Um presidente à força, um Costa absoluto, um relatório light e um golpe falhado
Mattarella tinha "outros planos" mas fica como presidente
Ao fim de seis dias de votações inconclusivas, Sergio Mattarella foi reeleito presidente de Itália. Aos 80 anos, o antigo juiz não escondeu que "tinha outros planos" e preferia não cumprir um segundo mandato de sete anos, mas a incapacidade dos partidos para chegar a acordo sobre um nome acabou por trocar-lhe as voltas. Com o ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi a desistir da corrida ainda antes do início das votações e uma eventual eleição de Mario Draghi, o atual primeiro-ministro e grande favorito, a ameaçar abrir uma nova crise política num governo alargado a quase todo o espectro político, a meio do plano de reformas e da chegada de 200 mil milhões de euros da UE. A dúvida agora é se Mattarella cumprirá os sete anos ou se tentará aproveitar uma nova oportunidade para se reformar.
Maioria absoluta para Costa no dia em que o CDS desaparece
O próprio pediu-a várias vezes durante a campanha, mas poucos pareciam acreditar nela: a verdade é que a noite e o apuramento dos votos das últimas freguesias veio mesmo confirmar que os portugueses deram a maioria absoluta ao PS e a António Costa. A explicação? Voto útil à esquerda. A consequência? Bloco de Esquerda e CDU esmagados, com os comunistas a ficarem à frente dos bloquistas em deputados - seis contra cinco. O PAN com Inês de Sousa Real perde três deputados, elegendo apenas a líder. À direita, o PSD de Rui Rio não sobe nem desce e já pensa no novo líder. O CDS-PP desaparece (e Francisco Rodrigues dos Santos demite-se), não elegendo nenhum deputado, ultrapassado pelo Chega, que consegue 12 e da Iniciativa Liberal, oito. Com um parlamento bem diferente do que era, Costa já está a pensar no novo governo e no Orçamento.
Relatório light sobre partygate não derruba Boris. Para já
"Falhas de liderança e de julgamento" em Downing Street. Foi esta a conclusão da versão light do relatório da funcionária pública Sue Gray às festas na residência oficial do primeiro-ministro britânico no auge das restrições devido à covid. Boris Johnson voltou a pedir desculpas, mas recusa demitir-se. O líder da oposição trabalhista chamou-lhe sem-vergonha e tudo está nas mãos dos deputados conservadores - que podem a qualquer momento avançar com uma moção de censura ao seu líder. Mas esta foi uma versão incompleta do relatório - Gray investigou 16 eventos em Downing Street, mas a investigação da polícia a 12 impede-a de divulgar os pormenores. Mais revelações são de esperar. Resta saber até quando Boris resiste.
Bazucas e tiros em tentativa de golpe na Guiné-Bissau
Foram cinco horas de trocas de tiros e disparos de bazuca junto ao Palácio do Governo em Bissau. Mas a tentativa de golpe, que se seguiu a uma tensa remodelação governamental, acabou por fracassar. E foi com o primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabiam, ao lado que o presidente Umaro Sissoco Embaló surgiu numa conferência de imprensa ao fim da tarde para denunciar um "atentado à democracia". Embaló explicou tratar-se de um "ato bem preparado e organizado" que poderá estar ligado a "gente relacionada com o tráfico de droga". Mas se a calma regressou a Bissau, esta nova tentativa de golpe num país que desde a independência de Portugal já viveu 17 intentonas e pelo menos quatro golpes concretizados traz novos receios de instabilidade.
Ciao Monica Vitti! Adeus a uma lenda do cinema italiano
Quando pensamos em divas do cinema italiano vem-nos à ideia beldades morenas como Sophia Loren, Claudia Cardinale ou Monica Bellucci. Mas isso é esquecer a loira Monica Vitti. Musa de Antonioni, seu companheiro na vida real por certo período, a mulher a quem chamaram um "monumento de luz" consegue não ser um cliché. Protagonizou alguns dos seus maiores sucessos dos anos 1960: A Aventura (1960), A Noite (1961), O Eclipse (1962) ou O Deserto Vermelho (1964). A década seguinte iria transformá-la na rainha da comédia italiana. Retirada da vida pública há duas décadas devido ao Alzheimer, morreu nesta quarta-feira aos 90 anos. Depois do francês Jean-Paul Belmondo em setembro, com Vitti foi-se mais um rosto de uma geração que marcou a idade de ouro do cinema europeu.
O "ato final de cobardia" do líder do Estado Islâmico
À frente do Estado Islâmico - ou ISIS - desde 2019, Abu Ibrahim al-Hashimi al-Qurayshi nunca deixou de ser um mistério: o seu nome verdadeiro nunca foi divulgado, muito menos o seu rosto, e nunca emitiu sequer uma mensagem áudio para seguidores. Mas foi este homem que agora detonou um colete explosivo quando as forças especiais dos EUA entraram na casa onde se escondia nos arredores de Idlib, na Síria. Um "ato final de cobardia" que custou a vida a vários membros da família de Al-Qurayshi, incluindo seis crianças, disse Biden, que assistiu a toda a operação a partir da Casa Branca. E um "golpe catastrófico" para o ISIS que se não conseguiu o califado que sonhou continua a reivindicar ataques mortíferos, sobretudo na Síria e no Iraque.
Pequim entra para a história ao receber os JO de Inverno
Depois dos Jogos Olímpicos de Verão em 2008, Pequim recebe os Jogos de Inverno e torna-se assim a primeira cidade a receber ambos os eventos. O gigantesco Estádio Nacional de Pequim, conhecido como "Ninho de Pássaro" voltou a receber o brilho da cerimónia de abertura - ensombrada pela pandemia e pelas tensões e boicotes (inclusive dos EUA) diplomáticos. O presidente Xi Jinping esteve presente e declarou os Jogos "abertos", com o líder russo, Vladimir Putin, nas bancadas. Horas antes ambos fizeram frente comum contra o alargamento da NATO à Ucrânia. No plano desportivo, Portugal faz-se representar pela lusodescendente Vanina Oliveira, o estudante da Covilhã Ricardo Brancal e o alentejano José Cabeça, todos no esqui.