Zelensky: "Crimes de guerra russos em Mariupol ficarão na história"

O presidente da Ucrânia fala em "terror" contra "uma cidade pacífica" e volta dar sinais de abertura ao diálogo: "Continuamos a procurar a paz."
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O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse este domingo que o cerco russo de Mariupol "ficará na história (...) por crimes de guerra", mas disse que "é necessário" continuar as negociações com Moscovo.

"Fazer o que os invasores fizeram com uma cidade pacífica é um terror que será lembrado em séculos vindouros" e "quanto mais a Rússia usar o terror contra a Ucrânia, piores serão as consequências", afirmou Zelensky.

Num vídeo divulgado esta madrugada na página oficial da Presidência ucraniana na Internet, o governante adiantou que mais de 4000 moradores de Mariupol conseguiram partir para Zaporijia no sábado.

Oito corredores humanitários operaram no sábado, de acordo com Zelensky, e um total de 6.623 pessoas foram resgatadas de Mariupol.

O líder ucraniano disse, no entanto, que não foi possível retirar os habitantes de Borodyanka, na região de Kiev, devido aos bombardeamentos russos.

"Infelizmente, não foi possível entregar ajuda humanitária às cidades da região de Kherson", acrescentou.

Zelensky disse que as negociações com a Rússia não são "nem simples nem agradáveis, mas são necessárias".

O Presidente ucraniano disse ter discutido o ponto atual das conversações com o Kremlin numa conversa com o homólogo francês, Emmanuel Macron, no sábado.

"A Ucrânia sempre procurou uma solução pacífica. Além disso, continuamos a procurar a paz", garantiu Zelensky.

O Presidente ucraniano indicou que, em algumas regiões do país, as forças militares da Rússia já não estão a recolher os corpos dos soldados russos que perderam a vida.

"Em sítios onde houve batalhas especialmente ferozes, os corpos de soldados russos estão simplesmente a empilhar-se ao longo de nossa linha de defesa. E ninguém está a recolher esses corpos", disse.

Zelensky mencionou o que chamou de "uma batalha" perto de Chornobayivka, no sul, onde as forças ucranianas mantiveram suas posições, apesar dos russos terem lançado seis ataques e continuarem a "enviar os seus para um massacre".

Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 847 mortos e 1.399 feridos entre a população civil, incluindo mais de 140 crianças, e provocou a fuga de cerca de 5,2 milhões de pessoas, entre as quais mais de 3,3 milhões para os países vizinhos, indicam os mais recentes dados da ONU.

Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, anunciou também a suspensão da atividade de vários partidos políticos com ligações à Rússia, numa altura em que está em vigor na Ucrânia a lei marcial.

Zelensky decidiu suspender a atividade de partidos como o Bloco de Oposição, a Oposição de Esquerda, a União das Forças de Esquerda e o Partido Socialista Progressista da Ucrânia.

"Dada a guerra em larga escala travada pela Federação Russa e as ligações de algumas estruturas políticas com este Estado, toda e qualquer atividade de vários partidos políticos é suspensa durante a lei marcial", disse o Presidente ucraniano.

O Ministério da Justiça é instruído a "tomar imediatamente medidas abrangentes para proibir as atividades desses partidos políticos da maneira prescrita", acrescentou Zelensky.

"Agora todos devem cuidar dos interesses do nosso Estado", disse o Presidente ucraniano.

"Quero lembrar a todos os políticos em qualquer campo: o tempo de guerra mostra muito bem a pequenez das ambições pessoais daqueles que tentam colocar as suas próprias ambições, o seu próprio partido ou carreira acima dos interesses do Estado, dos interesses do povo", disse Zelensky.

Qualquer atividade de políticos "com o objetivo de dividir ou colaborar [com a Rússia] não terá sucesso. Mas terá uma resposta", alertou o líder ucraniano.

A lei marcial foi imposta a 24 de fevereiro, dia em que a Rússia lançou uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 847 mortos e 1.399 feridos entre a população civil, incluindo mais de 140 crianças, e provocou a fuga de cerca de 5,2 milhões de pessoas, entre as quais mais de 3,3 milhões para os países vizinhos, indicam os mais recentes dados da ONU.

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