Um ano depois, o PS quase podia dispensar os parceiros

Socialistas estão à beira de uma maioria absoluta. Sem ajuda de PCP e Bloco ultrapassam claramente a soma de PSD e CDS
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Passado um ano desde a cerimónia de posse do governo PS, apoiado à esquerda por Bloco, PCP e Verdes, os socialistas conseguem conquistar 43% das intenções de voto na sondagem do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião (CESOP) da Universidade Católica para DN/JN/RTP/Antena 1.

43% é um valor que, para o PS, significa quase o mesmo que soletrar "maioria absoluta", ou seja, uma vida governativa a sós e sem ajudas negociadas no Parlamento. Comparando com o último estudo, realizado há quase um ano, em dezembro de 2015 - semanas depois da posse de António Costa como primeiro-ministro -, o PS subiu 9 pontos percentuais (pp) e passou de 34% para uns bem mais confortáveis 43%.

O PSD, que há um ano estava coligado com o CDS e perto do sítio onde está agora o PS - a coligação PAF tinha 41% em dezembro do ano passado -, conquista agora 30% dos inquiridos. A liderança de Passos Coelho está assim relativamente próxima de resultados historicamente baixos para os sociais-democratas, como os 29,11% de Manuela Ferreira Leite em 2009, ou os 28,77% de Santana Lopes em 2005 - ano da única maioria absoluta do PS, com José Sócrates.

[destaque:Socialistas sobem 9 pontos percentuais, enquanto centro-direita perde 5 pp desde dezembro de 2015]

O CDS-PP, com a liderança entregue a Assunção Cristas, convence apenas 6% dos inquiridos. Para uma comparação direta com os resultados do último estudo do CESOP, é preciso juntar PSD e CDS, chegar à soma de 30+6=36%, e verificar que o centro-direita perdeu, num ano, 5 pp nas preferências dos inquiridos pela Universidade Católica. Em dezembro de 2015 a PAF convencia 41% dos inquiridos, agora PSD e CDS juntos não passam dos 36%.

A esquerda que suporta o governo socialista na Assembleia da República também não chega em bom estado a este primeiro aniversário do governo. O Bloco de Esquerda mantém o título de terceira força política, mas o facto é que perdeu... força, e muito em relação a dezembro de 2015. No último estudo, os bloquistas atingiam os 11% de intenções de voto, e agora ficam-se pelos 8%, uma quebra de 3 pp. O PCP também perde, mas menos. Os comunistas convencem agora 6% do "eleitorado", estão empatados com o CDS-PP, o que significa uma perda de 1 pp em relação à última sondagem de há um ano.

O PAN, Pessoas - Animais - Natureza, que conquistou um assento na Assembleia da República nas eleições de outubro de 2015, não mexeu um milímetro. Há um ano tinha 2%, agora tem os mesmos 2%.

Este estudo teve trabalho de campo realizado entre 19 e 22 deste mês, na "ressaca" dos dados do INE sobre o crescimento da economia - valores que surpreenderam governo e oposição -, e em pleno debate do Orçamento do Estado na especialidade. Analisando os resultados, é relativamente claro que os 43% do Partido Socialista são construídos sobre perdas à direita e à esquerda, sendo a grande quebra - 5 pp - do centro-direita.

Outro dado relevante deste estudo é o elevado número de indecisos, inquiridos que dizem não saber em quem votariam se estivessem dentro de uma cabina de voto. Ora, a Universidade Católica assume que esse elevado número de indecisos, relativamente natural quando se trata de estudos em alturas sem eleições no horizonte, é um fator que pode prejudicar a estimativa de resultados eleitorais, ou seja a projeção de resultados feita com base nos resultados "em bruto" ou na "intenção direta de voto".

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