Vendidos dez mil terços do centenário e 3000 T-shirts e chapéus do Papa
O terço do centenário, que na verdade é o terço do Santuário, é o líder das vendas em Fátima no ano em que se celebra o centenário das aparições e o Papa visita o país. Um ano especial que incrementou o merchandising religioso, envolvendo desde pequenas lembranças aos jogos para telemóveis. Diariamente publicam-se livros, cerca de meia centena de 2016 a 2017, o que não se via desde as celebrações dos 100 anos da 1.ª República, na altura chegou-se à centena de títulos.
Segundo dados do Santuário, já se venderam 1500 t-shirts, 1000 bonés, 500 panamás, 550 lenços triangulares de pescoço e 620 lenços do adeus. E perto de dez mil terços. Esta liderança compreende-se pela data em que foi lançado no mercado - desde outubro que se pode comprar. Porém, a ideia de lançar este produto já existia muito tempo antes. O primeiro exemplar foi oferecido a Bento XVI.
Já os comerciantes estão menos otimistas. "Temos vendido o terço do centenário e pouco mais", lamenta-se Lucinda Neves, funcionária da Loja da Jacinta. "Está muito parado. Vem muita gente, mas as pessoas não compram. Já estamos habituados, Fátima não é o que as pessoas pensam."
A lojista confirma os dados do Santuário de Fátima que indicam um aumento dos visitantes para todo o ano de 2017, e não apenas nas datas referidas como sendo as das aparições. "Vêm pela paz, não para comprar coisas." Lucinda Neves vende o terço, uma ou outra lembrança religiosa, mas as t-shirts, bonés e lenços alusivos ao Papa é que tardam a sair. "Quem gosta disso é a gente nova e a gente nova não compra." O merchandising relativo a Francisco, branco e com um coração, foi lançado recentemente e está a ser pedido sobretudo pelas dioceses, paróquias e organizações religiosas.
Oficialmente, foram publicados dois livros e DVD, lançado o hino do centenário e patrocinada uma aplicação para telemóveis, o Jogo dos Pastorinhos, que conta com mais de sete mil downloads. E são apoiados mais de 150 eventos culturais, nomeadamente o musical Entre o céu e a terra, com a atriz Sofia Escobar. As comemorações encerram a 13 de outubro, com o coro e a Orquestra Gulbenkian, dirigidos por Joana Carneiro, e as obras compostas por James MacMillan e Eurico Carrapatoso. São muitas as publicações culturais, desde a literatura à cinematografia - o mais recente filme chama-se Fátima e foi realizado por João Canijo.
Fátima pode ser funny
Multiplicam-se os artigos sobre Fátima e a Igreja Católica, mas Cátia Pereira, psicóloga, e o marido, técnico de desporto adaptado, encontraram um nicho de mercado. "Sentimos que fazia falta uma versão divertida da imagem tradicional, que refletisse com alegria Fátima e a sua mensagem", conta Cátia. Uma necessidade motivada pelas práticas profissionais e pela experiência na adolescência. "Somos daqui e trabalhámos em lojas de santos, víamos que não havia nada para as crianças e as pessoas acabavam por levar uma bola ou um brinquedo."
A ideia surgiu há um ano mas só em março começaram as vendas. As lojas tradicionais não aderiram inicialmente, só agora começam a fazer devido ao sucesso da empresa nas redes sociais. Trabalham os artigos que fizeram questão de ser produzidos por portugueses. Adaptam os objetos aos acontecimentos que vão desde os babetes às tradicionais canecas. Os produtos mais procurados são as fitas de pulso, os crachás, os babetes e as t-shirts. Outros artistas e fabricantes produziram artigos para a ocasião, como Maria João Bahia. A joalheira apresentou em março a coleção denominada Celebrar Fátima, composta por 13 peças, numa alusão ao dia das aparições.