Variante inglesa atinge quase 60% em Portugal e há duas novas variantes

Novo relatório de situação sobre diversidade genética do SARS-CoV-2 em Portugal mostra ainda que foram detetados até agora cinco casos da variante da África do Sul e dez da variante do Brasil.
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Tal como previsto, a variante inglesa do novo coronavírus é já a dominante em Portugal, representando quase 60 por cento (58,2%) das amostras analisadas pelo Instituto Nacional Dr. Ricardo Jorge (INSA) em fevereiro. Os dados são revelados pelo novo relatório de situação sobre a diversidade genética do vírus, que assinala ainda o surgimento de duas novas variantes em Portugal.

Desde o anterior relatório, publicado a 5 de fevereiro, foram analisadas mais 1085 sequências, refere o INSA. E a variante associada ao Reino Unido foi detetada com uma frequência relativa de 58.2% , num grande incremento relativamente à frequência de 16.0% observada em janeiro. Uma subida, no entanto, antecipada pelos especialistas do INSA e já "estimada a partir dos dados de falha na deteção do gene S pelos testes de diagnóstico RT-PCR, no âmbito do estudo de monitorização contínua desta variante em colaboração com a Direção-Geral da Saúde e o laboratório Unilabs", lembra o comunicado do INSA.

O mais recente relatório de situação refere também que "foram detetados, até à data, cinco casos da variante associada à África do Sul, sendo que apenas se detetou um caso desta variante entre as 861 sequências da amostragem nacional de fevereiro". Ou seja, a circulação desta variante é ainda limitada em Portugal (0.1% na amostragem de fevereiro).

Foram também detetados, na amostragem de fevereiro, mais três casos da variante brasileira 501Y.V3 (P.1), para além dos sete casos previamente notificados (associados a uma única cadeia de transmissão). Esta variante, cujo aparecimento foi associado à região brasileira de Manaus, apresenta assim uma circulação limitada em Portugal (0.4% na amostragem de fevereiro). O INSA contabilizou ainda 15 casos associados à variante P.2, também detetada inicialmente no Brasil e associada a casos de reinfeção.

O relatório de situação sobre diversidade genética do SARS-CoV-2 em Portugal indica também que a variante que em janeiro tinha surpreendido os especialistas do INSA, associada a uma variante originalmente surgida na Califórnia - previamente identificada com a mutação de interesse L452R na proteína Spike e agora designada por C.16 -, estava presente em 5.1% na amostragem de fevereiro, estabilizando face a janeiro. No entanto, manteve uma ampla dispersão nacional, tendo sido detetada já em 45 concelhos, abrangendo 11 distritos de Portugal continental e ambas as Regiões Autónomas.

Para além da variante C.16, o novo relatório do INSA destaca ainda a deteção de duas novas variantes também com a mutação de interesse L452R na proteína Spike, mutação originalmente detetada na variante californiana. Estas duas novas variantes, identificadas como as linhagens A.21 e A.2.4, evidenciam "a emergência independente desta mutação em diferentes variantes/linhagens", o que "corrobora a importância do seu papel biológico", aponta o relatório do INSA.

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