União de vacinas e união de testes. UE tenta coordenar estratégia de combate à covid-19

Líderes europeus vão discutir, por videoconferência, um plano comum para fazer chegar testes e as futuras vacinas a todos os Estados-Membros.
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Os chefes de Estado ou de governo da União Europeia participam esta quinta-feira numa cimeira por videoconferência para discutir a reação "coordenada" à segunda vaga da covid-19.

Na videocimeira extraordinária, o presidente do Conselho Europeu vai pedir aos 27 para fazerem uma avaliação sobre "formas de avanço coletivo" em relação à política de "testes rápidos" para deteção do novo coronavírus.

Ao que o DN apurou, Charles Michel sugere que seja adotada "uma abordagem comum para a aprovação e uso" dos referidos testes, de modo a que os critérios de "desempenho, rastreio e controlo", sejam idênticos e reconhecidos a nível comunitário. Esta estratégia possibilitaria "o reconhecimento mútuo dos testes, em particular, no contexto das viagens dentro da UE".

A estratégia da presidência do Conselho Europeu está em linha com as propostas da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que expressou preocupação perante "uma pressão renovada sobre nossas sociedades, economias, sistemas de saúde e moral pública".

Numa carta enviada pelo seu gabinete para o edifício sede do Conselho Europeu, Von der Leyen salienta que na cimeira de há duas semanas "os líderes concordaram em intensificar o trabalho comum em conjunto, agindo com rapidez e determinação".

"Os líderes também decidiram tratar deste assunto juntos, regularmente", pressionou a presidente da Comissão, que na terça-feira colocou em cima da mesa uma estratégia para resposta de Bruxelas contra a covid-19, em que pede "coordenação" entre os Estados-Membros, em particular no que diz respeito à partilha dos dados recolhidos pelas autoridades sanitárias nacionais, com o Centro Europeu de Controlo e Prevenção de Doenças.

"Isso ajudar-nos-ia a saber onde há disponibilidade de Unidades de Cuidados Intensivos. Ou onde a transferência de doentes para outros países possa ser organizada quando necessário", afirmou para exemplificar a importância da estratégia, "fundamental".

"Vou apelar a uma melhor partilha de dados com a plataforma do centro europeu de controlo e prevenção de doenças", disse, numa conferência de imprensa, em Bruxelas, em que anunciou o que pretende da videocimeira desta quinta-feira.

Como incentivo para uma política de despistagem comum, Ursula promete verbas para que os "testes em massa" cheguem a "todos". "Estamos a mobilizar 100 milhões de euros do instrumento de ajuda de emergência para a aquisição de testes rápidos, que iremos posteriormente distribuir aos Estados-Membros. E vamos lançar uma oferta de compra conjunta para que haja mais [testes] disponíveis", prometeu.

O presidente do Conselho já anunciou que está de acordo e considera que o ponto em cima da mesa "neste momento" é organizar uma "união de testes e de vacinas", retirando o enfoque da "questão das fronteiras".

Porquê? Porque a impressão de Charles Michel é que "já viajamos muito pouco na Europa, uma vez que já há muitas restrições", afirmou ontem numa entrevista em directo na RTL francesa.

Porém, Ursula von der Leyen deverá insistir na questão, apelando aos Estados-Membros para "aplicarem integralmente a recomendação adotada pelo Conselho relativa a uma abordagem comum e coordenada das restrições à livre circulação".

"Os cidadãos e as empresas querem clareza e previsibilidade", já apelou a presidente da Comissão, exigindo que "quaisquer medidas suplementares de controlo das fronteiras internas relacionadas com o covid-19 devem ser levantadas". Nas mais recentes medidas restritivas anunciadas, vários governos, na União Europeia, tem vincado a intenção de garantir a livre circulação no espaço Schengen.

Outra parte da estratégia já anunciada por Bruxelas passa também pela colaboração de "todos" com a "utilização de máscaras e higienização das mãos", além da utilização de aplicações como a StayAway Covid. Por isso, a presidente do executivo comunitário lança o apelo a todos, tendo em conta que "o sucesso da aplicação depende do número de utilizadores".

"52 milhões de utilizadores já fizeram o download. E, eu apelo a todos os utilizadores que façam o mesmo. Cada utilizador conta", disse.

Os 27 vão reunir-se a partir das 17h30, depois de Charles Michel ter convocado a videocimeira, apesar da sua preferência por encontros "cara-a-cara", quando a relevância dos temas em debate o exige, como exemplificou, no caso da mais recente discussão sobre o Brexit, há exatamente duas semanas.

Desta vez, Michel resistiu à tentação de convocar uma cimeira presencial, depois de há duas semanas ter sido duramente criticado, nomeadamente pelas líderes dos governos da Finlândia, Sanna Marin, e da Dinamarca, Mette Frederiksen.

Sanna Marin chegou mesmo a dar orientações a Michel para que, no âmbito das funções de presidente do Conselho Europeu, "avaliasse cuidadosamente", o que tinha para discutir, quando convoca cimeiras presenciais, em Bruxelas, dado o risco elevando que não cessou de se agravar, desde então.

Ao que o DN apurou, já esta semana foram adotadas decisões pela estrutura responsável por organizar os dossiês das reuniões cimeiras, deixando os encontros presenciais "reduzidas ao estritamente essencial". O governo alemão, que detém a presidência rotativa da União Europeia, pretende que, em novembro, até as reuniões preparatórias das cimeiras decorram por vídeoconferência.

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