Um Palácio por acabar há mais de 200 anos
O projeto inicial do Palácio Nacional da Ajuda deveria ir até ao rio, mas nunca foi concluído. Pelo caminho fizeram-se várias tentativas. Após o terramoto de 1755, a família real instala-se nesta zona, na Real Barraca. Projeto estará concluído no primeiro trimestre de 2020.
1794 - Destruída num incêndio a Real Barraca, inicia-se o processo de construção do edifício definitivo.
1795 - Começa a construção do edifício, segundo o projeto do arquiteto Manuel Caetano de Sousa (1738 - 1802). Mestre António Vicente é responsável pelas obras.
1801 - Por decreto régio, alterações às obras só as que resultarem do acordo entre Manuel Caetano de Sousa, Joaquim de Oliveira, José da Costa e Silva e Francisco Xavier Fabri (1761 - 1817). Pede-se que se economize.
1802 - Manuel Caetano de Sousa é afastado projeto. Costa e Silva e Fabri vêm a ser nomeados arquitetos das Obras Públicas.
1809 - A família real está refugiada no Brasil, na sequência das Invasões Francesas, e as obras param definitivamente.
1812 - Francisco Fabri idealiza palácio com quatro torreões angulares e as obras são retomadas no ano seguinte.
1826 - O palácio é inaugurado como residência régia. A infanta D. Isabel Maria, regente do reino, instala-se. É ela quem virá a propor ao arquiteto que o palácio 'encolha'.
1834 - D. Pedro IV tenta acabar o palácio, conforme projeto de Joaquim Possidónio Narciso da Silva (1806 - 1896).
1861 - D. Luís é aclamado rei a 22 de dezembro e no ano seguinte, Possidónio da Silva e Costa Sequeira iniciam obras que visam a instalação da família real. Aposentos são decorados com tapeçarias espanholas, são adquiridos três lustres de cristal em Inglaterra, a sala cor de rosa é ornada com peças de Saxe, a mobília é executada pela Casa Krieger, Suc. Racault de Paris, fazem-se obras na capela.
1863 - D. Carlos nasce a 28 setembro na Sala Verde do palácio
1910 - Com a implantação da República, os trabalhos iniciados por D. Carlos param em definitivo.
1934 - O ministro das obras públicas Duarte Pacheco (1898 - 1943) pede ao arquiteto Raul Lino (1879 - 1974) para elaborar um projeto para terminar o edifício, que conhece uma nova forma em 1944.
1956 - Raul Lino é chamado a elaborar mais um projeto, desta vez a pedido de Arantes e Oliveira. No mesmo ano, surge um estudo de complemento do palácio dos Serviços de Monumentos Nacionais.
1958 - A fachada hoje por concluir e as abóbadas dos arcos não existiam, como mostrou o arquiteto João Carlos Santos numa fotografia durante a apresentação do projeto, ontem. Encostada ao palácio existia uma casa, tal como na Calçada da Ajuda, entretanto demolida. "É por isso que a Calçada da Ajuda é mais larga nesta zona", segundo o arquiteto responsável pelo atual projeto de remate.
1961 - Zona envolvente é requalificada, nascendo um espaço ajardinado.
1967 - "O atual gabinete do ministro ainda não estava concluído", afirma João Carlos Santos, mais uma vez recorrendo a imagens de arquivo do Palácio Nacional da Ajuda.
1974 - A ala norte sofre danos consideráveis na sequência de um incêndio.
1979 - "Dá-se início a um projeto de conclusão da ala poente. Foi o único que teve alguma execução e resultou na fachada que hoje conhecemos", refere João Carlos Santos. A grua que ainda se pode ver em fotografias de arquivo caiu e o empreiteiro que era então responsável pela obra desapareceu.
1989 - António Lamas, presidente do Instituto Português do Património Cultural, convida Gonçalo Byrne para elaborar um plano de finalização do palácio. O arquiteto "fez duas maquetas e vários desenhos, visando terminar a ala do palácio e criar um avançado que permitia uni-lo ao Jardim das Damas; o arquiteto previa a construção de duas zonas residenciais nas imediações, que permitiam custear 75% dos custos da obra.".
2016 - Câmara de Lisboa e Ministério da Cultura anunciam conclusão do palácio 222 anos depois, em setembro. Projeto é assinado por João Carlos Santos, arquiteto e subdiretor da Direção-Geral do Património Cultural.
Fonte: SIPA - Sistema de Informação do Património Arquitetónico e João Carlos Santos, arquiteto da DGPC.