Um musical que conta a história de Lisboa e seus missionários

Reposição do musical "Partimos. Vamos. Somos.", que celebra os 300 anos do Patriarcado de Lisboa. Em palco mais de 50 atores e cantores, amadores, de toda a diocese.
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"Partimos. Vamos. Somos." Este é o último verso do poema de Sebastião da Gama, Pelo Sonho é que vamos. Diz também o poeta: "Basta a fé no que temos./ Basta a esperança naquilo que talvez não teremos./ Basta que a alma demos,/ Com a mesma alegria,/ Ao que desconhecemos/ E ao que é do dia-a--dia." Assim é a vida dos missionários, explica a encenadora Matilde Trocado. "Partir, ir e ser missão. E sentir alegria nisso. Essa é a mensagem principal deste espetáculo." E é por isso que ele se intitula Partimos. Vamos. Somos.

"Se o cardeal-patriarca nos desafia a fazer um trabalho isso é um orgulho enorme. É também uma responsabilidade grande, mas seria irrecusável", conta Matilde Trocado. Foi o próprio Manuel Clemente, que, há já dois anos, a convidou a pôr de pé um espetáculo que celebrasse os 300 anos da criação do Patriarcado de Lisboa. Conhecia bem o trabalho de Matilde, professora e encenadora de vários musicais, alguns de cariz religioso, como Wojtila (em 2010, sobre o papa João Paulo II), Godspell (o clássico da Broadway apresentado em 2015) e Calcutá (sobre madre Teresa, no ano passado), mas outros projetos diferentes, como Eusébio ou Once in Fado. E sabia que ela, quer pela sua experiência profissional quer pela sua vivência católica, era a pessoa certa para esta aventura.

A ideia, explica Matilde Trocado, era não só celebrar o aniversário mas também, e sobretudo, "que o espetáculo estivesse em linha com o que tem sido a mensagem de alegria do Papa Francisco". E foi assim que a encenadora se juntou ao padre Hugo Gonçalves, que escreveu o guião, para criar um musical onde Lisboa é apresentada como cidade-missão: "Foi daqui que, ao longo de séculos, saíram muitos missionários, e isso acontece ainda hoje", explica. A ação vai do ano 303, data do primeiro registo de cristãos em Lisboa, até aos dias de hoje e ao desafio dos jovens missionários."

O padre Hugo Gonçalves, que tem experiência como missionário em África, acrescenta que em palco se juntam, por um lado, o evangelho e "o mandato de Jesus para que os discípulos fossem e anunciassem a sua palavra" e, por outro, "a história da diocese e do cristianismo em Lisboa". Lembra-se o movimento de expansão da fé no tempo dos Descobrimentos e sublinha-se o papel de algumas figuras, como Santo António, São João de Brito, São Francisco de Assis. Para escrever o guião, fez muita investigação e tentou encontrar algumas histórias menos conhecidas, mas avisa: "O musical não é um documento histórico. É um momento de celebração."

Com as canções escritas por Paulo Espírito Santo e direção musical de António Andrade Santos, o espetáculo ganhou corpo com a participação de cinco atores profissionais, mais 30 atores amadores, voluntários, vindos de vários pontos da diocese e escolhidos num casting e ainda 20 crianças. "Apesar da heterogeneidade e da dispersão, é um elenco muito feliz e que participou neste projeto com verdadeiro espírito de missão", conta a encenadora.

A primeira apresentação, em novembro, teve sessões esgotadas por quase cinco mil espetadores. "A arte é sempre a melhor maneira de dizer o indizível", diz Matilde Trocado. Esse é o segredo do sucesso do espetáculo, acredita.

Informação útil

Partimos. Vamos. Somos.

Quinta e sexta-feira às 21.30. Sábado às 18.15 e às 21.30. Domingo às 16.30.

Teatro Tivoli BBVA, Lisboa

Bilhetes: entre 8 euro e 20 euro

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