Uma família desde o primeiro ciclo
À porta da escola a placa na parede assinala: "Escola Secundária Dona Filipa de Lencastre." A entrada é imponente com paredes de mármore rosa e duas escadarias largas. Sangue novo misturado com muita história. No gabinete da direção saltam à vista os vários globos com o mapa-múndi e as estantes de portas de vidro que mostram alguns tesouros: o livro com os processos de inscrição feitos entre 1599 e 1843, carimbos antigos e a capa do processo individual da deputada Natália Correia.
Sofia Fialho, Sofia Apolinário e Clara Lavrador, todas com 17 anos, não querem seguir letras. A primeira quer tirar Gestão na Universidade Nova, a segunda está inclinada para economia e a terceira pretende ser médica. Todas mostram orgulho em andar na Filipa de Lencastre, a melhor escola pública deste ano.
"Existem duas razões para os bons resultados. O enquadramento sociocultural e a exigência dos professores, que nos preparam muito bem. Tenho muitos amigos a estudar em colégios e às vezes faço os testes deles para ver como estou. Sinto que não perco nada por estar nesta escola pública. É muito boa a dar as bases", diz Sofia Fialho. Anda no agrupamento desde o primeiro ano - a escola básica do 1.º ciclo está separada por uma estrada - e fala de uma relação muito familiar com os professores, sempre dispostos a esclarecer dúvidas.
O sentimento é semelhante ao de Clara Lavrador. "É uma escola boa, com um ambiente muito familiar entre professores, alunos, colegas. Ando aqui desde o jardim infantil e quando chegamos já conhecemos os professores. Queres acrescentar alguma coisa, Sofia?", pergunta Clara a Sofia Apolinário. "Só entrei aqui no 5.º ano, mas os professores preocupam-se muito connosco, perguntam se gostamos, dão um grande apoio", confirma. Não há dúvida que esta é uma das receitas do sucesso. Não a única. "No ano passado a escola trouxe várias universidades para podermos ver os cursos e isso foi muito importante", diz Sofia. Clara acrescenta a iniciativa com a associação de pais: "Um projeto com estágios que nos colocaram em contacto com o mundo do trabalho, hospitais, advogados."
Laura Medeiros assumiu a direção há dois anos, mas há 30 que é ali professora. Não esconde o orgulho pelos resultados. "O nosso objetivo é ajudar os alunos a aprender para chegarem onde querem. Somos rigorosos no trabalho, na qualidade dos ensinamentos. Baixar o nível não é ajudar. Damos apoio a todos os alunos nas disciplinas estruturantes, aposta-se no trabalho em conjunto entre várias disciplinas e vários anos. O sucesso vai-se construindo. Apostamos na diversidade: ensino de Filosofia para crianças, aulas laboratoriais, alunos mais velhos que dão aulas aos mais novos, projetos de escrita criativa, robótica, desafios matemáticos", diz.
Perfil: D. Filipa de Lencastre
É sede de agrupamento onde estão inscritos cerca de 1900 alunos (400 estão no 1º ciclo).
Como escola básica e secundária tem alunos do 5.º ao 12.º ano.
A faixa etária predominante dos professores é 40-50 anos.
Foi criada em setembro de 1928 para aliviar o Liceu Maria Amália, que já não tinha espaço suficiente. Em 1938 ganhou um edifício novo no bairro do Arco do Cego. Inicialmente era uma escola apenas para raparigas. Em 2007 passou a ser sede de agrupamento.