Ucrânia regressa à Eurovisão com tema polémico sobre a opressão da Rússia
Ausente da competição na edição de 2015, a Ucrânia regressa agora com um tema que conta a história das deportações em massa dos tártaros da Crimeia em 1944 por Estaline.
Jamaladinova, de 32 anos, é ela própria uma tártara da Crimeia e irá interpretar o tema no dialeto desta etnia.
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Sobre a mensagem da canção, Jamaladinova disse ao The Guardian que o importante "é lembrar e conhecer esta história" das deportações. "Quando sabemos, evitamos" que volte a acontecer, acrescentou.
Jamala (nome artístico que usa) está familiarizada com as deportações. Foi a artista quem escreveu a letra da música, inspirada na história da bisavó, que foi deportada com os seus cinco filhos:"Esta música é sobre a minha família. É difícil para mim cantá-la"
Em 1944 cerca de 240 mil tártaros da Crimeia foram deportados por Estaline para a Ásia central e partes remotas da União Soviética.
O antigo líder da ex-URSS acusou os membros deste grupo étnico de colaborarem com as forças nazis que ocupavam a Crimeia.
Entre 20% e 50% dos deportados morreram nos dois primeiros anos de exílio.
A canção surge também no contexto do conflito geopolítico entre a Rússia e a Ucrânia.
Com a anexação da Crimeia em 2014 e toda a tensão política entre os países, um porta-voz do concurso disse, ainda ao The Guardian, que a canção requer a aprovação da União Europeia de Radiodifusão até ao dia 14 de março para poder ser interpretada no festival da Eurovisão.
"Não são permitidas canções com mensagens políticas ou com fins comerciais", disse o porta-voz.
A edição deste ano do festival da Eurovisão terá lugar em Estocolmo, na Suécia, a 14 de maio. Caso a organização considere que o tema quebra as regras do concurso, a Ucrânia terá a possibilidade de alterar a letra da canção.
Em 2009 a Geórgia tentou levar ao concurso um tema crítico do atual presidente russo Vladimir Putin, mas foi desqualificada por se ter recusado a alterar a letra da canção.