Uma vida à espera de um Estado

São muçulmanos (sunitas na maioria) e também cristãos. Vivem espalhados pelo mundo.
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"Não quero saber. Quero viver, quero ser feliz", afirmou um jovem da Faixa de Gaza quando inquirido sobre o que pensariam os outros quando soubessem que estava pronto a abdicar dos direitos sobre a sua terra. Hussein tinha vendido a sua arma e munições para conseguir "comprar" a passadores egípcios um visto e uma viagem para qualquer país onde tivesse uma vida digna.


A tentativa de "fuga" não é de agora nem se regista apenas na Faixa de Gaza. Na Cisjordânia também acontece. O cansaço face à situação de impasse está a atingir principalmente os jovens que exigem um futuro melhor. São os palestinianos - mais de três milhões e meio -, na sua maioria muçulmanos sunitas e também cristãos, que vivem nos territórios onde eventualmente será criado o Estado da Palestina. Outros quatro milhões encontram-se nos países vizinhos, com o estatuto de refugiados, e há ainda outros tantos que vivem espalhados pelo mundo - a diáspora. Todos esperam por um Estado. Uns apenas por uma questão de orgulho, nacionalismo até, outros - os refugiados - na esperança de terem um país aonde possam um dia regressar.


Actualmente, palestiniano é sinónimo do habitante da Faixa de Gaza e da Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, e também do árabe que, antes da criação do Estado de Israel , residia nos territórios que hoje fazem dele parte. No entanto nem sempre foi assim. Por exemplo, durante o mandato britânico, todo e qualquer habitante da Palestina era considerado "cidadão palestiniano", independentemente da etnia ou religião que professava.


A criação do Estado de Israel alterou significativamente a nomenclatura em causa. Hoje, existem os palestinianos nos territórios e os árabes israelitas que são tão palestinianos como os de Gaza e da Cisjordânia - ou seja, são muçulmanos e cristãos - mas que recusaram sair das suas terras quando foi criado Israel e têm a sua cidadania.

Cidadão honorário. O mundialmente célebre pianista e maestro Daniel Barenboim vive em Berlim, mas tem cidadania argentina (onde nasceu em 1942), israelita (para onde imigrou com os pais aos dez anos), espanhola e, desde Janeiro, é cidadão honorário da Palestina.


Pescadores. O Mediterrâneo Oriental, que banha as costas da Faixa de Gaza, é não só a única saída directa dos palestinianos para o exterior como um dos seus principais sustentos.


Libertação. Israel pôs em liberdade 200 prisioneiros palestinianos que foram acolhidos como heróis em Ramallah (Cisjordânia). Dois deles estavam presos desde o início da ocupação israelita, em 1967. Nas prisões do Estado judaico encontram-se ainda 11 mil palestinianos


Emoção.
O dia foi de reencontro. Na Muqata, a sede do Governo do Presidente Mahmud Abbas na cidade de Ramallah (Cisjordânia), os recém-libertados das prisões israelitas são recebidos pelas famílias sob o olhar atento da polícia palestiniana. Mães, filhos, irmãos que se abraçam finalmente em liberdade.


Quotidiano.
O contrabando é uma das formas que os habitantes da Faixa de Gaza encontram para quebrar o bloqueio de Israel e do Egipto à zona. Os túneis escavados junto à cidade de Rafah, que faz fronteira entre o Egipto e a Faixa de Gaza, estão de novo a ser utilizados para fazer chegar às populações palestinianas produtos de primeira necessidade - como o caso do petróleo e da gasolina -, mas não só. Por ali chegam também mercadorias tão desnecessárias como o tabaco e as armas.


Equipa da Paz.
São palestinianos e israelitas que acreditam que o diálogo e a paz são possíveis entre os dois povos e para o provar não hesitaram em constituir uma equipa de futebol que participa em torneios precisamente a favor da paz e onde, provavelmente, também ocorrem os empurrões, as caneladas e... as lesões.

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