Ocidente vai adotar sanções contra a Rússia na tarde desta terça-feira. Kremlin desvaloriza
Os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia vão esta terça-feira à tarde adotar sanções contra a Rússia, depois de Vladimir Putin reconhecer a independência das regiões separatistas do leste da Ucrânia e de anunciar o envio de tropas para essas regiões numa operação de "manutenção de paz", anunciou o chefe da diplomacia europeia, Joseph Borrell.
"É claro que a nossa resposta será na forma de sanções, cuja extensão os ministros decidirão... Tenho a certeza de que haverá uma decisão unânime" necessária para as medidas, disse Borrell aos jornalistas em Paris.
O texto das possíveis medidas está a ser preparado durante a manhã desta terça-feira, enquanto os ministros participam num fórum com nações do Indo-Pacífico na capital francesa, e que a decisão virá a publico "esta tarde" numa região de emergência à margem do fórum em Paris.
Nesta terça-feira, também Estados Unidos e Reino Unido deverão anunciar as sanções à Rússia.
"Planeamos anunciar novas sanções à Rússia amanhã [terça-feira] em resposta às decisões e ações que Moscovo tomou hoje [segunda-feira]. Estamos a coordenar o anúncio das sanções com nossos aliados e parceiros", declarou um porta-voz da Casa Branca nesta segunda-feira. No entanto, Washington já proibiu os norte-americanos de realizarem quaisquer transações financeiras com os territórios separatistas no leste da Ucrânia.
Já o primeiro-ministro britânico Boris Johnson prometeu um "muito robusto pacote de sanções" devido à "flagrante violação de soberania e de integridade territorial da Ucrânia". "Há muito mais que faremos no caso de uma invasão. Não há dúvidas de que, se as empresas russas ficarem impedidas de levantar capital nos mercados financeiros do Reino Unido, se desvendarmos a fachada de propriedade russa de empresas, isso começará a doer", ameaçou o governante, que disse que pode ter de ir mais longe, dada a expectativa de "mais comportamento irracional russo" que pode acontecer, uma vez que "tudo aponta para que o presidente Putin esteja realmente empenhado numa invasão em larga escala à Ucrânia", um movimento que, no entender de Boris Johnson, seria "absolutamente catastrófico".
A Rússia já reagiu a estas ameaças de sanções, através do seu ministro dos negócios estrangeiros, Sergei Lavrov, que descreveu as ações do Ocidente como previsíveis. "Os nosso colegas europeus, americanos e britânicos não vão parar e não se vão acalmar até que tenham esgotado todas as suas possibilidades para a chamada punição da Rússia. Já nos estão a ameaçar com todo o tipo de sanções ou, como dizem agora, a mãe de todas as sanções. Bem, já estamos habituados. Sabemos que as sanções serão impostas de qualquer maneira, em qualquer caso, com ou sem motivo", desvalorizou o governante.
Entretanto, o ministro da Saúde do Reino Unido, Sajid Javid, diz que o presidente russo decidiu atacar a soberania da Ucrânia e acredita que uma invasão já começou, adianta a Reuters.
"Estamos a acordar para um dia muito sombrio na Europa e fica claro que já vimos e descobrimos hoje que os russos decidiram atacar a Ucrânia e a sua integridade territorial", afirmou. "Vimos que Putin reconheceu essas regiões separatistas do leste da Ucrânia e já podemos dizer que ele enviou tanques e tropas para lá. A partir daí, podemos concluir que a invasão da Ucrânia já começou", disse à Sky News.
Na segunda-feira, o Presidente russo, Vladimir Putin, ordenou a mobilização do exército para a "manutenção da paz" nos territórios separatistas pró-russos no leste da Ucrânia, que reconheceu como independentes.
Putin assinou dois decretos que pedem ao Ministério da Defesa russo que "as Forças Armadas da Rússia [assumam] as funções de manutenção da paz no território" das "repúblicas populares" de Donetsk e Lugansk, de acordo com a agência de notícias France-Presse.
O anúncio de Putin gerou, de forma imediata, uma onda de condenações da parte dos principais atores internacionais implicados na crise da Ucrânia e que apoiam Kiev, nomeadamente os Estados Unidos, a NATO e a EU, assim como da Austrália, Canadá e Japão.
Nos últimos dias, o clima de tensão agravou-se ainda mais perante o aumento dos confrontos entre o exército da Ucrânia e os separatistas pró-russos no leste do país, na região do Donbass, onde a guerra entre estas duas fações se prolonga desde 2014.