Uma história entre um copo e outro

O chef José Avillez, o estilista Nuno Gama e a atriz Inês Castel-Branco são alguns dos convidados para o "Grants Stand Together"
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Joaquim de Almeida vai entrar no próximo filme de Alexander Payne, Downsizing, cuja rodagem começou hás dias em Omaha, no Nebraska, com Matt Damon e Reese Witherspoon, e que vai ainda passar por Los Angeles, Noruega e sobretudo Toronto, que é onde o ator português vai filmar. "Vai ser apenas um cameo", conta. Um cameo é uma participação numa única cena em que, muitas vezes, os atores fazem de si mesmos. "Ele convidou uma serie de atores famosos para fazer cameos. Eu primeiro disse que não ia, depois o Alexander telefonou-me para casa e eu disse-lhe: se me desses uma coisa maior eu ia. Então ele disse: Think of this as the appetizer for the real meal. E foi assim que me convenceu."

Esta pode muito bem ser uma das histórias que Joaquim de Almeida vai contar numa das sessões do Grant"s Stand Together, que arranca hoje e vai até sábado no Cinema São Jorge, em Lisboa. Este ano com um novo nome (antes chamava-se Grant"s True Tales) e pela primeira vez com programação também no Porto, o festival mantém a ideia inicial: juntar pessoas a contar histórias verdadeiras.

Esta é a quarta vez que Joaquim de Almeida é o host do evento: "São pessoas que vêm contar histórias verdadeiras da vida delas. Eu achei logo que era capaz de ser engraçado porque são pessoas conhecidas mas nós não estamos habituados a ouvi-las falar, lemos sobre elas mas não as ouvimos. E às vezes o que lemos nem é verdade, por isso não conhecemos essas pessoas. E aqui ficamos a conhecê-las um bocadinho."

Em cada sessão, Joaquim de Almeida dirige-se ao público para explicar o que vai acontecer e para apresentar os convidados. Esta noite, vão ser o músico Carlão, as atrizes Fernanda Serrano e Inês Castel-Branco, o estilista Nuno Gama, o chef José Avillez e o humorista Vasco Palmeirim. No sábado, Joaquim de Almeida recebe as cantoras Gisela João e Marisa Lis, o humorista João Quadros, a jornalista Rita Ferro Rodrigues e o apresentador Pedro Ribeiro.

No Porto, no Cine Batalha, o festival tem apenas dois, 22 e 23. Na sexta-feira, os convidados são a atriz Débora Monteiro, os apresentadores Filomena Cautela e João Manzarra, o músico Zé Pedro (dos Xutos e Pontapés) e o empresário e comentador Manuel Serrão. Já no sábado, o palco vai ser de do jornalista Júlio Magalhães, o ator Ivo Canelas, a estilista Katty Xiomara, o músico Rui Reininho e o humorista Salvador Martinha.

"Podem ser histórias mais cómicas ou mais dramáticas e cada pessoa tem a sua maneira de as contar", explica Joaquim de Almeida. "Uns estão mais à vontade, outros menos. Por exemplo, o escritor valter hugo mãe é muito tímido e nunca olhava para o público, andava de um lado para o outro do palco, a passear e a falar sem nunca olhar para as pessoas. Cada pessoa tem a sua maneira de contar histórias. Por isso também gostamos de ter sempre pessoas muito diferentes e de áreas diversas. Temos chefs de cozinha, músicos, escritores. Este é o primeiro ano em que temos pessoas da moda."

"As pessoas dizem-nos antes as histórias que vão contar e nós damos uns conselhos, porque já sabemos quais são as histórias que resultam melhor e não queremos ter histórias parecidas", explica Joaquim de Almeida.

Música e cinema com histórias

O ideal é que cada história dure 15 a 20 minutos, mas às vezes as pessoas entusiasmam-se e as sessões prolongam-se. Como se costuma dizer, quem conta um conto acrescenta um ponto. "Claro que todos preparam a sua história. Mas as sessões melhores são as mais espontâneas. Resultam muito bem com pessoas que não estão habituadas a falar em público e a representar. São pessoas normais a falar, enganam-se, metem os pés pelas mãos. O público gosta muito."

E o anfitrião também se pode lembrar de alguma história para contar e animar a sessão. "Tenho muitas histórias", diz Joaquim de Almeida. "A propósito de cameos também me lembrei do cameo que fiz no filme Zorro, que foi uma aventura, devia ter ido lá um dia mas correu tudo mal e acabei por ir três vezes. É uma boa história para contar", antevê. "Eu ouço as histórias dos outros e vou-me lembrando das minhas. E depois o Grant"s também ajuda a imaginação."

Amanhã, em vez de "Storytelling", haverá um "Concerto com histórias" em que Tiago Bettencourt convida Márcia: vão estar só os dois em palco, com guitarras e um piano, e a ideia é intercalar as canções de ambos com algumas histórias, o que não será difícil porque eles são amigos: "Vai ser a meias. Vamos entrar os dois e estar sempre os dois em palco, vamos ver como é que a coisa rola", diz ele. "Naturalmente gostamos de contar histórias nos concertos, nós não fazemos grandes cerimónias em cima do palco, não estamos em personagem." Márcia concorda: "Ensaiamos as músicas mas não vamos ensaiar as histórias. Vamos estar no palco como estamos aqui, sem pose."

Além destas sessões de histórias, há ainda DJ"s convidados para animar o Foyer do São Jorge nos intervalos e as sessões "Get Together Em minha casa" em que a ideia é juntar duas pessoas que se conhecem bem para uma conversa mais intimista - como a cantora Capicua e a sua amiga Beatriz Gosta ou os músicos Manuel Fúria e Luís Severo.

Na programação de cinema, destaque para 1960, um filme de Rodrigo Areias que procura reviver a experiência do arquiteto Fernando Távora, em 1960; Meio Caminho da História, documentário de Nuno Duarte (Jel) sobre o grupo The Gift; e ainda Viver à Margem, o filme realizado por Richard Gere (e em que ele interpreta um sem-abrigo) aqui apresentando em estreia nacional. O festival lisboeta termina no sábado com um palco aberto a todos os queiram contar histórias na sessão "Maratona #Iou" e uma festa, com música até às 2.00 da manhã.

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