A conquista ocidental, que com ela procurou ocidentalizar o mundo em que agora crescem os emergentes que parecem desenhar-lhe o outono, do modelo democrático-liberal, no qual a cidadania implica o dever de votar, escolhendo entre propostas claras a que lhe parece mais adequada para servir o interesse comum, nacional e internacional, tem sofrido fragilidades que vão para além da reforma do sistema porque vão no sentido de o substituir. Não há muitas décadas, a última foi a da lembrança que deixou rasto na Segunda Guerra Mundial, pelo que a ameaça regressa a várias latitudes..O sistema democrático teve o seu ataque instrumental claro quando a propaganda eleitoral adotou o que foi chamado, por célebres analistas, o Estado espetáculo, com os comícios organizados pelo modelo teatral, com a mise en scene a procurar a prise en charge do auditório. O mito agravou-se com o desenvolvimento das "redes sociais", que impuseram a "desidentificação" dos candidatos fazendo circular uma imagem favorável ou desfavorável mas retocada, cujo efeito mais evidente e degradante foi o de tornar regra a "falta de autenticidade", com a surpresa de o exercício vir a corresponder à realidade desvendada, e não à imagem que foi votada..Mas nesta época a espionagem, e a sabotagem informática, em que lucidamente insiste Julien Nocetti, estão, como diz, "no coração das problemáticas da segurança. Ela é exercida por atores diversos: hackers, entidades criminosas, Estados cujas relações são difíceis de compreender e dominar". A importância da informação para a estratégia é extremamente antiga, tendo sido uma descoberta, nunca mais deixando de ser utilizada no exercício militar, designadamente português, do livro do general chinês Sun Tzu, (c. 544 - 496 a.C.), obra que ainda hoje é central nos estudos de Christopher Andrew, em O Mundo Secreto publicado pela D. Quixote em 2018. Embora o autor apreciasse que as questões fossem resolvidas entre adversários sem recorrer à guerra, não lhe podia ter ocorrido que o agora chamado soft power incluísse, a par do diálogo, a informação obtida por sistema e com segredo, podendo ser canalizada no sentido de alterar a visão da realidade pelos eleitorados, aprisionados pelas redes de comunicação, individualmente, com diminuição do peso e da imaginação do Estado espetáculo, remetido para acessório da operação sobre as compreensões e decisões das sociedades eleitoras..São casos recentes, largamente comentados, os da eleição do atual presidente do Brasil Bolsonaro que em todo caso vai encontrar a dificuldade das maiorias a conseguir no Senado e na Câmara dos Representantes, a suspeita acompanha a eleição do preocupante Trump com a imaginada intervenção da Rússia, da qual se afirma abertamente que os seus piratas informáticos vão assumir um exercício considerado perigoso para a já chamada nova guerra fria. Certo que, no decénio 2000, vários países apuraram a sua capacidade cibernética ofensiva, de que os EUA não se abstiveram, usando os saberes técnicos avançados, tendo crescido, em várias sedes segundo queixas oficiais conhecidas, a inclusão da cibernética criminal visando milhares de contas, ou ameaçando com a divulgação de dados pessoais obtidos..As capacidades dos Estados, ou de entidades criminosas, podem atingir e podem paralisar ou destruir sistemas de comunicação, de estruturas de qualquer espécie. Em termos de governanças, sobretudo da globalidade mal sabida, a manipulação da informação tornou-se uma ameaça às autenticidades dos regimes políticos, quer quanto à realidade de segurança das vidas habituais da sociedade, quer quanto a inidentidade viciosa das eleições, quer quanto à imagem pública recebida pelos cidadãos, quer quanto à realidade do sistema do poder político, muito além do nacional formalmente em exercício, mas ainda muita da rede do efetivo poder que governa parte do globalismo com enfraquecimento do papel das organizações internacionais, e internas, frustradas no seu programa de valores..Em suma, os avisos são, nas conclusões do referido Carole Mathieu (Ramses, 2019): "A cibernética é, para numerosos Estados, o fator ideal para o regresso a uma política de poder e de colocar em causa a ordem internacional." E, acrescente-se, o regime democrático eleitoral. Independentemente do que os técnicos vão tornando público, e trata-se mais do que técnica espetáculo para a movimentação das opiniões a captar para o voto, trata-se antes da capacidade de orientar opiniões coletivas, inconscientes da submissão para os procurados resultados, também aqui, não necessariamente autênticos. As suspeitas mundialmente correntes sobre a eventual influência da Rússia na eleição de Trump já tem como eventual prejuízo a dúvida nacional assumida, com razão ou sem ela, mas que obriga a pensar, se tudo não for ainda pior, na autenticidade da ordem mundial proclamada e na imagem ilusória de quem diz assumir o poder.
