, denunciou a iniciativa do presidente do parlamento, no qual a oposição tem maioria, como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos da América..Desde então, Juan Guaidó tem vindo a ganhar o reconhecimento de vários países, nomeadamente de Portugal..Mogherini assegurou hoje queo objetivo do grupo "não é impor processos ou soluções aos venezuelanos", porque a resposta para resolver a crise "deve vir do povo da Venezuela".."O objetivo não é estabelecer uma mediação ou uma negociação direta, mas acreditamos que uma iniciativa internacional é importante para acompanhar uma saída pacífica e democrática através de eleições presidenciais livres, transparentes e credíveis", disse.."É fundamental evitar a violência interna e a intervenção externa, e abrir um caminho para um processo político credível que conduza a eleições antecipadas", acrescentou..A chefe da diplomacia europeia também pediu um "esforço comum" para que a ajuda humanitária chegue a Venezuela e que essa assistência seja distribuída "da melhor maneira possível"..A UE considerou "essencial" que exista uma representação "equilibrada" dentro deste grupo de contacto, que tem um mandato de trabalho limitado de 90 dias..Dos atuais 13 países que integram o grupo, apenas quatro (Bolívia, Itália, México e Uruguai) não reconheceram formalmente até à data Guaidó como Presidente interino da Venezuela..A crise política na Venezuela, onde residem cerca de 300 mil portugueses ou lusodescendentes, soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU).