Variante BA.2 da Ómicron já domina em Portugal. Mortalidade ainda elevada

Relatório das Linhas Vermelhas alerta que atividade do SARS-CoV-2 em Portugal ainda é forte, devendo manter-se a vigilância da situação e a manutenção das medidas de proteção individual.
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E m pouco mais de um mês, a linhagem BA.2 da variante Ómicron, detetada pela primeira vez, na Dinamarca, em janeiro, tornou-se dominante também em Portugal. Segundo revela o último relatório sobre as Linhas Vermelhas, elaborado pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) e pela Direção-Geral da Saúde, divulgado na noite de sexta-feira, a linhagem BA.2 já tinha a 3 de março uma frequência da ordem dos 67,5%, deixando para trás a primeira linhagem a ser detetada na África do Sul, no início de dezembro, a BA.1, que teve uma atividade de 32,5%, mas que tinha deixado o mundo em pânico pelo seu elevado grau de contagiosidade.


Mas com a predominância da atividade da BA.2, e como explicou ao DN, o especialista do INSA, João Paulo Gomes, há umas semanas, numa situação destas não há nada que enganar, quer dizer que "a BA.2 ainda é mais contagiosa do que a linhagem BA.1". A sorte, em relação a esta variante, é que não é tão severa quanto a Delta, atacando mais as vias respiratórias superiores, nariz e boca, e não tanto outros órgãos, como os pulmões.

Esta semana, o analista de dados Carlos Antunes, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que integra a equipa que desde o início da pandemia faz a modelação da evolução da doença, defendeu ao DN que o país tinha atingido uma situação confortável em relação ao número de casos, devendo estabilizar nos próximos dias, entre os cinco mil e os dez mil casos.

Ontem, Portugal registou 13 696 novas infeções de covid-19, 20 óbitos, 1189 internados, menos 78 do que no dia anterior, dos quais 85 em cuidados intensivos, mais um do que no dia anterior, mantendo-se assim a tendência de descida que se tem vindo a notar nos últimos dias. O relatório das Linhas Vermelhas confirma também que "o número de pessoas com covid-19 internadas em UCI revelou uma tendência decrescente, correspondendo a 35% (na semana anterior foi de 42%) do valor crítico definido de 255 camas ocupadas".


No entanto, deixa um alerta em relação à mortalidade, que mantém um impacto elevado, apesar de apresentar uma tendência decrescente. Portugal está com uma média de 41,7 óbitos por milhão de habitantes a 14 dias, o que representa "uma classificação do impacto da pandemia como elevado".

Em relação à vacinação, o mesmo relatório refere que "os cidadãos com um esquema vacinal completo tiveram um risco de internamento duas a sete vezes menor do que os cidadãos não vacinados, entre o total de pessoas infetadas em dezembro" e que "os cidadãos com um esquema vacinal completo tiveram um risco de morte duas a seis vezes menor do que os não vacinados, entre o total de infetados em janeiro".


Em relação à dose de reforço, os dados demonstram que "esta reduziu o risco de morte por covid-19 nas pessoas com 80 ou mais anos quase quatro vezes em relação a quem tem o esquema vacinal primário completo. O mesmo foi verificado na população com 65 ou mais anos, "a vacina de reforço conferiu uma proteção elevada, superior ou igual a 94%, em relação a situações mais graves, como internamento hospitalar e óbito".


Na primeira semana de março, a análise dos diferentes indicadores revela também que a atividade epidémica de SARS-CoV-2 ainda é de "intensidade muito elevada", embora com "tendência decrescente em todas as regiões", pelo que as autoridades de saúde recomendam a manutenção da vigilância da situação epidemiológica, das medidas de proteção individual e da vacinação de reforço.

De acordo com o relatório das Linhas Vermelhas, publicado na sexta-feira, o número de novos casos de infeção por SARS-CoV-2 por 100 mil habitantes, acumulado nos últimos 14 dias, foi de 1 420 casos, com tendência decrescente a nível nacional e em todas as regiões do continente.

No grupo etário com idade superior ou igual a 65 anos, o número de novos casos de infeção por SARS-CoV-2 por 100 mil habitantes, acumulado nos últimos 14 dias, ainda é de 878 casos, embora com tendência decrescente a nível nacional. O R(t) apresenta um valor inferior a 1 a nível nacional (0,78) e em todas as regiões, indicando uma tendência decrescente.

A nível nacional, a proporção de testes positivos para SARS-CoV-2 foi de 13,5% (na semana anterior foi de 12,3%), encontrando-se acima do limiar definido de 4,0% e com tendência estável. Observou-se uma diminuição do número de testes para deteção de SARS-CoV-2, realizados nos últimos sete dias.

O Centro de Vacinação da instalado na Feira Internacional de Lisboa (FIL), no Parque das Nações, encerra este domingo. Seundo explicou ao DN, o coronel Carlos Penha Gonçalves, coordenaador do Núcleo de Apoio à Vacinação contra a Covid-19, as necessidades não justificam neste momento um centro com aquela dimensão. No entanto, os cidadãos continuarão a poder vacinar-se nos centros da Ajuda, instalado nos Bombeiros, de Telheiras, no Templo Hindu, e nas Olaias-Areeiro, nos Serviços Sociais da CML. Estes centros voltam a reabrir para contnuarem a responder às necessidades atuais da vacinação.

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