A conquista ocidental, que com ela procurou ocidentalizar o mundo em que agora crescem os emergentes que parecem desenhar-lhe o outono, do modelo democrático-liberal, no qual a cidadania implica o dever de votar, escolhendo entre propostas claras a que lhe parece mais adequada para servir o interesse comum, nacional e internacional, tem sofrido fragilidades que vão para além da reforma do sistema porque vão no sentido de o substituir. Não há muitas décadas, a última foi a da lembrança que deixou rasto na Segunda Guerra Mundial, pelo que a ameaça regressa a várias latitudes..O sistema democrático teve o seu ataque instrumental claro quando a propaganda eleitoral adotou o que foi chamado, por célebres analistas, o Estado espetáculo, com os comícios organizados pelo modelo teatral, com a mise en scene a procurar a prise en charge do auditório. O mito agravou-se com o desenvolvimento das "redes sociais", que impuseram a "desidentificação" dos candidatos fazendo circular uma imagem favorável ou desfavorável mas retocada, cujo efeito mais evidente e degradante foi o de tornar regra a "falta de autenticidade", com a surpresa de o exercício vir a corresponder à realidade desvendada, e não à imagem que foi votada..Mas nesta época a espionagem, e a sabotagem informática, em que lucidamente insiste Julien Nocetti, estão, como diz, "no coração das problemáticas da segurança. Ela é exercida por atores diversos: hackers, entidades criminosas, Estados cujas relações são difíceis de compreender e dominar". A importância da informação para a estratégia é extremamente antiga, tendo sido uma descoberta, nunca mais deixando de ser utilizada no exercício militar, designadamente português, do livro do general chinês Sun Tzu, (c. 544 - 496 a.C.), obra que ainda hoje é central nos estudos de Christopher Andrew, em O Mundo Secreto publicado pela D. Quixote em 2018. Embora o autor apreciasse que as questões fossem resolvidas entre adversários sem recorrer à guerra, não lhe podia ter ocorrido que o agora chamado soft power incluísse, a par do diálogo, a informação obtida por sistema e com segredo, podendo ser canalizada no sentido de alterar a visão da realidade pelos eleitorados, aprisionados pelas redes de comunicação, individualmente, com diminuição do peso e da imaginação do Estado espetáculo, remetido para acessório da operação sobre as compreensões e decisões das sociedades eleitoras..São casos recentes, largamente comentados, os da eleição do atual presidente do Brasil Bolsonaro que em todo caso vai encontrar a dificuldade das maiorias a conseguir no Senado e na Câmara dos Representantes, a suspeita acompanha a eleição do preocupante Trump com a imaginada intervenção da Rússia, da qual se afirma abertamente que os seus piratas informáticos vão assumir um exercício considerado perigoso para a já chamada nova guerra fria. Certo que, no decénio 2000, vários países apuraram a sua capacidade cibernética ofensiva, de que os EUA não se abstiveram, usando os saberes técnicos avançados, tendo crescido, em várias sedes segundo queixas oficiais conhecidas, a inclusão da cibernética criminal visando milhares de contas, ou ameaçando com a divulgação de dados pessoais obtidos..As capacidades dos Estados, ou de entidades criminosas, podem atingir e podem paralisar ou destruir sistemas de comunicação, de estruturas de qualquer espécie. Em termos de governanças, sobretudo da globalidade mal sabida, a manipulação da informação tornou-se uma ameaça às autenticidades dos regimes políticos, quer quanto à realidade de segurança das vidas habituais da sociedade, quer quanto a inidentidade viciosa das eleições, quer quanto à imagem pública recebida pelos cidadãos, quer quanto à realidade do sistema do poder político, muito além do nacional formalmente em exercício, mas ainda muita da rede do efetivo poder que governa parte do globalismo com enfraquecimento do papel das organizações internacionais, e internas, frustradas no seu programa de valores..Em suma, os avisos são, nas conclusões do referido Carole Mathieu (Ramses, 2019): "A cibernética é, para numerosos Estados, o fator ideal para o regresso a uma política de poder e de colocar em causa a ordem internacional." E, acrescente-se, o regime democrático eleitoral. Independentemente do que os técnicos vão tornando público, e trata-se mais do que técnica espetáculo para a movimentação das opiniões a captar para o voto, trata-se antes da capacidade de orientar opiniões coletivas, inconscientes da submissão para os procurados resultados, também aqui, não necessariamente autênticos. As suspeitas mundialmente correntes sobre a eventual influência da Rússia na eleição de Trump já tem como eventual prejuízo a dúvida nacional assumida, com razão ou sem ela, mas que obriga a pensar, se tudo não for ainda pior, na autenticidade da ordem mundial proclamada e na imagem ilusória de quem diz assumir o poder.