"Uma biografia não vale um voto"

As biografias dos candidatos presidenciais não conquistam votos de eleitores que já estejam convencidos a votar no biografado.
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O caixote do lixo da História é o destino das biografias políticas escritas com o intuito de ajudar o candidato presidencial a captar mais votos de eleitores. Pode ser esta a conclusão sobre os três volumes que saíram recentemente para explicar aos eleitores quem são os candidatos António Sampaio da Nóvoa e Henrique Neto. O mesmo se passa com a autobiografia de Sampaio da Nóvoa e o projeto nacional de Paulo Morais, dois livros que não ultrapassam a propaganda eleitoral, a sua história e uma exposição do programa de candidatura. Mesmo que em ambos os casos tentem analisar as questões nacionais que consideram estar na origem do que apelidam "pântano". De fora desta apreciação crítica fica a biografia de Marcelo Rebelo de Sousa, porque foi feita noutro tempo e com o propósito de o retratar exaustivamente, mesmo que uma razão para ser escrita fosse a hipótese de vir a ser candidato.

Poderá uma biografia publicada em tempo de eleições valer um voto? A resposta é "Não" quando se o pergunta ao autor de uma das biografias de Sampaio da Nóvoa, Fernando Madaíl. Responde de forma sucinta: "Uma biografia não vale um voto para o candidato". Porque a escreveu, em apertados quatro meses? "Foi uma encomenda do editor", diz. O mesmo acontece com Filipa Moreno, no caso a pedido do biografado. Porque "ajuda a dar a conhecer o candidato", mesmo que considere que "é apenas mais um instrumento de campanha, por chegar a pouca gente". Ambos os autores garantem que tiveram liberdade total para realizar a biografia e acreditam ter deixado um testemunho histórico.

O que ganham as editoras com estes livros? Feitas as contas pouco dá. Até porque as biografias saem em plena campanha e não com a devida antecedência.

Nada que espante o historiador José Pacheco Pereira, "especialista" em biografias - a de Álvaro Cunhal -, que está certo sobre o resultado que diz terem estas biografias propagandísticas: "O tiro pode sair pela culatra porque não trazem novidades e ninguém as lê. Nem sequer os candidatos". Também Francisco Louçã tem a mesma opinião: "O efeito eleitoral é nenhum. Quem lê este tipo de livros já tem uma opinião formada e são pessoas determinadas. Como estratégia eleitoral não serve para nada, apenas dá transparência ao candidato perante o eleitor."

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