Em 2009, na ressaca da violência étnica entre uigures e han e que se saldou em dezenas de mortos, o então primeiro-ministro da Turquia Recep Tayyip Erdogan classificou os incidentes de "genocídio". Dez anos depois, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros turco declarou que "a política de assimilação das autoridades chinesas face aos turcos uigures é uma vergonha para a humanidade". Erdogan, agora presidente, e ontem como hoje sem papas na língua, ao visitar a China meses depois da declaração do porta-voz diplomático, não se referiu de forma crítica à questão uigure. Pelo contrário: segundo a agência noticiosa Xinhua, o líder turco terá afirmado que as várias etnias vivem alegremente na região autónoma de Xinjiang..China diz que detidos em Xinjiang estão "formados" e "vivem felizes".Um novo capítulo foi aberto no sábado com a ratificação, por parte do comité permanente da Assembleia Nacional Popular, do tratado sino-turco de extradição. Assinado em 2017, o acordo necessita ainda da aprovação parlamentar de Ancara para entrar em vigor. O tratado prevê que cada Estado pode contestar o pedido de extradição do outro nos casos em que esteja em causa um cidadão da sua nacionalidade, de ter direito de asilo ou de estar relacionado com um "crime político". No entanto, segundo o grupo de direitos humanos Nordic Monitor, o texto tem cláusulas ambíguas.."Este tratado de extradição vai causar preocupação entre os uigures que fugiram da China e ainda não têm cidadania turca", disse à AFP Dilxat Raxit, porta-voz do Congresso Mundial dos Uigures, associação de exilados sediada na Alemanha. Nos últimos meses foi notícia no The Telegraph a prisão ou deportação de uigures na Turquia para países terceiros, e que depois acabam na China. Ahmet Davutoglu, antigo aliado e agora opositor de Erdogan, reconheceu em julho esta prática..O que mudou em Ancara? Em tensão com a União Europeia e os Estados Unidos, a China representa um parceiro económico de milhares de milhões, quer dos acordos económicos assinados em 2010 quer dos investimentos prometidos no programa de infraestruturas Uma Faixa, uma Rota..CitaçãocitacaoPequim diz que os relatos de mais de um milhão de uigures em campos de reeducação são a "mentira do século" fabricada pelos EUA.Estima-se que hoje vivam uns 45 mil uigures na Turquia, dez mil dos quais refugiados, parte chegada nos últimos anos. A Turquia partilha com os uigures cultura, religião e língua e na década de 50 do século passado recebeu refugiados oriundos da província chinesa de Xinjiang, onde antes existiu a República do Turquestão (primeiro independente, depois controlada pela União Soviética). Em Xinjiang vive mais de 90% desta etnia. A China é acusada pelos Estados Unidos e por grupos de defesa dos direitos humanos de perseguir aquela minoria e de ter mais de um milhão de uigures em "campos de reeducação". Ao canadiano The Globe and Mail, antigos detidos explicam que aos suspeitos de extremismo e separatismo as autoridades obrigam-nos à detenção em "centros de educação de competências profissionais", nos quais têm de renunciar ao islão..Pequim nega todas as acusações e ainda na segunda-feira o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros comentou os relatos sobre a minoria uigure como a "mentira do século" fabricada por Washington.
Em 2009, na ressaca da violência étnica entre uigures e han e que se saldou em dezenas de mortos, o então primeiro-ministro da Turquia Recep Tayyip Erdogan classificou os incidentes de "genocídio". Dez anos depois, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros turco declarou que "a política de assimilação das autoridades chinesas face aos turcos uigures é uma vergonha para a humanidade". Erdogan, agora presidente, e ontem como hoje sem papas na língua, ao visitar a China meses depois da declaração do porta-voz diplomático, não se referiu de forma crítica à questão uigure. Pelo contrário: segundo a agência noticiosa Xinhua, o líder turco terá afirmado que as várias etnias vivem alegremente na região autónoma de Xinjiang..China diz que detidos em Xinjiang estão "formados" e "vivem felizes".Um novo capítulo foi aberto no sábado com a ratificação, por parte do comité permanente da Assembleia Nacional Popular, do tratado sino-turco de extradição. Assinado em 2017, o acordo necessita ainda da aprovação parlamentar de Ancara para entrar em vigor. O tratado prevê que cada Estado pode contestar o pedido de extradição do outro nos casos em que esteja em causa um cidadão da sua nacionalidade, de ter direito de asilo ou de estar relacionado com um "crime político". No entanto, segundo o grupo de direitos humanos Nordic Monitor, o texto tem cláusulas ambíguas.."Este tratado de extradição vai causar preocupação entre os uigures que fugiram da China e ainda não têm cidadania turca", disse à AFP Dilxat Raxit, porta-voz do Congresso Mundial dos Uigures, associação de exilados sediada na Alemanha. Nos últimos meses foi notícia no The Telegraph a prisão ou deportação de uigures na Turquia para países terceiros, e que depois acabam na China. Ahmet Davutoglu, antigo aliado e agora opositor de Erdogan, reconheceu em julho esta prática..O que mudou em Ancara? Em tensão com a União Europeia e os Estados Unidos, a China representa um parceiro económico de milhares de milhões, quer dos acordos económicos assinados em 2010 quer dos investimentos prometidos no programa de infraestruturas Uma Faixa, uma Rota..CitaçãocitacaoPequim diz que os relatos de mais de um milhão de uigures em campos de reeducação são a "mentira do século" fabricada pelos EUA.Estima-se que hoje vivam uns 45 mil uigures na Turquia, dez mil dos quais refugiados, parte chegada nos últimos anos. A Turquia partilha com os uigures cultura, religião e língua e na década de 50 do século passado recebeu refugiados oriundos da província chinesa de Xinjiang, onde antes existiu a República do Turquestão (primeiro independente, depois controlada pela União Soviética). Em Xinjiang vive mais de 90% desta etnia. A China é acusada pelos Estados Unidos e por grupos de defesa dos direitos humanos de perseguir aquela minoria e de ter mais de um milhão de uigures em "campos de reeducação". Ao canadiano The Globe and Mail, antigos detidos explicam que aos suspeitos de extremismo e separatismo as autoridades obrigam-nos à detenção em "centros de educação de competências profissionais", nos quais têm de renunciar ao islão..Pequim nega todas as acusações e ainda na segunda-feira o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros comentou os relatos sobre a minoria uigure como a "mentira do século" fabricada por Washington.