Um arsenal de mais de 17 mil ogivas

Nove países possuem reconhecidamente arsenais nucleares e nenhum deles parece disposto a prescindir deste tipo de armamento.
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Tudo somado, são mais de 17 mil ogivas existentes no mundo. Israel não admite possuir um arsenal nuclear, mas este é considerado um dado adquirido por institutos especializados. Mas outros países acabaram por suspender os respetivos programas ou foram forçados a isso.

Os Estados Unidos: primeira potência nuclear

Primeira potência nuclear e única a detonar em teatro operacional duas bombas, uma de urânio sobre Hiroxima e outra de plutónio sobre Nagasáqui, desenvolveu o seu programa desde 1942 - o projeto Manhattan - multiplicando os ensaios até 1954. O primeiro ensaio com sucesso teve lugar a 16 de julho de 1945 no deserto do Novo México. A partir dos anos 60, está envolvido nas negociações do Tratado de Não Proliferação e, nos anos 90, num tratado de interdição de ensaios nucleares. Os EUA possuem um dos maiores arsenais do mundo, cerca de 7700 ogivas, e segundo dados da ICAN, despende mais do que todas as restantes potências nucleares neste tipo de armas. Washington mantém em estado de alerta máximo os vetores de tiro que permitem o disparo de duas mil ogivas no espaço de poucos minutos.

Rússia: o maior arsenal no mundo

A Rússia possui o maior arsenal nuclear no mundo (mais de 8500 ogivas) e prossegue ativamente a sua modernização. A então União Soviética realizou o primeiro ensaio (subterrâneo) de uma bomba de plutónio a 29 de agosto de 1949 no Cazaquistão. Posteriormente, em outubro de 1961, realizam o teste da mais potente bomba nuclear, de hidrogénio, alguma vez detonada. Foi lançada de um Tupolev sobre Novaya Zemlya. Como os EUA, a Rússia mantém em alerta permanente vetores de tiro com condições para transportarem cerca de duas mil ogivas.

China: um pequeno arsenal a necessitar modernização

Potência nuclear desde outubro de 1964, quando realizou o primeiro ensaio, a China possui um arsenal estimado em cerca de 250 ogivas, maioritariamente colocadas em plataformas terrestres e marítimas. Ao contrário dos EUA e Rússia, e também de França e Reino Unido, segundo um estudo do Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Estocolmo (SIPRI) de julho de 2017, a China não mantém os vetores nucleares em alerta máximo, isto é, as ogivas não estão colocadas em mísseis nem em bases com forças operacionais. O estudo do SIPRI estima em 270 as ogivas no arsenal chinês (enquanto a Federação de Cientistas Americanos refere 250) refere ainda que Pequim iniciou um processo de modernização "a longo prazo centrado em melhorias qualitativas".

França e Reino Unido: as outras potências

Ambos os países possuem a maior parte do seu arsenal em plataforma marítimas (submarinas), embora o Reino Unido, que possui cerca de 215 ogivas segundo o SIPRI, esteja a rever o seu programa nuclear. Por seu lado, a França, além dos submarinos, sempre um em patrulha, tem ogivas colocadas em plataformas aéreas. Como os EUA e Rússia, parte do seu arsenal está em alerta máximo; caso francês, 280 ogivas num total de 300; no caso britânico, 120 para o total de 215. O Reino Unido realizou o primeiro teste nuclear em outubro de 1952, nas ilhas de Montebello, ao largo da costa australiana. A França efetuou o primeiro teste em fevereiro de 1960, no deserto do Sara. Posteriormente, prosseguiu com testes no Pacífico Sul até 1996. Em relação com os testes nesta região, os serviços secretos franceses para o exterior (a DGSE) estiveram envolvidos no afundamento, a 10 de julho de 1985, do navio Rainbow Warrior, da Greenpeace, presente na área, para chamar a atenção para os riscos ambientais resultantes das explosões nucleares.

Índia e Paquistão ou o poder nuclear na Ásia do Sul

A Índia torna-se potência nuclear em maio de 1974, ainda que inicialmente tenha declarado tratar-se de um ensaio para fins não militares. Atualmente com cerca de 120 ogivas, segundo o estudo do SIPRI, a Índia desenvolveu de forma clandestina o seu programa nuclear e continua a melhorar e reforçar o respetivo arsenal. Em resposta, a 28 de maio de 1998, é a vez do Paquistão realizar cinco ensaios subterrâneos consecutivos. Hoje, possui 130 a 140 ogivas, segundo o SIPRI, e prossegue um ativo programa de reforço das infraestruturas e do arsenal. Ambos os países, criticados de início por violarem os princípios da não proliferação, acabaram por ser aceites como potências nucleares.

O programa não declarado de Israel

Israel prossegue uma política de ambiguidade declarada sobre a existência de um arsenal próprio. Estimativas da Federação de Cientistas Americanas e do SIPRI colocam o número de ogivas no arsenal israelita na casa das 80.

Coreia do Norte: um novo desafio

O governo de Pyongyang anunciou a 9 de outubro de 2006 a realização com sucesso de um ensaio nuclear subterrâneo, tornando-se o oitavo país no mundo a fazê-lo. A Coreia do Norte, consoante as fontes, teria entre 20 a 60 ogivas. Nos últimos anos O programa norte-coreano tem-se acelerado nos últimos anos, sendo um dos pontos atuais de maior tensão internacional, com Pyongyang a multiplicar os ensaios e o teste de mísseis com condições para o transporte de ogivas.

África do Sul, Síria e Iraque, Irão e Líbia

Enquanto o Irão insiste no direito de desenvolver um programa nuclear pacífico e assinou um acordo nesse sentido em 2015, a Líbia renunciou ao nuclear militar em 2003 e a África do Sul, que prosseguira um programa secreto durante o regime do apartheid (alegadamente em colaboração com Israel), suspende-o e adere ao Tratado de Não Proliferação em 1996. Os programas nucleares do Iraque e da Síria foram neutralizados, respetivamente, em junho de 1981 e outubro de 2007 quando caças israelitas atacaram instalações onde situavam reatores nucleares. O fim do regime de Saddam Hussein e a guerra civil na Síria puseram fim ou comprometeram o seu desenvolvimento.

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